Parece cada vez mais iminente a queda do ditador líbio Muammar Kadafi, após os rebeldes que lutam há meses contra o regime se aproximar da capital Trípoli, com a ajuda das tropas da OTAN. Com isso, 42 anos de uma das mais sanguinárias ditaduras do norte africano estão próximos do fim. Mas uma pergunta se faz necessária: o que será da Líbia depois de Kadafi?
Afinal, muita gente está escaldada com os inúmeros acontecimentos que costuma haver em momentos como este, tanto entre os árabes quanto entre os próprios africanos. O temor é que haja apenas a troca de uma ditadura antiocidental por outra, pró-Ocidente (como ocorreu várias vezes ao contrário, como em Cuba e no Irã, que não pertencem a nenhum dos dois mundos citados). Os fatos recentes no próprio mundo árabe, quando as ditaduras do Egito e da Tunísia caíram sem que ainda houvesse planejamento de transição para um regime democrático, apenas corroboram esse medo geral; em diversos outros países árabes, como Barein, Iêmen e Síria, que vêm sofrendo convulsões populares e até mesmo massacres de civis, também existe o medo de que as revoltas populares não deem em nada, no final das contas.
Para falar a verdade, poucos ocidentais acreditam que saia algum regime democrático e que respeite as individualidades e as liberdades civis na Líbia, assim que a queda de Kadafi for consumada. Ninguém por lá conhece algo que se aproxime de uma democracia, e décadas serão necessárias até que os cidadãos líbios comecem a se acostumar. No Iraque, quando Saddam Hussein caiu, a balbúrdia tomou conta das ruas do país e até hoje existe certa apreensão, apesar da relativa calma. Porém, do jeito que inexiste uma cultura libertária em território líbio, o mais provável é que as moscas apenas mudem, mas por lá ficará tudo a mesma coisa.
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