Desde 1996, pelo menos aqui no estado do Rio, cada emissora aberta exibe um horário eleitoral de cada cidade. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, as emissoras de TV transmitem cada cidade de acordo com a audiência - a Globo exibe o horário do Rio de Janeiro; a Record, o de São Gonçalo; o SBT, o de Duque de Caxias; a Bandeirantes, o de Nova Iguaçu; a RedeTV!, o de Niterói; a TV Brasil, o de São João de Meriti; e a CNT, o de Belford Roxo. E é exatamente sobre este último que eu gostaria de escrever.
Sei que a intenção não é esta, mas cada programa parece acompanhar a qualidade de transmissão de cada emissora - ou seja, quanto mais simples é a TV, mais tosco é o programa eleitoral. Isso certamente é seguido à risca pela briosa (o que não quer dizer muita coisa) CNT, que transmite o simplório (bondade minha, mas vai assim mesmo) horário eleitoral gratuito belforroxense.
Olha, se existe um programa eleitoral que queira ser, digamos, simples demais, terá certamente que superar as parcas condições do da cidade da Baixada Fluminense. Tudo é tão pavoroso (com direito a jingles gravados na esquina e cenários de fundo de quintal, com direito a candidatos quase berrando ao pedir voto por não terem um mísero microfone à disposição, e caracteres do estilo "o primeiro VHS a gente nunca esquece", além de legendas que simplesmente ignoram quaisquer regras de pontuação) que a única vontade que tenho quando o assisto é de dar ataques de riso. Isso tudo é sistematicamente piorado pela qualidade de som e imagem da CNT, que também dispensa comentários. Pra vocês terem uma idéia do que estou dizendo, o programa mais bem elaborado é o do nanico PSTU - e mesmo assim porque ele é gravado no mesmo estúdio onde são gravados os das cidades vizinhas. Se dependesse da qualidade do programa, a candidata do partido de extrema-esquerda - que atende pela alcunha de Professora Zezé - seria eleita no primeiro turno.
Mas tem mais. Foi só começar a falar nos candidatos que reparei que eles contribuem deveras para o show de horrores do programa de Belford Roxo. Um deles, o candidato do PTB, Cláudio Henrique dos Anjos, aproveitou uma certa semelhança sua com o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos para embarcar na onda e ganhar alguns votos. Ele se apresenta no programa com o nome "Cláudio Henrique, o Barack Obama". Mas o grande quebra-pau é entre os dois candidatos a prefeito que são deputados estaduais e são vistos como os grandes favoritos nesta disputa: Sula do Carmo, do PMDB (candidata da situação), e Alcides Rolim, do PT. Ela é professora e ele é médico, e os dois parecem ter transformado a campanha numa luta de categorias trabalhistas. A ponto de Sula pedir, em pleno programa político, que Rolim renunciasse a sua candidatura por considerar que ele, por ser médico e, portanto, buscar o lucro, não teria dignidade para ocupar o cargo de prefeito...
Olha que tem coisa muito pior na política de outras cidades. Mas este foi um exemplo vivo de como estamos bem servidos do assunto neste país.
Falando em eleições... Eu bem que avisei.
Um comentário:
Olha, eu sei que programa de TV não decide eleição, mas numa cidade em que o mais elaborado programa é o do PSTU, não há mais nada a fazer...
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