29.9.08

ESSA COISA AINDA VAI FEDER...

Foi anunciada uma parceria entre Venezuela e Rússia para a construção de um reator nuclear no país sul-americano. Segundo as duas partes, a energia é para fins pacíficos.

Não sei por quê, mas tenho a ligeira impressão que já vi este filme antes. Vale lembrar que o Irã faz o mesmo, e seu presidente tem o estilão brucutu de Hugo Chavez. Se Chavez já é assim, imagine com energia nuclear - mesmo que "pacífica" - à disposição...

28.9.08

FALTA UMA SEMANA, E NADA SE DEFINE

Neste domingo, faltam exatos sete dias para o primeiro turno das eleições municipais. Nas duas maiores cidades do Brasil, é certo que haverá segundo turno e que um candidato está definido (o peemedebista Eduardo Paes no Rio, a petista Marta Suplicy em São Paulo). Mas o que anda tirando o sono de muita gente nos dois lados da Ponte Aérea é a renhida disputa pela outra vaga na grande decisão eleitoral, em cada uma das duas metrópoles.

No Rio, como venho escrevendo aqui já faz algum tempo, Eduardo Paes está praticamente garantido no segundo turno, em 26 de outubro, aguardando de camarote seu adversário. As pesquisas de opinião apontam um empate técnico entre Marcelo Crivella (PRB), Fernando Gabeira (PV) e Jandira Feghali (PCdoB). A indefinição já é grande, e a discrepância entre os números do IBOPE (que aponta empate técnico entre Paes e Crivella, que estaria 14 pontos à frente de Gabeira) e do Datafolha (que afirma que Gabeira está tecnicamente empatado com Jandira e Crivella, que por sua vez estaria longe de Paes) contribui para que ela fique ainda maior. Continuo com meu aviso: ainda poderemos ter surpresas nesta reta final de campanha. A candidatura de Gabeira é a que mais está crescendo, enquanto vejo Crivella e Jandira apenas estáveis. O senador e o deputado federal, até este momento, fazem campanhas construtivas, ou seja, sem atacar ninguém. Como a tendência de Feghali, considerando-se seu histórico de metralhadora giratória, é de atirar para todos os lados...

Em São Paulo, a ex-prefeita Marta Suplicy segue isolada na ponta e está quase no segundo turno, mas poderá ter problemas lá. Isso porque a outra vaga está sendo muito disputada entre o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM). Mesmo com o recente ataque de pelanca de Alckmin contra Kassab, quem conseguir mais votos entre os dois certamente será o favorito contra Marta. E é o mais provável que o atual ocupante do cargo leve a melhor, por ter um mandato bem avaliado, e também devido a sua tendência a subir. Ou seja, pode ser que Alckmin, dois anos depois de perder a eleição presidencial para Lula, amargue mais um fracasso eleitoral, que poderá queimá-lo para sempre.

22.9.08

LULA, O DIVINO

"Deus já assumiu publicamente que é brasileiro. Ele, na Sua onipotência, olha para o mundo inteiro. Mas eu acho que Ele pensou: 'Agora Eu vou ser um pouquinho brasileiro, já que esse Lula está aí."

Lula, durante um discurso realizado num comício de apoio à candidatura de Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, no último sábado. Pelo visto, o presidente será mais adorado que Chuck Norris, Obina, Eto'o e o próprio Deus juntos.

20.9.08

FATOS ELEITORAIS

A campanha eleitoral, como já escrevi aqui, é cheia de momentos peculiares, para não dizer hilariantes (a grande maioria deles, como sabem, oriundas do horário eleitoral - e olha que não estou falando das figuraças que querem se eleger a qualquer custo e costumam render excelentes momentos no YouTube). Aqui no Rio, por exemplo, há muitos deles.

Como, por exemplo, a guerra que o candidato do PDT à prefeitura do Rio, Paulo Ramos (que, pelo visto, entende bem do assunto e tem em quem se espelhar: pra quem não se lembra - eu, por exemplo, nem me lembrava disso - ele foi o deputado estadual que deu a medalha Tiradentes ao presidente venezuelano, Hugo Chavez, em janeiro do ano passado), parece ter declarado à imprensa, e às Organizações Globo em particular (pelo que parece, o deputado está louco para suprir a ausência de Leonel Brizola). Nesta semana, escrevi aqui que ele se recusa a aceitar os termos das emissoras de TV para realizações de debates no primeiro turno. Ou seja: assim como sua adversária Jandira Feghali (PCdoB), Ramos quer um "debate para todos", literalmente - todos os 12 candidatos, inclusive os dos PCOs e PCBs da vida. Pelo visto, só assim ele participa de um debate, visto que o PDT, hoje, não consegue de jeito nenhum ficar entre os primeiros na cidade do Rio. E haja paciência do eleitorado pra aturar um debate desses.

Uma coisa que percebi no programa eleitoral para vereador, aqui no Rio, foi a maciça aparição dos chamados "puxadores de legenda". Os candidatos mais fortes de cada minicoligação (aqueles que lançam candidatos para o Legislativo; quando juntos, apóiam um mesmo candidato de um cargo do Executivo) costumam aparecer duas ou mesmo três vezes, de forma alternada, no mesmo programa! Eu sei que é importante, para os partidos, lançar o seu candidato mais forte para que ele tenha mais chance de ganhar mais votos e eleger mais companheiros de partido. Mas que eles estão exagerando, estão...

Falando em exagero, encontrei pelas cidades da Região Metropolitana fluminense um candidato altamente improvável, que fracassou por onde passou e, pelo visto, tem tudo para fracassar de novo. Trata-se de Wagner "Halloween é o cacete" Vasconcelos, o Wagner do MV-Brasil (pra quem é de fora do Rio e não conhece a figura direito, leia este texto aqui para ter uma ligeira idéia). Uma amostra de sua trajetória político-eleitoral: em 2004, candidatou-se a vereador, na cidade do Rio de Janeiro, pelo PDT - e perdeu. Em 2006, candidatou-se a deputado federal pelo extinto PRONA - e perdeu de novo. Agora, neste ano de 2008, candidata-se novamente ao cargo de vereador, desta vez pelo PMN (pelo visto, fidelidade partidária não é muito o seu forte). Até aí, nada demais. O detalhe é que ele está se candidatando em... São Gonçalo!!! Um santinho de sua candidatura dá bem a mostra do que virá se ele conseguir ser eleito - basta ver quem o apóia. É a mostra definitiva da frase "Diga-me com quem você anda, que eu lhe direi quem é".

Mas, pelo menos, voltando à capital, há uma boa notícia. Ao contrário do que já tinha escrito aqui antes, o segundo turno entre Eduardo Paes (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB) não está tão certo. Claro, continuo bancando a ida de Paes ao segundo turno. Mas Crivella, considerando-se as últimas pesquisas, está em queda livre, apesar do apoio velado do presidente Lula. Faltam duas semanas para as eleições, e a segunda vaga ainda está em aberto. Por mais que Jandira Feghali (PCdoB) esteja de olho, acredito que há grandes chances de Fernando Gabeira (PV) tascar esta vaga. A campanha do deputado federal é discreta, mas elegante, coerente e, afirmo, bem consistente. Um segundo turno entre Paes e Gabeira seria, para mim, o ideal para garantir um bom nível de campanha. Mas isso será decidido pelos eleitores cariocas, no dia 5 de outubro.

19.9.08

EM TERRA DE CEGO...


  • Filme: Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness, Brasil/Canadá/Japão, 2008)
  • Direção: Fernando Meirelles
  • Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Danny Glover, Alice Braga, Yusuke Iseya, Sandra Oh

Uma estranha epidemia de "cegueira branca" que acomete uma cidade não-identificada é o enredo principal do mais novo filme do mais bem-sucedido diretor brasileiro dos últimos anos. Mas os seus desdobramentos mostram o quanto sórdido pode ser o homem, quando pensa ser o superior dentre todos os que estão por baixo, mal sabendo que alguém pode fazer a diferença.

Apenas uma pessoa consegue ficar de fora dessa epidemia, sendo imune à doença. Mesmo assim, ela se iguala às demais, sofrendo tudo o que os outros sofrem. Um nobre exemplo de altruísmo presente na produção, adaptada do livro homônimo de José Saramago. Esqueçam quaisquer pinimbas ideológicas que possam ser interpretadas pelo espectador, conhecendo o histórico do autor do livro, e curtam o momento que lhes é oferecido por Meirelles.

Pra quem não leu o livro, como este que vos escreve, uma boa oportunidade para conhecer a obra. Quem leu deve ter curtido a adaptação, sem muitas restrições. O próprio Saramago afirmou que o filme reproduz dignamente o que está escrito no livro. Portanto, não há muito o que discutir...

17.9.08

RECLAME COM O PAULO RAMOS, UÉ!



Nos mais recentes programas do Horário Eleitoral Gratuito no Rio de Janeiro, a candidata Jandira Feghali (PCdoB) queixou-se de que não havia debates entre os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro, enquanto todas as outras capitais já os tinham realizado. Segundo ela, o debate é a melhor maneira de conhecer cada um dos candidatos e as suas propostas (no que concordo). Ela desafiou os concorrentes e as emissoras de TV a realizar um debate público - "é só marcar a hora e o local", diz.

Pessoalmente, eu também gostaria que houvesse debates entre os candidatos à prefeitura do Rio - embora dois candidatos tenham se distanciado um pouco nas pesquisas, o panorama ainda é de certo equilíbrio entre eles e os demais, o que já era esperado. Dois debates já foram cancelados, e o terceiro deverá seguir o mesmo caminho. Ou seja: debate no Rio, só se houver segundo turno. Mas por que será que os debates cariocas não estão sendo realizados? A resposta é simples: um certo piti que o PDT está dando.

Muitos cariocas certamente nunca ouviram falar do deputado estadual Paulo Ramos. Mas muitos têm ciência de que seu partido, o PDT, anda decadente na cidade do Rio de Janeiro, sua grande base político-eleitoral até bem pouco tempo atrás. Pra falar a verdade, o PDT está morto no Rio, e não é de hoje. Afinal, anos de (des)governos estaduais (quem sofreu com Leonel Brizola e Anthony Garotinho ocupando o Palácio Guanabara sabe muito bem do que estou falando) não passaram impunes para o eleitorado carioca. Tanto que o PDT não consegue nada na capital fluminense há 16 anos, desde que Cidinha Campos ficou, nos últimos dias, de fora do segundo turno das eleições municipais (perdendo para Benedita da Silva, do PT, e Cesar Maia, do PMDB - que seria eleito -, em 1992). Em 1996, Miro Teixeira acabou em quarto lugar. Em 2000, o ex-governador Brizola também foi o quarto colocado. Em 2004, Nilo Batista acabou em sexto. Só não digo que este sexto lugar de quatro anos atrás foi o auge do debacle pedetista porque tenho certeza de que ele está por vir agora, com Paulo Ramos. Mas, mesmo assim, o PDT não perde a pose.

Acontece que o partido, e seu candidato Paulo Ramos, não admitem de forma alguma que não têm a menor chance de serem eleitos. A Lei Eleitoral obriga que, para promoverem debates entre os candidatos de qualquer cargo no Executivo, as emissoras de TV contem com a concordância de todos os candidatos. No Rio, apenas Paulo Ramos não assinou. Por um simples motivo: as emissoras (no que têm todo o direito, visto que ninguém agüentaria um debate com doze candidatos) querem um limite de postulantes ao cargo no debate, com os cinco ou seis mais cotados em pesquisas de opinião - o que o PDT não aceita.

Muitos podem argumentar que o PDT age com coerência no caso, visto que sempre combateu os institutos de pesquisa desde que Brizola estava vivo. Mas, sinceramente, duvido muito que, se Ramos estivesse bem cotado para ficar pelo menos entre os cinco primeiros, o partido não assinaria. O fato é esse: os pedetistas querem botar a culpa da própria incompetência em outros aspectos, o que sempre fizeram.

Um conselho a Jandira Feghali: quer um debate ainda no primeiro turno? Reclame com o Paulo Ramos, ué.

13.9.08

PAX VENEZUELANA




Mais uma crise atinge a Bolívia (desta vez, uma rebelião entre o governo e as regiões mais ricas do país que clamam por maior autonomia, causadora de violentos conflitos entre partidários do governo e da oposição, o que deixa o país às portas de uma guerra civil), e o Brasil, mais uma vez, deverá pagar o pato por causa do gás boliviano. Pra variar, porém, a velha paranóia bolivariana acerca dos Estados Unidos voltou à tona.

Acusando os norte-americanos de incitarem o caos na Bolívia, os presidentes Evo Morales e Hugo Chavez expulsaram de seus países os embaixadores dos Estados Unidos - que pagariam na mesma moeda mais tarde, convidando a se retirar de Washington os embaixadores de Bolívia e Venezuela. De todo modo, isso mostra o quanto o presidente venezuelano - que é o grande aliado de Morales, a quem apoiou de forma ostensiva na campanha presidencial - anda vendo fantasmas ultimamente.

Como sempre, ele culpa os outros pela própria incompetência - e o faz de forma hipócrita. Chavez planeja intervir militarmente na Bolívia caso Morales seja derrubado - o que foi rechaçado pelos próprios bolivianos. Isso confirma as intenções chavistas de dominar a América do Sul através de seu famigerado plano bolivariano.

Essa situação toda chama a uma reflexão e nos impõe uma pergunta, digamos, um tanto indecente. Neste ano, como sabemos, haverá eleições presidenciais nos Estados Unidos. Dez entre dez simpatizantes da esquerda em todo o mundo, apesar de não terem relação alguma com o processo eleitoral norte-americano, apóiam a candidatura do democrata Barack Obama contra o republicano John McCain, o candidato da situação. A questão é a seguinte: se Obama for eleito, será que Chavez ficará "calminho" em relação à Casa Branca? Ou continuará despertando seus instintos primitivos só de pensar em uma bandeira azul, vermelha e branca, cheia de listras e estrelinhas?

11.9.08

QUANDO BONO LHE ESTENDE A MÃO


  • Filme: U2 3D (U2 3D, Estados Unidos/Grã-Bretanha, 2008)
  • Direção: Catherine Owens e Mark Pellington

O documentário tridimensional que reproduz a passagem pela América Latina da mais recente turnê da banda irlandesa U2, há pouco mais de dois anos e meio (leia aqui) é, com perdão do trocadilho, um espetáculo. Serve para recordar os grandes momentos do show e, de quebra, aproveitar as maravilhas do 3D no cinema, algo inexistente no Brasil até bem pouco tempo atrás.

O filme dá prioridade ao espetáculo realizado no Monumental de Núñez, em Buenos Aires (embora haja algumas imagens do público no Morumbi e no Nacional de Santiago). Em alguns momentos, o espectador do filme se sente no meio do público - o som ajuda bastante, diga-se - e fica com vontade de pegar o microfone ou de "cumprimentar" o vocalista Bono, que em determinado momento estende sua mão em direção à câmera. Há apenas imagens do espetáculo, não de bastidores, o que não enriqueceu ainda mais a produção - mas mesmo assim o filme vale a pena por documentar uma das melhores turnês musicais da década, de uma forma que poucos tinham visto antes.

10.9.08

ALGUÉM DUVIDA?

Está na imprensa: Marcelo Crivella (PRB) espera apoio de Jandira Feghali (PCdoB) no segundo turno das eleições para prefeito do Rio.

Algo perfeitamente previsível, considerando-se que os partidos dos dois candidatos não só fazem parte da base de apoio do governo Lula como são fundamentais nela. Espera-se também que Crivella receba o apoio do petista Alessandro Molon. Como é quase certo que o segundo turno será entre o senador e o candidato Eduardo Paes (PMDB), Crivella certamente está procurando quem possa apoiá-lo e ajudá-lo a superar a forte rejeição que o acompanha desde sempre.

Dizem que o DEM de Solange Amaral e do prefeito Cesar Maia também apoiará Crivella no segundo turno - afinal, o atual prefeito pretende se candidatar ao Senado em 2010, e o mandato do senador do PRB termina neste período. Ou seja, caso não se eleja prefeito, Crivella deverá tentar a reeleição no Senado daqui a dois anos. Apoiando estrategicamente o candidato do PRB no segundo turno, Maia buscará ter um adversário a menos.

Este segundo turno promete ser um repeteco do mesmo período das eleições para governador em 2006: verdadeiros balaios de gatos apoiando um candidato, no caso, o atual governador Sérgio Cabral Filho. Será que Cabral (que apóia Paes) provará do mesmo veneno neste ano?

6.9.08

O MAIS TOSCO PROGRAMA ELEITORAL DO BRASIL

Desde 1996, pelo menos aqui no estado do Rio, cada emissora aberta exibe um horário eleitoral de cada cidade. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, as emissoras de TV transmitem cada cidade de acordo com a audiência - a Globo exibe o horário do Rio de Janeiro; a Record, o de São Gonçalo; o SBT, o de Duque de Caxias; a Bandeirantes, o de Nova Iguaçu; a RedeTV!, o de Niterói; a TV Brasil, o de São João de Meriti; e a CNT, o de Belford Roxo. E é exatamente sobre este último que eu gostaria de escrever.

Sei que a intenção não é esta, mas cada programa parece acompanhar a qualidade de transmissão de cada emissora - ou seja, quanto mais simples é a TV, mais tosco é o programa eleitoral. Isso certamente é seguido à risca pela briosa (o que não quer dizer muita coisa) CNT, que transmite o simplório (bondade minha, mas vai assim mesmo) horário eleitoral gratuito belforroxense.

Olha, se existe um programa eleitoral que queira ser, digamos, simples demais, terá certamente que superar as parcas condições do da cidade da Baixada Fluminense. Tudo é tão pavoroso (com direito a jingles gravados na esquina e cenários de fundo de quintal, com direito a candidatos quase berrando ao pedir voto por não terem um mísero microfone à disposição, e caracteres do estilo "o primeiro VHS a gente nunca esquece", além de legendas que simplesmente ignoram quaisquer regras de pontuação) que a única vontade que tenho quando o assisto é de dar ataques de riso. Isso tudo é sistematicamente piorado pela qualidade de som e imagem da CNT, que também dispensa comentários. Pra vocês terem uma idéia do que estou dizendo, o programa mais bem elaborado é o do nanico PSTU - e mesmo assim porque ele é gravado no mesmo estúdio onde são gravados os das cidades vizinhas. Se dependesse da qualidade do programa, a candidata do partido de extrema-esquerda - que atende pela alcunha de Professora Zezé - seria eleita no primeiro turno.

Mas tem mais. Foi só começar a falar nos candidatos que reparei que eles contribuem deveras para o show de horrores do programa de Belford Roxo. Um deles, o candidato do PTB, Cláudio Henrique dos Anjos, aproveitou uma certa semelhança sua com o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos para embarcar na onda e ganhar alguns votos. Ele se apresenta no programa com o nome "Cláudio Henrique, o Barack Obama". Mas o grande quebra-pau é entre os dois candidatos a prefeito que são deputados estaduais e são vistos como os grandes favoritos nesta disputa: Sula do Carmo, do PMDB (candidata da situação), e Alcides Rolim, do PT. Ela é professora e ele é médico, e os dois parecem ter transformado a campanha numa luta de categorias trabalhistas. A ponto de Sula pedir, em pleno programa político, que Rolim renunciasse a sua candidatura por considerar que ele, por ser médico e, portanto, buscar o lucro, não teria dignidade para ocupar o cargo de prefeito...

Olha que tem coisa muito pior na política de outras cidades. Mas este foi um exemplo vivo de como estamos bem servidos do assunto neste país.

Falando em eleições... Eu bem que avisei.

5.9.08

OS OBSTINADOS


  • Filme: Os Desafinados (Brasil, 2006)
  • Direção: Walter Lima Jr.
  • Elenco: Rodrigo Santoro, Cláudia Abreu, Selton Mello, Ângelo Paes Leme, Jair de Oliveira, André Moraes, Alessandra Negrini

O filme de 2006 (que, por causa desses caprichos que só há no cinema brasileiro, só foi lançado em circuito comercial dois anos depois - por coincidência, durante as comemorações dos 50 anos da Bossa Nova) mostra a saga de cinco amigos - quatro músicos e um cineasta - que enfrentam todos os tipos de perrengue pra fazer sucesso com prazer, fazendo música, de carona na onda brasileira que ditava moda naquele início dos anos 60, com nomes como João Gilberto e Tom Jobim. A epopéia, com todas as alegrias e tristezas em sua caminhada, é recordada por quatro deles nos dias atuais, num encontro realizado por motivo de força maior.

O filme é agradabilíssimo porque mostra como esses cinco amigos são obstinados na luta pela realização de seu sonho, através de seus próprios esforços. Além disso, mostra uma época saudosa por quem a viveu e admirada por quem nasceu depois. Isso tudo emoldurado por uma trilha sonora que é uma festa para ouvidos apurados.

O final do filme representa a amizade que jamais se encerra, apesar dos vários desentendimentos que sempre entram pelo caminho. Coroa uma excelente demonstração de um cinema musical brasileiro de qualidade, que merece fazer sucesso sempre. Excelente reconstituição de época, fotografia que auxilia a vivacidade da produção, grandes atuações que fazem valer a pena admirar aqueles que lutam por um ideal, da forma mais honesta possível.

2.9.08

UMA QUESTÃO DELICADA



Uma polêmica marca o início da campanha presidencial nos Estados Unidos. A candidata a vice do republicano John McCain, a governadora do Alasca, Sarah Palin, anunciou que sua filha de 17 anos (à direita, na foto ao lado) está grávida e irá se casar com o pai da criança. O anúncio encerra um boato que corria o mundo pela Internet, que dava conta de que o filho caçula da governadora de 44 anos, nascido neste ano e portador da síndrome de Down, seria na verdade seu neto, filho de sua filha adolescente.

O anúncio do casamento de sua filha grávida demonstra coerência de Palin em relação a comportamento, visto que ela, cristã conservadora bem ao gosto de grande parte dos republicanos, sempre militou contra o aborto (não sem alguns exageros, já que ela é contrária ao ato até mesmo em casos de estupro); quando, ainda grávida do caçula, descobriu que o bebê teria síndrome de Down, decidiu ter a criança mesmo assim. Mas os fatos recentes abrem uma discussão: uma candidata que defende a abstinência sexual fora do casamento teria, segundo a gíria, "dado mole" dentro de casa? Não segurou o ímpeto de um membro da própria família?

Nesse estágio inicial, há o apoio de setores da sociedade à atitude tomada diante do inesperado - se houve um erro, que seja contornado da melhor forma possível, o que está sendo feito. Mas até que ponto isso pode afetar a candidatura republicana, visto que houve um deslize para os rígidos padrões dos setores mais conservadores do partido governista? Caberá ao eleitorado decidir.