Atingido por fortes chuvas desde o início do mês, o estado do Maranhão tem alguns dos piores índices de desenvolvimento humano do Brasil. Há décadas, oligarquias mandam e desmandam no estado, principalmente a família Sarney. Pensava-se que a era tinha acabado com a eleição de Jackson Lago (PDT) para governador em 2006, mas neste mês - dois anos e três meses depois da transição de cargo - o TSE anunciou a cassação de Lago (acusado de abuso de poder político durante as eleições) e do seu vice, e a confirmação da eleição da segunda colocada... Roseana Sarney (PMDB). Ou seja, tudo como antes.
Culpa da lei, que favorece esse tipo de coisa: dar ao segundo colocado - que, lembremos, não foi eleito - o cargo assim, de bandeja, por causa da punição dada ao vencedor da eleição. O mais correto seria que o presidente da Assembleia Legislativa do estado tomasse posse, de forma provisória, até que novas eleições fossem marcadas para três meses mais tarde, por exemplo. Caso faltasse menos de um ano para a eleição seguinte (o que não é o caso, pois a próxima será em 3 de outubro de 2010), o presidente da Assembleia exerceria o cargo de governador até o fim do mandato, em 1º de janeiro de 2011. Mas, num país como o Brasil, uma ideia como essa jamais iria para a frente - prevalecem, sim, somente aquelas que fazem nossa política ser uma aberração. O caso das passagens aéreas para deputados, em que vários deles usaram bem mais do que podiam, é uma boa amostra disso.
Porém, como escrevi no início deste texto, o Maranhão sofre com fortes chuvas, com milhares de desabrigados. A população precisa de ajuda, e exatamente no momento em que isso ocorre há essa briga política em que ninguém sabe o que vai acontecer ou quem fica no cargo de governador do estado. Isso sem falar nos baixíssimos índices de desenvolvimento, em grande parte causados por décadas de espoliação política.
Voltando ao assunto da cassação de Lago, eu sei que qualquer caso de corrupção ou de abuso de poder deve ser punido com severidade, mas é o caso de perguntar: será que o TSE seria tão enfático no caso não fosse Roseana do PMDB (partido da base de qualquer governo desde 1985), e filha logo do presidente do Senado? Um caso a ser pensado... e lamentado.
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