21.10.11

Sobre ministros, partidos políticos e incongruências da democracia


E eis que, depois de quase um mês, estou de volta. Estou em férias do meu trabalho, que se encerram no começo do mês que vem, e busco aproveitar ao máximo o que a vida está a me oferecer no momento (ou seja, descansando ao máximo, já que a rotina foi bem puxada, é preciso admitir). Durante esse tempo, evidentemente, vários fatos dignos de nota por aqui ocorreram, e é preciso ordenar as coisas para ficar com elas em dia.

Entre esses fatos, as cabeludas acusações de corrupção contra o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., e ONGs ligadas ao ministério e também ao partido do ministro, o PCdoB. Não bastassem os problemas ligados ao governo federal em relação à tão criticada organização da Copa do Mundo de 2014, agora vêm essas acusações a piorar as coisas. Mas a questão nem é essa. Há muito tempo eu pergunto (e me espanto que isso raramente seja questionado) por que a democracia latino-americana em geral, e a brasileira em particular, aceita a existência de um partido comunista, mesmo que seja apenas de nome. Afinal, ele faz referência a uma ideologia oriunda de movimentos de esquerda, responsável por alguns dos maiores genocídios do século passado. O nazismo também foi assim e é merecidamente execrado até hoje. Porém, não vejo o comunismo ter o mesmo destino, inexplicavelmente.

Na Europa, muitos sofreram com o comunismo e, por isso, as agremiações ultraesquerdistas são geralmente malvistas. Porém, muitos latino-americanos parecem parados nos anos 1960 e ainda nutrem admiração por Cuba - alguns deles, por sinal, estão no governo brasileiro. Tanto no mundo real quanto no virtual, vejo muitos cidadãos chocados com o fato de um partido com a trajetória do PCdoB estar envolvido em casos como esse. Na minha visão, o "Outro Partidão" (o original é o PCB, felizmente apenas uma sigla irrelevante) está apenas mostrando sua verdadeira cara - a de um partido como outro qualquer, só que com a máscara arrancada de forma vexatória, diante da opinião pública.

Voltando ao assunto: mesmo que tais acusações não sejam provadas - as tais provas ainda não surgiram - é inquestionável que o ministro deverá sair desgastado do episódio (isso se não for demitido ainda nesta sexta-feira). Ao contrário do seu partido, que a presidente Dilma Rousseff (sua parceira desde a época do regime militar, quando queria implantar ditadura à cubana com o pretexto de combater os ditadores de então) quer ver continuar no governo, ao assegurar que continuará com a pasta. Espera-se, portanto, que o próximo ministro do Esporte seja menos incompetente que o atual. E que, principalmente, roube bem menos.