22.3.12

De massacres e relativizações




O ataque a uma escola judaica na cidade francesa de Toulouse, em que morreram quatro pessoas (três delas crianças), na segunda-feira passada, mostra o quanto insanos estão nossos tempos - e o quanto as pessoas andam relativizando as coisas, se não as escondendo ou mesmo apoiando (ainda que na miúda) atos terroristas como este.


Antes de morrer no cerco policial, o franco-argelino Mohammed Merah afirmou ter "vingado a morte de crianças palestinas" (como se israelenses atirassem indiscriminadamente em civis com o intuito de matá-los, como afirmam certos "progressistas" por aí) e protestado contra a presença de tropas francesas no Afeganistão (alguns dias antes, ele teria matado três militares do país, dois deles muçulmanos como ele). Era o ato final de um sociopata que certamente achava que matar por sua fé seria a solução de todos os seus problemas.


Mas esses lamentáveis fatos infelizmente serão esquecidos a médio prazo, sem a menor sombra de dúvida. Afinal, o Islã radical, mesmo escancaradamente antiocidental e disposto a usar a violência para fazer valer seus "ideais", não está entre as prioridades de segurança do Ocidente, cada vez mais calcado na correção política e na aceitação do multiculturalismo, que mostra não funcionar em grande parte dos países. Ainda por cima, há os relativistas de sempre, que sempre afirmam que enquanto Israel não ceder à chantagem de grande parte de seus vizinhos hostis, ataques como esses irão acontecer - ignorando que esse estado de coisas vem desde antes mesmo de o Estado de Israel ser criado, o que este texto de Reinaldo Azevedo explica com perfeição.

13.3.12

Entra governo, sai governo e os trens da alegria seguem a todo vapor




Desde que o mundo é mundo, vemos governos de diferentes tendências agradando os aliados a seu bel prazer, distribuindo ministérios a torto e a direito. No governo da presidente Dilma Rousseff, não poderia ser diferente. Logo nos primeiros meses, ao longo do ano passado, a sucessora de Lula se viu forçada a demitir vários ministros herdados do antecessor e grande padrinho político, a grande parte deles sob acusações de corrupção. Não bastasse isso, o governo Dilma repete os mesmos vícios dos anteriores, ao relegar o infinito número de ministérios a meros feudos dos partidos da situação. Dois casos recentes mostram isso.


Ninguém de fora do governo sequer desconfia de qual seja a utilidade do Ministério da Pesca. De todo modo, ele deve servir para alguma coisa. Até bem pouco tempo atrás, a pasta era ocupada pelo petista Luiz Sérgio (que deixara o Ministério das Relações Institucionais alguns meses antes), que foi destituído do cargo, por motivos até hoje misteriosos, pela presidente da República - que parecia fazê-lo a contragosto, por sinal. Pouco depois, o cargo passou a ser ocupado pelo senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), um dos mais ardorosos aliados do governo desde Lula. Há inúmeras especulações sobre quais seriam os motivos para tal troca: uns dizem que seria para adular um dos partidos que fazem parte da base do governo; outros dizem que seria tática para ajudar a pré-candidatura do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), à prefeitura de São Paulo - ainda mais depois da hipótese do ex-prefeito e ex-governador José Serra (PSDB) se candidatar ao cargo. Mas nada é mais significativo desse estado de coisas do que uma declaração do próprio ministro Crivella no momento de sua posse, quando disse não saber sequer colocar uma minhoca num anzol de pescaria.


O Ministério do Trabalho é outro caso, digamos, emblemático. Como sabemos, ele era chefiado por Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT - partido que, definitivamente, já viveu dias melhores, para dizer o mínimo. Este é um caso que a presidente mostrou um certo poder de persuasão: primeiramente, pediu de forma encarecida ao governador fluminense Sérgio Cabral Filho que nomeasse o deputado federal Sérgio Zveiter (eleito pelo PDT em 2010) para alguma secretaria, fazendo-o trocar de lugar com o então secretário estadual de Trabalho e Renda e suplente de deputado Brizola Neto, que não havia conseguido se reeleger para a Câmara. Empossado a pedido do poder federal, o neto do falecido ex-governador e fundador do partido Leonel Brizola notabilizou-se por votar a favor do governo e contra os interesses do próprio estado na questão da divisão dos royalties do petróleo. Agora, é altamente provável que Brizola Neto, literalmente amigo de infância da presidente, meses depois de reassumir a cadeira de deputado federal, ocupe agora o Ministério do Trabalho...


A vida nos ensina desde sempre e o governo brasileiro apenas se encarrega de confirmar: nada como ter amigos influentes.