27.6.09

UM NOVO ELVIS?



A morte repentina e prematura do astro pop Michael Jackson causou, evidentemente, uma comoção mundial. E provoca muitas especulações a respeito do que virá daqui em diante. Ninguém discute o legado artístico do cantor, que revolucionou a cultura nos anos 70 e 80 do século passado com suas canções e coreografias, além de seus videoclipes que ajudaram a moldar o que é seguido até os dias de hoje. Tampouco o seu comportamento excêntrico, possivelmente resultado de uma infância difícil e de uma vida atribulada. Mas, sim, o quanto o astro será mais venerado após a sua morte do que era em vida, apesar de ter tido sempre o seu talento reconhecido.

É inegável que a imagem de Jackson foi se deteriorando a cada escândalo que envolvia o seu nome: comportamento bizarro, acusações de abuso sexual, gastança desenfreada de sua fortuna, supostos problemas de saúde... Mesmo assim, seu nome chamava mais a atenção pelo que fazia em cima dos palcos. Tanto que sua turnê marcada para pagar grande parte de suas dívidas, marcada para começar no mês que vem em Londres, já estava com todos os seus ingressos esgotados - o que ajudava a colocá-lo como o maior ícone pop de todos os tempos, exatamente como Elvis Presley é para o rock'n'roll, 32 anos depois de sua morte, também prematura.

Não duvidemos da força de seu nome para a música. Assim como ocorre até hoje com Elvis Presley, haverá imitadores de Michael Jackson por todos os lados. Tanto para faturar um dinheirinho extra, quanto para apenas homenageá-lo. Nada mais justo, em se tratando de um grande astro da cultura mundial, que influenciou e seguirá influenciando vários outros em todo o planeta.

22.6.09

E A TENDÊNCIA É PIORAR



Mais um fato confirma que, por mais que tentem negar, inexiste oposição no Brasil.

Três anos depois de dar o "beijo da morte" no candidato Geraldo Alckmin ao apoiá-lo de maneira nada discreta no segundo turno presidencial de 2006, o ex-governador fluminense Anthony Garotinho deixou o PMDB (onde vinha tendo atritos com o atual mandatário estadual) e se filiou ao PR. Em comum, os dois partidos têm o fato de apoiarem o governo Lula - este, de forma mais acentuada. Pois bem: quando se referia a Lula, Garotinho falou muitas coisas que, mal ou bem, eram as únicas verdadeiras que falava. Quando era governador, por exemplo, chamou o PT de Partido da Boquinha. Não era o nome de oposição ideal, mas era oposição... Pois sim!

Agora que filiou-se em um dos partidos mais ativamente governistas, Garotinho mostrou sua verdadeira cara - se é que algum dia ele já a escondeu. Declarou que pretende apoiar Dilma Rousseff (com quem militou quando os dois ainda estavam no PDT) para a presidência no ano que vem e disse que nunca teve um "antagonismo radical" com Lula (imagine se tivesse...). Agora é assim: quando o momento é favorável a quem está no poder, todo mundo corre atrás. Até mesmo quem o atacou com palavras duras. Taí o prefeito carioca Eduardo Paes que não me deixa mentir. E a tendência é piorar.

18.6.09

JORNALISMO É PARA QUEM SABE, MESMO QUE NÃO TENHA DIPLOMA


O Supremo Tribunal Federal derrubou nesta quarta-feira a obrigação de diploma para exercer a profissão de jornalista, que perdurava há quatro décadas, desde a época do regime militar - como era a Lei de Imprensa, revogada pelo mesmo STF em abril. Isso é encarado por muitos como uma espécie de banalização da profissão de jornalista, tão atacada (muitas vezes, sem motivo algum) nos dias de hoje. Não vejo desta forma: vejo, sim, como uma oportunidade de maior seletividade para a profissão, ainda mais nos tempos de hoje, em que a Internet se consolida como um meio de comunicação cada vez mais popular. Assim, os melhores se destacam e obtêm experiência e, acima de tudo, credibilidade. Há muitos exemplos assim na coluna que você pode ver à esquerda desta página.

O duro de aturar é a choradeira dos que se sentem atingidos pela decisão da instância máxima do Judiciário brasileiro. O que anda se lendo de barbaridade pela Internet não é brincadeira: há até mesmo quem ameace entrar na Justiça para pedir indenização pelos anos de faculdade estudados. Ora, a entrada na faculdade, teoricamente, é para aprender os princípios básicos do jornalismo que o pretendente não tenha aprendido através do bom senso, que todo jornalista deve seguir. O problema é que vários aprendem de forma errada e, mesmo assim, ganham o diploma e se dão o direito de serem chamados de "jornalistas" - assim mesmo, com aspas. Nossas redações estão cheias de exemplos assim.

Para ter sucesso em qualquer profissão, é necessário ser competente, acima de tudo. O blogueiro Raphael Perret, jornalista de formação, foi no ponto sobre esse assunto: nem o jornalismo será invadido por aventureiros que mal sabem escrever em português nem ele será definitivamente salvo por textos revolucionários e que mudem o planeta de uma hora pra outra. Nossos órgãos de comunicação não são loucos de baixarem o nível de suas divisões de jornalismo por bobagens. O jornalismo é muito mais que escrever bons textos: é, acima de tudo, para quem sabe fazê-lo - ainda que não seja formado em Jornalismo.

17.6.09

O IRÃ E SEUS APOIADORES (AINDA QUE NÃO SE DEEM CONTA DISSO)


Os protestos nas ruas de Teerã contra a suspeita apuração das eleições presidenciais iranianas demonstram o quanto a opinião pública é poderosa - mesmo correndo o risco de morrer, como aconteceu com pelo menos sete manifestantes, eles vão às ruas protestar contra a provável fraude que reelegeu Mahmoud Ahmadinejad (mesmo porque nem no Brasil, onde o voto é 100% eletrônico, a "apuração" foi tão rápida quanto no Irã, onde o voto é manual).

Os eleitores de Mir-Hossein Moussavi o fizeram, diga-se, contra tudo e contra todos: governo (que claramente apoiava o atual presidente e só depois de muita insistência mudou de ideia quanto à recontagem de votos, ainda que apenas em redutos da oposição), polícia (ou a Guarda Revolucionária, que baixa o sarrafo nos manifestantes, segundo relatos de habitantes locais), imprensa (que, controlada pelo governo, apenas libera imagens de manifestações pró-governistas)... e governantes de outros países, como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a situação com uma briga entre torcedores de Flamengo e Vasco. E ainda exprimiu o desejo de visitar Ahmadinejad ainda esse ano! Para um país que decidiu abrir embaixada na Coreia do Norte, nada mais surpreende.

Como eu disse aqui, nada iria mudar nas relações iranianas com o Ocidente, fosse qual fosse o eleito. Mas não deixa de ser impressionante a quantidade de gente que tenta contemporizar quando das reações oficiais aos protestos, dizendo que fazem parte de um processo democrático. Acontece que democracia inexiste no Irã - nunca existiu. Até 1979, o país era governado pelo xá Reza Pahlevi (apoiado pelos Estados Unidos), que dominava o país com mão de ferro. Houve a Revolução Islâmica e a consequente troca de uma ditadura por outra - como ocorrera em Cuba 20 anos antes. Com a diferença de que, desta vez, é uma teocracia que mais parece inspirada em moldes comunistas de governo (baseado em vazias demonstrações de poder e no culto à personalidade), por mais paradoxal que possa parecer. Saiu a monarquia opressora da população, porém apoiadora dos americanos (por isso, odiada pela esquerda), entrou o regime dos aiatolás também opressor da população (porém, amado pelo incoerente, senão hipócrita, "progressismo").

Apenas pelo prazer de serem contrários aos Estados Unidos e a Israel (que não são santos, mas mesmo assim, por serem democracias plenas e sólidas, são preferíveis a qualquer ditadura), não raro esquerdistas apoiam o regime iraniano. Alguns chegam até a acusar Moussavi (que já foi primeiro-ministro do país, já participou ativamente do regime - ou não teria sido aprovado pelo líder supremo Ali Khamenei para ser candidato à presidência - e apoia o polêmico programa nuclear) de ser uma espécie de agente de interesses norte-americanos e israelenses. Como se fizesse alguma diferença ele ser eleito.

Mas os dias de hoje permitem ter uma visão mais abrangente dos fatos, com a rapidez de informação, assim como a facilidade em obtê-la e divulgá-la. O Twitter e o Facebook se tornaram grandes armas de denúncia contra o que está acontecendo. Isso tudo ecoa também aqui no Brasil, e o blogueiro Pedro Doria se destaca com sua cobertura do caso. Assim, pode ser que as pressões internacionais sobre o Irã surtam algum efeito. Como disse o colega Mr. X, pode ser que o regime dos aiatolás saia chamuscado do processo eleitoral e, com um pouco mais de esforço (sonhar não custa nada, já dizia aquele velho samba-enredo), até tenha seu fim. Embora eu, pessoalmente, ache difícil isso acontecer.

13.6.09

ELEIÇÃO NO IRÃ: QUAL A SURPRESA? QUAL SERIA A MUDANÇA?



As eleições presidenciais iranianas, para o Ocidente, representavam uma expectativa de mudança de relacionamento com a República Islâmica. Afinal, o Irã mantém um programa nuclear que jura servir para fins pacíficos. Mas as bombásticas declarações do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que nega o Holocausto e conclama à destruição de Israel, contrariam as opiniões iranianas aos olhos do mundo, com razão.


Nesta semana, as eleições presidenciais do país foram realizadas. Ahmadinejad tentava a reeleição, mas teria que enfrentar um forte candidato de oposição, o ex-primeiro-ministro Mir-Hossein Moussavi. Seu programa mobilizou grande parte do eleitorado, principalmente na capital Teerã, numa movimentação intermídias semelhante às das candidaturas de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos e de Fernando Gabeira à prefeitura do Rio de Janeiro, no ano passado. Mas Moussavi teria que enfrentar o mesmo problema do candidato verde na eleição carioca: a parte apta a votar que é chegada num populismo - percebam que isso não é exclusividade do Brasil, muito pelo contrário. Isso pode ter sido decisivo para a reeleição de Ahmadinejad...


Eu disse "pode ter sido" porque há fortes indícios de fraude nas eleições iranianas. Não duvido nada que tenha acontecido, pois o atual presidente foi reeleito, em primeiro turno, com cerca de 62% dos votos. Uma votação expressiva, dada a mobilização em torno do oposicionista Moussavi. Pessoalmente, acho até mais provável que uma fraude tenha ocorrido, pois os aiatolás jamais permitiriam mudanças no statu quo da Revolução Islâmica. Oito anos (1997-2005) de governo de Mohammad Khatami, o menos conservador dos presidentes iranianos desde 1979, já foram demais para eles.


Além disso, não haveria mudanças significativas caso Moussavi fosse eleito. No Irã, o presidente é mera figura decorativa perto de quem realmente manda - o líder supremo Ali Khamenei, substituto de Ruhollah Khomeini, falecido em 1989. O líder máximo dos aiatolás e do país como um todo é considerado o verdadeiro governante dos iranianos, não importa quem seja o presidente. É ele quem sustenta o regime imposto pela Revolução Islâmica de 1979, além das provocações à civilização ocidental. Ou seja, passa pelo líder supremo tudo que diga respeito ao regime do país - inclusive o suspeitíssimo programa nuclear iraniano.

11.6.09

O QUE UMA ABSTINÊNCIA NÃO É CAPAZ DE FAZER...



  • Filme: A Mulher Invisível (Brasil, 2009)
  • Direção: Cláudio Torres
  • Elenco: Selton Mello, Luana Piovani, Vladimir Brichta, Maria Manoella, Fernanda Torres, Paulo Betti, Maria Luísa Mendonça

A comédia de Fernando Torres conta a história de um controlador de tráfego que julgava ter uma vida perfeita. Um dia, porém, sua mulher não só anuncia querer o divórcio como declara estar grávida de seu amante. Ele entra em parafuso com o baque, busca se consolar com várias mulheres e não encontra em nenhuma delas a felicidade que tinha com a ex-esposa. Ele surta, decide se fechar para o mundo e, quando menos se espera, surge em sua vida a mulher perfeita. Com um único problema: ela é apenas fruto de sua imaginação...

Sob esse tema, surgiu um filme divertido. Mesmo os clichês referentes aos desejos masculinos, como o pretexto da xícara de açúcar, são usados a favor do roteiro. As atuações também fazem parte do bom pacote que a produção representa para quem quer ter cerca de duas horas de bom entretenimento. E afirma que o que se procura pode estar a seu lado, quando menos se espera.

8.6.09

ESQUERDA MUNDIAL, MULHER DE MALANDRO


Dica do Mr. X. Num caso pouco divulgado por aqui, em novembro do ano passado, a jornalista holandesa Joanie de Rijke, feminista e de esquerda, foi ao Afeganistão tentar entrevistar os talibãs. Evidentemente, foi sequestrada, violentada sexualmente repetidas vezes e somente libertada em troca de 100 mil euros. Mesmo assim, ela absolveu os criminosos: afirmou que os terroristas não eram monstros e que isso apenas fazia parte de uma cultura diferente... e que eles não conseguiram controlar a própria testosterona.

Gargalhadas enlatadas, por favor.

Esse caso apenas confirma tudo o que vem sendo dito a respeito das esquerdas nos dias de hoje. A nossa civilização vem sendo constantemente estuprada por ataques terroristas, atos de intolerância e desrespeitos à lei e, mesmo assim, eles dizem que isso faz parte de uma "cultura diferente". Pra eles, o que importa é desafiar todos aqueles que eles veem como poderosos e "opressores". E ai de quem achar o contrário.

Cada vez mais, a esquerda mundial é vista como aquela mulher de malandro: não só gosta de apanhar como implora que o marido violento, beberrão, criminoso e adúltero bata mais e mais. Por várias partes do planeta, muitos eleitores andam abrindo os olhos para isso. A Europa é um exemplo: as eleições do Parlamento Europeu tiveram vitória dos conservadores, em detrimento de forças esquerdistas - ao contrário do que vem ocorrendo no continente americano nos últimos anos, onde as forças ditas "progressistas" andam ditando as regras segundo o eleitorado. Não é por acaso que o nosso continente é visto como o paraíso dos saudosos do Muro que caiu há quase duas décadas: por aqui, eles sempre acham quem queiram dar-lhes o voto - e isso nos vem causando graves consequências.

UMA SEMANA DE UM ETERNO DRAMA



Uma semana depois do desaparecimento do Airbus que fazia o voo 447 (Rio-Paris) da Air France, começam a surgir as vítimas da queda do avião no mar territorial brasileiro. Para termos ideia de quão misterioso foi esse que já pode ser considerado o maior acidente aéreo da história do Brasil, demorou seis dias para que os primeiros elementos ligados ao voo surgissem nas águas do Oceano Atlântico.

Mas o mistério permanece: o que causou a queda do avião? Teria sido má conservação? O mau tempo? Um atentado? Nenhuma hipótese foi descartada, embora os primeiros indícios tenham começado a surgir. Foi informado pelo órgão que investiga o acidente que 24 mensagens automáticas de erro foram enviadas em poucos minutos pouco antes do acidente. Além disso, o piloto automático não estava ligado.

De todo modo, parece que somente a aparição das caixas-pretas pode esclarecer o mistério. Mas isso será difícil de acontecer, já que as águas são de grande profundidade. Contudo, minha visão de leigo ainda mantém as esperanças de que isso seja solucionado com rapidez - ou o acidente entrará para a galeria dos grandes mistérios da aviação.

4.6.09

UM ESFORÇO INÚTIL?



O presidente norte-americano Barack Obama discursou nesta quinta-feira no Cairo, como parte da política de aproximação dos Estados Unidos com o mundo muçulmano. Algo que pode ser considerado animador, levando-se em consideração a constante beligerância entre as partes, muito acentuada nas últimas três décadas. Mesmo com seus esforços para a paz, porém, Obama pode ter feito um esforço inútil, por causa do forte ressentimento que o mundo islâmico nutre pelo Ocidente.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que apenas ações concretas de parte dos norte-americanos serão convincentes, ao invés de palavras. Já o terrorista Osama bin Laden, líder do grupo Al-Qaeda, deu novas declarações exortando os muçulmanos à guerra santa contra os ocidentais. Ou seja, não será nada fácil convencer o "outro lado" de que há uma mão sendo estendida - ainda que de forma um tanto ingênua.