24.8.11

"Mas que diabo há com os jornalistas, que se mostram incapazes de dizer a verdade sobre a Líbia?"

Do Blog de Reinaldo Azevedo:

O fato de Kadafi ser um vagabundo desprezível não nos deve impedir de ver os fatos e de reconhecer que se está promovendo o baguncismo na ONU. E seu grande promotor, no momento, chama-se Barack Obama — sem querer deixar chocado o Arnaldo Jabor, claro! —, que, de resto, empreendeu uma guerra contra o então governo reconhecido da Líbia sem autorização do Congresso. George W. Bush, a besta de plantão dos politicamente corretos, não teria chegado tão longe.

E este é o outro elemento de fundo a ser considerado nessa história toda: tirem Obama do comando de uma guerra — que será usada na eleição do ano que vem — e coloquem lá um republicano qualquer, e a grita estaria organizada em escala mundial: “Unilateralista! Autoritário! Imperialista!”. Como é Obama, então não se protesta. O princípio é o seguinte: certas ações são aceitáveis ou inaceitáveis a depender de quem as pratique; alguns teriam licença para violar resoluções da ONU; outros não!

Não, senhores! A minha opinião não é a mesma dos celerados que têm tomado conta do Itamaraty nos últimos anos. Eu não acho que, em nome da autodeterminação dos povos, deve-se permitir que facínoras tiranizem o povo, sem qualquer protesto ou reação. O que acho é que uma resolução das Nações Unidas tem de ser cumprida pelas potências. Afinal, Kadafi está indo para a lata de lixo porque incapaz de viver num mundo civilizado.

Leia o texto completo aqui.

22.8.11

Mudarão apenas as moscas?




Parece cada vez mais iminente a queda do ditador líbio Muammar Kadafi, após os rebeldes que lutam há meses contra o regime se aproximar da capital Trípoli, com a ajuda das tropas da OTAN. Com isso, 42 anos de uma das mais sanguinárias ditaduras do norte africano estão próximos do fim. Mas uma pergunta se faz necessária: o que será da Líbia depois de Kadafi?


Afinal, muita gente está escaldada com os inúmeros acontecimentos que costuma haver em momentos como este, tanto entre os árabes quanto entre os próprios africanos. O temor é que haja apenas a troca de uma ditadura antiocidental por outra, pró-Ocidente (como ocorreu várias vezes ao contrário, como em Cuba e no Irã, que não pertencem a nenhum dos dois mundos citados). Os fatos recentes no próprio mundo árabe, quando as ditaduras do Egito e da Tunísia caíram sem que ainda houvesse planejamento de transição para um regime democrático, apenas corroboram esse medo geral; em diversos outros países árabes, como Barein, Iêmen e Síria, que vêm sofrendo convulsões populares e até mesmo massacres de civis, também existe o medo de que as revoltas populares não deem em nada, no final das contas.


Para falar a verdade, poucos ocidentais acreditam que saia algum regime democrático e que respeite as individualidades e as liberdades civis na Líbia, assim que a queda de Kadafi for consumada. Ninguém por lá conhece algo que se aproxime de uma democracia, e décadas serão necessárias até que os cidadãos líbios comecem a se acostumar. No Iraque, quando Saddam Hussein caiu, a balbúrdia tomou conta das ruas do país e até hoje existe certa apreensão, apesar da relativa calma. Porém, do jeito que inexiste uma cultura libertária em território líbio, o mais provável é que as moscas apenas mudem, mas por lá ficará tudo a mesma coisa.

19.8.11

Se os palestinos querem terra, que deem a paz primeiro



Os ataques perpetrados por terroristas palestinos de Gaza ao sul de Israel, nesta quinta-feira, mostram que ainda há muito a fazer se eles quiserem ser reconhecidos a pleno como independentes no mês que vem, na Assembleia Geral da ONU. Basicamente é assim: se querem a soberania, que se responsabilizem por qualquer ato de seus cidadãos. Não haverá - e isso Israel deixa bem claro - qualquer negociação enquanto atentados contra civis estiverem em curso.


Mas como querer que os palestinos se entendam com os israelenses se não conseguem se entender nem entre eles próprios? O ditador sírio Bashar al-Assad, por exemplo, segue massacrando indiscriminadamente a parcela da população que protesta contra seu governo, segundo relatos. Entre as vítimas, vários de origem palestina, massacrados em Latakia. Enquanto o moderado Fatah, que controla a Cisjordânia, condena o regime sírio qualificando os ataques de crime contra a Humanidade, o radical Hamas, que controla a Faixa de Gaza e cujo líder mora em Damasco, diz desconhecer o fato.


Os atentados mostraram também a incapacidade da junta militar que governa o Egito de cuidar das fronteiras da Península do Sinai com Israel, já que há indícios de que os terroristas saíram de Gaza cruzando o norte do Sinai até chegar ao sul israelense - o que causa temores de uma deterioração nas relações entre israelenses e egípcios, 32 anos depois da assinatura do acordo de paz entre os dois países. O ex-ditador Hosni Mubarak, mal ou bem, fazia o acordo funcionar depois que Anwar Sadat foi assassinado, em 1981, dois anos após o acordo. Compreensivelmente o Egito quer uma democracia (algo que, a bem da verdade, nunca conheceu e desconhece até hoje), mas que corre sérios riscos de morrer no nascedouro, no que depender nos inúmeros grupos que estão de olho, como a Irmandade Muçulmana. Esses fatos, combinados à fraca diplomacia ocidental presente, dão a impressão cada vez mais real de que o imenso barril de pólvora chamado Oriente Médio está para explodir de vez a qualquer momento.

10.8.11

Santiago, Londres

Do Blog de Reinaldo Azevedo:

Chile e Grã-Bretanha são democracias representativas sólidas. As instituições funcionam. O sistema oferece os canais para a intervenção da população nos destinos do país. Ocorre que há certa esfera de especulação contra a ordem democrática mundo afora - e a imprensa ocidental, o que é patético, tem tratado com indiscreta simpatia esses "movimentos" porque vê neles um suposto frescor juvenil, oposto às instituições que estariam carcomidas pelo velho jogo de interesses da política tradicional.

Ocorre que é justamente a "velha ordem democrática" que guarda os fundamentos dos direitos individuais, da liberdade de expressão, do respeito ao outro, das garantias contra o arbítrio do Estado. Autoritários de diversos matizes - fascistas de esquerda ou de direita - sabem que esse regime é seu pior inimigo. Ora, se são obrigados a se organizar, a dizer com clareza o que pretendem, a ter o aval de milhares ou de milhões de pessoas para que possam ver aprovada a sua agenda, o mais provável é que sejam derrotados pela maioria. Então tentam se impor pela violência. E tratam governos eleitos democraticamente como se fossem uma ditadura de Mubarak ou de Bashar al-Assad.


Leia o texto completo aqui.

9.8.11

Cada época tem os "rebeldes" que merece

Os atos de vandalismo que tomam as ruas de Londres há quase uma semana fazem pensar numa coisa: os jovens de hoje andam meio mimadinhos ultimamente, ou será que estou errado?

Afinal de contas, parece-me mais um mero pretexto para fazer vandalismo e saquear lojas e depósitos de fábricas, roubando o que veem pela frente e que tenham o maior valor possível, do que um simples protesto. Muito diferente de protestos contra violência policial em tempos idos, como os ocorridos na própria capital britânica três décadas atrás. O que é altamente representativo dos tempos atuais, em que a ostentação e o complexo de novo-rico andam prevalecendo.

Os atos de selvageria (certamente feitos por descendentes de imigrantes africanos e de países de maioria muçulmana que se beneficiaram dos tempos politicamente corretos do governo britânico) são fonte de preocupação, já que Londres receberá os Jogos Olímpicos daqui a menos de um ano. Certamente os londrinos tomarão providências quanto à segurança para receber o mundo inteiro em julho de 2012. Mas já pensou se fosse no Rio em 2015? Certamente questionariam nossa capacidade, ao contrário do que fazem agora em relação aos ingleses.