30.4.09

MÉXICO, UMA NAÇÃO DE MASCARADOS



Mais que uma epidemia: a gripe suína nascida no México e espalhada por diversos países em todo o planeta paralisou o país da América do Norte. Ruas desertas, estabelecimentos fechados, pessoas com medo... O México está parado e atônito, parecendo-se com um daqueles filmes de ficção científica em que um vírus mortal ameaça a continuidade da espécie humana. As fotos de pessoas circulando pelas ruas com máscaras cirúrgicas no rosto comprovam isso.

Pior que a doença em si, porém, é o pânico causado pela desinformação. A carne de porco nada tem a ver com a doença, que fique bem claro - tanto que a OMS tenta mudar o nome da doença para A-H1N1, que não deve pegar muito... Portanto, o pessoal pode comer sua feijoada ou seu pernil tranquilamente. Fundamental é a precaução que parece faltar em grande parte dos aeroportos brasileiros. Ainda não temos casos de gripe suína aqui no Brasil, mas parece questão de tempo pra isso acontecer, visto o pouco cuidado que estamos tendo.

28.4.09

MARIA DESGRAÇA



O bairro carioca de Maria da Graça (perto de onde eu moro) anda numa fase tenebrosa. Primeiro, um assalto causa a morte de uma mulher grávida - o bebê sobreviveu, mas permanece internado em estado grave. Depois, ali perto, o dono do mais famoso bar da região é assassinado a tiros por um vizinho desafeto. Agora, não muito longe daqui, ocorre a explosão de um botijão de gás numa lanchonete, perto da estação do Metrô.

Haja reza brava pra superar isso tudo. É muita desgraça prum pedacinho de terra só.

27.4.09

UMA CORRIDA CONTRA O TEMPO E OS MEROS PRETEXTOS



O anúncio de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, está em tratamento contra um câncer linfático pode virar de cabeça para baixo a sucessão presidencial, que começa a esquentar um ano e meio antes das eleições. Afinal, Dilma é vista pelo presidente Lula como o nome natural do PT para concorrer pela situação ao cargo de presidente da República, e seu nome começava a ganhar a aceitação de nomes do partido que estavam mais resistentes.

Dependendo do tipo de tratamento - felizmente, o linfoma foi descoberto em seu estágio inicial, num exame de rotina -, ele poderá ser rápido e não trazer grandes consequências (a previsão é de que a quimioterapia dure cerca de quatro meses, com boas chances de cura). Portanto, a pré-candidatura de Dilma segue normalmente. Melhor para a sucessão, visto que o nome da ministra é o único visto com relevância pelo atual governo para concorrer ao cargo máximo do país - os demais nomes não despertam grande confiança nem mesmo do próprio presidente. Outros têm o "defeito" de não serem do mesmo partido de Lula, que sequer imagina confiar a defesa do cargo a outra agremiação política, mesmo que seja a mais ardorosa integrante da base aliada.

Apesar da confiança no tratamento, há o risco de ser trilhado um caminho perigoso, o que faz com que um mero pretexto possa pôr tudo a perder. Que o pior não aconteça, por dois motivos: o humano, pois enfrentar uma doença como o câncer é sempre algo muito penoso a uma pessoa; e o eleitoral, porque já corre a boca pequena que, se a candidatura Dilma não for para a frente, políticos aliados irão tentar manobrar no Congresso para dar a possibilidade de um terceiro mandato a Lula. Aí, haja tráficos de influência e negociatas políticas, o que faria lembrar a época da aprovação da emenda da reeleição. Precedente aberto, os fatos daí em diante seriam imprevisíveis, e a democracia só teria a perder.

24.4.09

MAIS UM BLOG NOVO NO PEDAÇO

Por estar um tanto desocupado (sabem como é, tantos feriados nessa cidade...), aproveitei o tempo ocioso e fundei um novo blog. Na verdade, nem tão novo assim - fui forçado a reproduzir e continuar um diário virtual antigo em outro espaço. É o Olimpismo, de cara nova e casa também - o mesmo Blogger de todas as outras casas. Cliquem e conheçam.

www.espiritoolimpico.blogspot.com

23.4.09

DUAS OU TRÊS COISINHAS SOBRE OS FATOS COTIDIANOS

  • Mais uma vez, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, tem a paternidade reclamada, sendo a terceira criança. Leio que o ex-bispo católico já está sendo chamado de "pai de todos os paraguaios"; Reinaldo Azevedo diz que ele levou a sério a missão de ser o pai dos pobres. Outros falam que ele está apenas cumprindo a missão de repovoar o país - deve ser trauma da Guerra do Paraguai, ou coisa parecida. Já eu digo uma coisa: ele está sendo um religioso que segue à risca as diretrizes da Igreja Católica, que condena com veemência o uso de todo e qualquer tipo de anticoncepcional, inclusive a camisinha...
  • E o escândalo da distribuição de passagens aéreas de membros do Congresso a parentes respinga em muita gente. Dois deputados federais - Fernando Gabeira (PV-RJ) e Michel Temer (PMDB-SP) - tiveram que se explicar perante a opinião pública, visto que o primeiro é notório defensor da ética na política e o segundo é ninguém menos que o presidente da Câmara. O primeiro admitiu o erro, prometeu devolver o dinheiro e afirmou querer acompanhar de perto sua "morte política"; o segundo disse que estabeleceria novas regras para a distribuição das passagens. De todo modo, não deixa de ser um baque para aqueles que acreditavam que ainda havia políticos 100% impolutos no país. Deve ser a tal "mosca azul", vai saber.
  • E a discussão de bar no Supremo Tribunal Federal entre Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, hein? Que coisa patética. Com juízes como esses, que colocam assuntos pessoais acima de questões públicas, nosso Judiciário está perdido.

22.4.09

"ROSEANA LAGO" OU COMO O MARANHÃO SOFRE DEMAIS



Atingido por fortes chuvas desde o início do mês, o estado do Maranhão tem alguns dos piores índices de desenvolvimento humano do Brasil. Há décadas, oligarquias mandam e desmandam no estado, principalmente a família Sarney. Pensava-se que a era tinha acabado com a eleição de Jackson Lago (PDT) para governador em 2006, mas neste mês - dois anos e três meses depois da transição de cargo - o TSE anunciou a cassação de Lago (acusado de abuso de poder político durante as eleições) e do seu vice, e a confirmação da eleição da segunda colocada... Roseana Sarney (PMDB). Ou seja, tudo como antes.

Culpa da lei, que favorece esse tipo de coisa: dar ao segundo colocado - que, lembremos, não foi eleito - o cargo assim, de bandeja, por causa da punição dada ao vencedor da eleição. O mais correto seria que o presidente da Assembleia Legislativa do estado tomasse posse, de forma provisória, até que novas eleições fossem marcadas para três meses mais tarde, por exemplo. Caso faltasse menos de um ano para a eleição seguinte (o que não é o caso, pois a próxima será em 3 de outubro de 2010), o presidente da Assembleia exerceria o cargo de governador até o fim do mandato, em 1º de janeiro de 2011. Mas, num país como o Brasil, uma ideia como essa jamais iria para a frente - prevalecem, sim, somente aquelas que fazem nossa política ser uma aberração. O caso das passagens aéreas para deputados, em que vários deles usaram bem mais do que podiam, é uma boa amostra disso.

Porém, como escrevi no início deste texto, o Maranhão sofre com fortes chuvas, com milhares de desabrigados. A população precisa de ajuda, e exatamente no momento em que isso ocorre há essa briga política em que ninguém sabe o que vai acontecer ou quem fica no cargo de governador do estado. Isso sem falar nos baixíssimos índices de desenvolvimento, em grande parte causados por décadas de espoliação política.

Voltando ao assunto da cassação de Lago, eu sei que qualquer caso de corrupção ou de abuso de poder deve ser punido com severidade, mas é o caso de perguntar: será que o TSE seria tão enfático no caso não fosse Roseana do PMDB (partido da base de qualquer governo desde 1985), e filha logo do presidente do Senado? Um caso a ser pensado... e lamentado.

21.4.09

CONFERÊNCIA DA ONU, PRATO CHEIO PARA OS MESMOS DE SEMPRE



Está em curso em Genebra, na Suíça, a conferência das Nações Unidas contra o racismo - na minha visão, mais uma inutilidade entre tantas que a ONU anda fazendo nestes anos. Na verdade, mais uma desculpa para os governos vistos por muitos como "progressistas" destilarem suas diatribes contra aqueles de que não gostam...

Na edição anterior, realizada na cidade sul-africana de Durban em 2001, Estados Unidos e Israel abandonaram o evento no meio devido às pressões dos países árabes para que o relatório final equiparasse o sionismo ao racismo. Oito anos depois, a tendência antissionista continuou, o que fez com que norte-americanos e israelenses, além de vários países como Alemanha, Holanda, Austrália, Nova Zelândia e Canadá decidissem não comparecer ao encontro na Suíça. Dentre os chefes de Estado, apenas o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad (famoso por negar o Holocausto e afirmar querer destruir Israel, o que fez com que ele virasse queridinho das esquerdas do mundo inteiro), compareceu - e fez um discurso que praticamente acabou com a conferência, depois de ela mal começar. Hipocritamente, o mandatário iraniano afirmou que o regime israelense é racista, ao passo que ele próprio comanda um regime perseguidor de minorias...

A ONU, não fosse tão "mãezona" demais - isso é mau, acreditem - não permitiria que seus eventos, como a inútil conferência antirracista, fossem utilizados como mero pretexto para que ditadores e perseguidores de toda espécie fizessem a festa, impondo o que quiserem. Mas as Nações Unidas não querem ver o óbvio, ao desejar demonstrar total igualdade entre os povos, sem eficácia alguma. Pena.

17.4.09

O TWITTER E O COMPLEXO DE ROBERTO CARLOS



Nesta madrugada, o ator Ashton Kutcher se tornou o primeiro a alcançar a marca de um milhão de seguidores no Twitter, página de relacionamentos e microblog da Internet. É uma marca histórica e significativa, mas que muitos esquecerão no futuro.

Ele competia com a rede CNN pela primazia de ser a primeira conta a alcançar essa marca. O Twitter é a página que mais cresce na Internet no momento por representar opiniões rápidas e instantâneas que podem mobilizar pessoas (o Facebook acabou de copiar seu visual), mas outras certamente surgirão no futuro - o que faz com que seu destino seja incerto. De todo modo, vamos aproveitar enquanto não surge algo melhor...

Da minha parte, estou muito bem com a minha conta no Twitter. Não tenho a velha pretensão de Roberto Carlos - recém-alcançada por Kutcher - de ter um milhão de amigos, digo, de seguidores. Com meus 14 - por enquanto - estou muito bem, obrigado.

MEU DEUS, MATARAM O KENNY



Como devem estar sabendo, Lula apareceu num episódio do escrachado desenho South Park, conhecido por não perdoar ninguém que por lá apareça. Ele não tem falas, mas faz uma ponta juntamente com outros líderes de todo o mundo, no episódio em que a Terra se vê na iminência de receber a visita de uma nave espacial.

Ainda não vi o episódio mas, conhecendo o teor da série, dá pra ter uma ligeira ideia. Ela é conhecida por criticar mordazmente a sociedade norte-americana, fazendo-o com muito humor negro. Como o único tipo de humor que os lulistas conhecem é o a favor, ou por desconhecerem totalmente a série, houve quem comemorasse essa aparição. Enquanto esse episódio não chega ao Brasil, vamos curtir um pouco o Lula com a cara do Cartman...

16.4.09

SEMPRE DO LADO ERRADO

Leio aqui que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad - aquele mesmo que nega o Holocausto e conclama o mundo islâmico a destruir Israel - deverá visitar o Brasil no mês que vem.

Bem, em se tratando de um governo como o nosso, que mantém relações além do aceitável com ditaduras como a cubana e com governos pretensamente antidemocráticos como o venezuelano, nenhuma surpresa. É impressionante como o governo Lula tem a capacidade de se aliar aos piores tipos possíveis.

Mas sempre há uma esperança. Aguardo para os próximos meses as visitas de verdadeiros exemplos de democracia, como os eternos presidentes Kim Jong-Il e Robert Mugabe.

15.4.09

UMA COMÉDIA BRASILEIRA PADRÃO. NO QUE FAZ BEM


  • Filme: Se Eu Fosse Você 2 (Brasil, 2008)
  • Direção: Daniel Filho
  • Elenco: Glória Pires, Tony Ramos, Cássio Gabus Mendes, Marcos Paulo, Vivianne Pasmanter, Adriane Galisteu, Chico Anysio, Maria Luisa Mendonça, Isabelle Drummond, Bernardo Mendes, Maria Gladys, Carlos Bonow, Ary Fontoura

O filme brasileiro de maior bilheteria pós-Retomada (com cerca de seis milhões de ingressos vendidos) é uma boa amostra do modelo de cinema popular que vigora no Brasil hoje: enredo leve, elenco estelar televisivo, roteiro baseado numa história clichê. E funciona, pelos resultados das bilheterias. Se bem que o talento indiscutível dos atores principais (que nos faz convencer, na maioria das vezes, que realmente estão um no corpo do outro) também colabora para isso.

Se no primeiro filme uma conjunção da Terra e do Sol com Marte e Vênus foi a causa da troca de corpos, nesta sequência o pretexto foi uma pane elétrica dentro de um elevador, no prédio onde se situa o escritório de advocacia responsável pela papelada de divórcio do casal. Há tempos eles não se entendem: o narcisismo e egoísmo dele, com a menopausa dela, causa uma combinação explosiva. Simultaneamente a isso, a filha do casal engravida e resolve se casar. Chega a ser insólito ver a reação aparvalhada da jovem ao ver a mãe, normalmente compreensiva, reagir ferozmente à gravidez não planejada, e o pai neurastênico agora ser um cara calmo e companheiro... Isso já por causa da troca de corpos.

Como disse, é a regra do atual cinema popular brasileiro, ainda que o espectador - mesmo que goste do filme - descarte-o da memória assim que se levanta da poltrona e sai da sala.

OS MAIS NOVOS "HERÓIS" DO NOVO-MUNDO-POSSÍVEL



Há tempos, navios que passam pelo Golfo de Áden, no chamado Chifre da África, vêm sendo atacados por piratas oriundos da Somália - país que vive forte crise política há décadas, falido e em guerra. Estados Unidos e França reagiram, pelo menos em tese, e estão na mira dos piratas somális. Coisa que parece ser seguida pelos mesmos de sempre: os defensores de um-novo-mundo-possível.

Há quem defenda os atos de pirataria como uma resposta à "intervenção das potências ocidentais" ou coisa que o valha. Nenhuma surpresa: os ditos "progressistas" sempre tiveram a estranha tendência a defender todo tipo de gente causadora de problemas - contanto que esteja combatendo os inimgos. É a velha tática dos fins que justificam os meios, como já disse tantas vezes aqui.

O pior é que, com sua hesitação, o atual governo dos Estados Unidos dá a impressão de que anda amolecendo demais a mão. O blogueiro Mr. X escreve sobre esse assunto, em texto que vale a pena ser lido.

AH, SE FOSSE O BUSH...



O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, se meteu numa tremenda sinuca de bico: ele assumiu a paternidade de um menino que fará dois anos no mês que vem. Até aí, nada demais. O problema é que a criança foi concebida quando o atual presidente ainda era bispo da Igreja Católica - que pediu perdão a seus fiéis por causa disso, embora sem citar diretamente o caso.

Fico eu pensando o que iria acontecer se o presidente paraguaio não pertencesse a uma corrente dita "progressista": o pessoal iria cair de pau. Lembro-me na época do escândalo sexual envolvendo o então presidente norte-americano Bill Clinton, que era democrata, há cerca de uma década: ele chegou a sofrer um processo de impeachment que acabou não indo pra frente. Clinton fazia um bom governo naquela ocasião, mas demorou muito para se recuperar do baque - porém, permaneceu no cargo até o fim.

Fosse George W. Bush ou qualquer outro político republicano envolvido no escândalo, ocorreria no mínimo uma rebelião ou uma renúncia, como a feita por Richard Nixon em 1974, por causa do escândalo Watergate. Falando nisso, é impressionante como as bobagens cometidas por democratas (como a dita por Barack Obama a respeito de seu mau desempenho no boliche) são minimizadas e as cometidas por republicanos são superlativizadas. Pelo visto, indignação seletiva não é exclusividade dos brasileiros...

10.4.09

NA CONTRAMÃO DA MAIORIA, E COM ORGULHO DISSO

A decisão do atacante Adriano, da Internazionale (ITA), de interromper a carreira profissional por tempo indeterminado, por não se sentir feliz na vida, causa polêmica e faz pensar. Pelo simples fato de ser incomum a atitude do artilheiro, saído de um lugar pobre ao estrelato - conquistado graças a seu talento - em pouquíssimo tempo.

Neste caso, pode ter faltado apoio psicológico para o jogador, o que serve de alerta a qualquer atleta jovem que deixe o país e ganhe somas vultuosas de dinheiro no exterior. No fundo, ele não deixou de ser aquele jovem simples que vivia numa favela e era feliz mesmo assim, deixando de sê-lo ao fazer fortuna. Não deixa de ser lamentável, todavia, que trata-se de alguém que teve uma grande oportunidade e não quis aproveitá-la.

Mas não importam os motivos pelos quais Adriano decidiu se afastar dos gramados. O que interessa é que o ser humano deve ter sua vontade respeitada. Nada de fofocas, intrigas e notícias plantadas para vender jornal: a responsabilidade e o respeito devem vir em primeiro lugar.

O MORRO JÁ TEVE VEZES DEMAIS


Aos poucos, volta a ser discutido um assunto que vinha sendo demonizado por muita gente: a remoção de favelas no Rio de Janeiro. Este texto de Ali Kamel, publicado na edição de terça-feira passada do jornal O Globo, é um bom exemplo do que pode ser dito sobre o assunto.

Realmente nossos políticos, de olho nos votos futuros que os habitantes de favelas acarretam, atuam ineficazmente nessas comunidades. Muita maquiagem, muita obra de fachada, Favela-Bairro, Cimento Social, PAC e nada de resultados efetivos. Ao mesmo tempo, um batalhão de obras superfaturadas e, na maioria das vezes, inúteis gasta o dinheiro que deveria ser utilizado em coisas mais urgentes.

O primeiro governo Brizola (1983-1987) pode ser considerado o marco inicial desse estado de coisas. A favelização da cidade já existia antes disso, óbvio, mas foi com o chamado "socialismo moreno" que ele se consolidou para nunca mais se encerrar. Os governos seguintes embarcaram na onda, assim como as prefeituras da capital fluminense desde então. O resultado é exatamente o que os cariocas veem nos dias de hoje: favelas tomando a mata nativa e o consequente aumento da sensação de insegurança.

Mas algo começa a surgir, depois de décadas: a discussão sobre a remoção de favelas (algo satanizado por movimentos sociais) e a possibilidade de construção de casas populares de baixo custo, como feito na época em que Carlos Lacerda governava o antigo estado da Guanabara - com a diferença de que, desta vez, o programa de habitação possa funcionar com força. Mas os populistas tempos atuais impedem que isso seja discutido sem mexer com as sensibilidades ditas "progressistas".

Essa mania de correção política tem que ser superada. O morro já teve vezes demais. É impossível urbanizar favelas situadas em lugares suspensos. Ou nossas autoridades abrem os olhos sobre esse assunto, ou será questão de tempo para a cidade do Rio de Janeiro acabar de vez.

9.4.09

SUPEROBAMA CONTRA... O QUÊ, MESMO?



Já se imaginava que o messianismo em torno do nome do presidente norte-americano Barack Obama chegaria a níveis inacreditáveis. Só não se sabia que iria a tanto, chegando a beirar o ridículo. Foi divulgado o lançamento de uma série de histórias em quadrinhos em que o presidente será uma espécie de herói bárbaro, enfrentando inimigos claramente inspirados no governo anterior.

Leia mais aqui, para ter uma simples ideia do que está por vir. Só quero saber se os quadrinistas farão seus heróis enfrentarem adversários mais factíveis como a crise mundial, os terroristas, os ditadores atômicos... Não o governo anterior, que se encerrou há mais de três meses. Eu sei que a Era Bush deixou traumas no mundo inteiro. Mas, a essa altura do campeonato, chutar cachorro morto é fácil.

QUANTA DIFERENÇA...

Do Blog de Marcos Guterman:

O presidente Obama goza de boa popularidade, mas há alguns americanos bastante insatisfeitos com ele. São os humoristas.

Depois de oito anos de bushismos, está faltando material para fazer humor com o sujeito que mora na Casa Branca. Como diz o humorista político Daniel Kurtzman: “Podemos dizer seguramente que Obama jamais será páreo para o legado de Bush”.

Compreensível. Ninguém (a não ser os esquerdistas latino-americanos) gosta de humor a favor...

Em compensação, aqui no Brasil, a presidência da República é um prato cheio para os humoristas. E vem mais por aí: ganhe Dilma ou Serra no ano que vem, o repertório de piadas estará garantido por, pelo menos, mais quatro anos.

PROTÓGENES QUEIROZ, SIM, É QUE É "O CARA"



Em mais um confuso depoimento, o delegado Protógenes Queiroz (aquele da Satiagraha) afirmou não ter espionado o filho do presidente Lula, Fábio Luiz Lula da Silva, e a ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata petista à presidência da República, Dilma Rousseff - ao contrário do que ele próprio parece ter espalhado aos quatro ventos não faz muito tempo atrás. De resto, ele preferiu exercer o direito de permanecer calado, sem contribuir em nada para a CPI dos Grampos. É mais um capítulo da fastigante egotrip protogenesiana, alçada como heroica por muitos que sonham com o fim da corrupção no Brasil, mas que, reafirmo, sempre acham que os fins justificam os meios.

Na hora do vamos-ver, o delegado tirou o corpo fora, sem detalhar em nada o suposto envolvimento de importantes figurões do governo na formação da BrOi (a fusão da Oi, da qual o filho de Lula é importante figura, com a Brasil Telecom) ou os jornalistas que apoiam o empresário Daniel Dantas, denunciado por ele na Operação Satiagraha. Ou seja, um fiasco que denuncia que o delegado, no mínimo, não está batendo muito bem da cabeça.

Não sei se vocês se lembram da carta que o delegado teria mandado ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Nela, ele acusa Lula de receber dinheiro de Dantas. Tenho a ligeira impressão de que, se Obama tivesse se dado o trabalho de ler a missiva (tenho certeza de que ele não o fez), num exercício de faz de conta daqueles bem forçados, o presidente norte-americano não consideraria seu colega brasileiro "o cara", como ele afirmou em Londres, no encontro do G-20. Esse epíteto iria para o nobre delegado Protógenes Queiroz...

6.4.09

O QUE A CRISE POLÍTICA NÃO FAZ...



A crise política que o Brasil passa é capaz de nos impor fatos surpreendentes. Vejam, por exemplo, o caso do senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Ele sugeriu, nesta segunda-feira, um plebiscito no qual o eleitorado pode decidir sobre... o fechamento do Congresso Nacional. Leia mais aqui.

O fato é que, por mais bem intencionada (sic!) que seja, a ideia do senador não poderia ser mais estapafúrdia. Isso remete a períodos nada edificantes de nossa História, como o ano de 1968, por exemplo - naquela ocasião, o Congresso Nacional foi fechado pelo regime militar vigente, que endureceu de vez com a promulgação do Ato Institucional Número 5. Bem antes disso, em 1937, Getúlio Vargas fez a mesma coisa para instalar o Estado Novo - outra ditadura que, sabe-se lá o porquê, conta com a simpatia de "setores progressistas" da nossa sociedade. Ainda hoje, em países vizinhos como a Venezuela, isso é assunto polêmico.

Por mais que nossa população esteja revoltada com nossos políticos, isso não é motivo para algo tão radical - ainda que o próprio senador tenha dito que seria contra o fechamento se tal ideia fosse levada em frente. Isso faz concluir que a experiência em partidos como PT e PDT fez o senador ter seus miolos derretidos e ter essas ideias de jerico, vai saber.

Ele quer que o Congresso melhore e passe a ser motivo de orgulho? Ano que vem tem eleição. Quem sabe, ele e os políticos íntegros deste país (eles são raros, mas existem!) não fazem esse tipo de campanha para limpar o Congresso. Se bem que houve uma chacoalhada em 2005 (a crise do mensalão) e de nada adiantou. Mas sempre há uma esperança!

3.4.09

"LULA IS MY MAN" (BARACK OBAMA)


Como diria o falecido Clodovil: boi preto (ou, neste caso específico, "afro-americano") conhece boi preto.

1.4.09

O FEITIÇO CONTRA O FEITICEIRO



Recentemente, a atual detentora do posto de Miss Universo, a venezuelana Dayana Mendoza, visitou o presídio de Guantánamo, base norte-americana em Cuba. É uma visita promovida por uma organização que presta auxílio às tropas dos Estados Unidos.

Há anos, o presídio é criticado por organizações de direitos humanos, que o acusam de promover torturas a seus detentos - nos últimos anos, terroristas envolvidos nos atentados de 11 de setembro de 2001 e nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Pois bem: a Miss Universo certamente não compartilha dessas críticas. Que o digam os elogios por ela proferidos depois da visita.

Certamente o presidente venezuelano Hugo Chavez não vai concordar nem um pouco com a opinião da mais bela filha de sua terra - ainda mais em um país em que seus habitantes acompanham o concurso de Miss Universo como se fossem brasileiros assistindo uma partida da Seleção numa Copa do Mundo. Mas ele não deixa de ter uma certa dose de culpa nisso.

A Miss tem 22 anos (fará 23 em junho). Quando Chavez subiu ao poder, ela tinha 12. Imagine o quanto a pobrezinha deve ter sofrido de lavagem cerebral, assim como os jovens de seu país que certamente devem ter perdido o senso crítico. Ou seja, ela passou a acreditar em qualquer coisa que vê, sendo altamente influenciável. De certa forma, o feitiço virou contra o feiticeiro.