29.2.08

UMA MENSAGEM COMO ESSA, SÓ DAQUI A QUATRO ANOS

Como sabem, hoje é dia 29 de fevereiro. A particularidade de um ano bissexto como é 2008 é exatamente essa: o famoso dia a mais. Muitos não gostam disso, mas agrada-me muito esse "prolongamento" do segundo mês do ano, a cada quatro anos. Por um simples motivo: impede que o mundo fique mais monótono. Se o ano estiver sendo bom, melhor ainda: ele fica 24 horas mais longo.

25.2.08

OS FRACOS NÃO TIVERAM VEZ



A 80ª edição da entrega do Oscar coroou os irmãos Ethan e Joel Coen, competentes cineastas (e, pela segunda vez, dois diretores compartilharam o Oscar da categoria - a primeira foi com Robert Wise e Jerome Robbins, com Amor, Sublime Amor, em 1962), além de Javier Bardem, merecidamente premiado como o psicótico criminoso Anton Chigurh, como o melhor ator coadjuvante. Os irmãos Coen também ganharam o prêmio de melhor roteiro adaptado.

Os favoritos Daniel Day-Lewis (melhor ator por Sangue Negro) e Diablo Cody (vencedora do prêmio de roteiro original por Juno) também se deram bem - e logo pelos filmes que quero ver de qualquer jeito. Mas houve gratas surpresas: Marion Cotillard ganhou o Oscar de melhor atriz, pela incorporação de Edith Piaf em Piaf, um Hino ao Amor (que também ganhou o prêmio de maquiagem). Que eu me lembre, somente Sophia Loren, nos anos 60, ganhara o prêmio na categoria por um filme não falado em inglês (Fernanda Montenegro chegou perto em 1999). Além disso, O Ultimato Bourne ganhou três estatuetas: montagem, mixagem sonora e edição sonora.

23.2.08

VEJAM QUE IRONIA CAPITAL...



...duas revistas de circulação nacional, que se tratam diametralmente opostas (CartaCapital e Veja) decidiram tratar do mesmo assunto em suas capas. Até aí, nada demais - era realmente o assunto da semana: a renúncia do ditador cubano Fidel Castro. O curioso é que as duas revistas parecem ter escolhido a mesma foto para colocar na capa.

22.2.08

OS APROVEITADORES

Vocês certamente ouviram falar daquele bombardeio que a Igreja Universal do Reino de Deus e seus fiéis estão fazendo com vários setores da imprensa, principalmente os jornais Folha de S. Paulo (e a sua jornalista Elvira Lobato) e Extra - processos parecidos, mas por motivos completamente diferentes: o jornal paulistano está sendo processado (supostamente por fiéis, quando todos sabemos que não é nada disso) por causa de uma reportagem sobre o império midiático construído pela seita em 30 anos de história, o que teria feito com que fiéis sofressem hostilidades; o diário carioca, por causa de uma reportagem sobre a destruição de uma histórica imagem católica por um pastor da igreja, o que, segundo os que entraram com ações, poderia despertar a ira dos católicos.

Todos sabem - e, pelo que parece, a Igreja Universal não faz questão nenhuma de esconder - que isso tudo é apenas uma estratégia de intimidação da seita (palavra que ela própria não aceita que usem para defini-la, apesar de não ser ofensiva) para afirmar o quanto ela anda próxima do poder nos dias de hoje - tanto que o presidente Lula declarou ser "legítimas" tais intimidações. Não é por acaso. Afinal, o PRB (Partido Republicano Brasileiro, que pertence à Igreja Universal, surgido de uma dissidência do extinto PL) é o partido político do vice-presidente José Alencar. Outro braço da seita, a TV Record, fez uma reportagem - escandalosamente tendenciosa, diga-se - sobre os tais processos, endossando-os e atacando a imprensa que a critica, principalmente patrulhando a jornalista da Folha.

Como se fosse possível ignorar três décadas de curandeirismo e estelionato, fazendo com que Edir "Ou dá, ou desce" Macedo chegasse a ser preso (por pouco tempo) na década passada, a Igreja Universal desafia a lei - agora, amparada pelo governo. Não surpreende quando verifica-se que um dos principais jornalistas da Record é Paulo Henrique Amorim, que sempre favorece aquele que lhe dá mais - desde a época em que era pró-FHC (fazendo com que Lula, na época, pensasse em processá-lo) e, agora, é pró-Lula.

De todo modo, a Igreja Universal parece aquela criancinha mimada que chama a mãe só porque o vizinho de porta o chamou de feio, bobo e chato. E ainda tem a hipocrisia de clamar por tolerância, quando ela própria discrimina católicos, homossexuais e seguidores de crenças afro-brasileiras. Assim, fica difícil dialogar.

19.2.08

UM IMINENTE FIM DE ERA



Nesta quinta-feira, o líder cubano Fidel Castro renunciou definitivamente ao cargo de chefe de Estado na ilha caribenha, onde estava havia quase 50 anos e afastado desde 2006, por problemas de saúde, substituído por seu irmão Raúl, que deixa o status de "ditador provisório" para assumir o cargo de vez.

De todo modo, é um fato significativo e que deverá acarretar num fim de era (que parece ser apenas questão de tempo) para Cuba, que vive a única ditadura comunista do Ocidente nos dias de hoje, desde janeiro de 1959 - e que substituiu outra ditadura, pró-americana, de Fulgencio Baptista, derrubada por Castro e pelo guerrilheiro argentino Ernesto "Che" Guevara. Prejudicado pela falta de democracia, pelo encargo norte-americano e pelo fim da União Soviética, o país parece ter sua população ansiosa por novos tempos.

A tendência é que, no final dessa história, Cuba aja como outros países que viveram sob as sombras do comunismo. A Rússia (apesar de, vez por outra, ter saudades daquela época) e várias repúblicas do Leste Europeu, como Hungria e Romênia, se abriram ao mercado e crescem consideravelmente. China e Vietnã, apesar de ainda viverem sob essas égides, adotaram um modelo capitalista de economia.

O PRIMEIRO SAMBA-ENREDO DO CARNAVAL DE 2009

Há no mundo virtual uma excelente página intitulada Galeria do Samba, que, por sinal, recomendo àqueles que curtem o mundo do Carnaval e dos desfiles das escolas de samba. E há nessa página uma seção chamada Espaço Aberto, onde internautas discutem a respeito da festa durante o ano todo. Os assuntos de discussão são divididos em tópicos, e em um deles, dei a idéia de comporem um samba-enredo em homenagem a uma pequena cidade galesa de nome quilométrico, que está escrito abaixo:

Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogoch

Era, no mínimo, um enorme desafio para os compositores. E deu certo! Em menos de 40 minutos, o samba-enredo já estava composto. Eu e mais cinco compomos o primeiro samba-enredo do Carnaval de 2009, mesmo faltando mais de um ano (a Terça-Feira Gorda será em 24 de fevereiro do ano que vem). O título do enredo foi feito pelo compositor Bruno Sodré.

Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch Mostra Sua Cara em Therum, Rherum, Naturalium... Quero Ver se um Saco Vazio ou Cheio de Cana-Caiana Não Pára em Pé! Em Nome do Pai, do Filho e Seja o que Deus Quiser... Fui ao Lácio e Não Tinha Ninguém... Ah, por Falar Nisso, e Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch Continua Sendo...

Autores: André Silva, Bruno do Tamborim, Bruno Sodré, Daniel F. Silva e Glorioso

Vou navegar (Eu vou, eu vou)

Mares e monstros enfrentar

Em Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch desembarcar

Oh, divina luz que nos conduz

Vem de lá (ô, de lá...)

Toda a nossa inspiração

Que faz pulsar o coração

E nesse dia de folia

A sua emoção e alegria, irradia

Em suas ruas passear

Num lindo entardecer

Viajar pelos ares como Ícaro

Para o show começar

É só dizer "Parangaritotirimirruaro"

Ó, belíssima cidade! Cultura, requinte e projeção

Assim é Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogoch

Paraíso dessa nação

Sentindo no paladar o tempero de sua culinária

Que emoção... O vento sopra a paz

Divina, tu és demais

Glórias ao nosso clube altaneiro

Clwb Pêldroed Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch, tu és o primeiro

É o nosso time, meu pavilhão

Salve o clube mais que campeão

Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch

Terrinha boa que me faz feliz!

Ideal pra escrever num pin ou broche

Pra ficar perto do coração e da raiz!

Apenas este refrão é de minha autoria. Quem cantaria o samba? Pelo menos pra dizer o nome da cidade galesa, sugiro o nome de Gruff Rhys, vocalista dos Super Furry Animals.

17.2.08

RECORDAÇÕES DE VIAGEM

No fim do ano passado, como já disse aqui, viajei a Brasília passar o Natal e o Réveillon com a família da minha irmã. Prometi postar as fotos que tirei da visita à Torre de TV, um dos maiores pontos turísticos da Capital Federal e de onde pode ser visto todo o centro da cidade. Pois bem: ei-las aqui. Deleitem-se!Esta foto foi a primeira que tirei da Esplanada dos Ministérios. Só estava aprendendo a mexer com o celular, daí o fato de ter focalizado também as lâmpadas da decoração de Natal...


Esta foi a que tirei enquadrando o Conjunto Nacional, o mais antigo shopping-center brasiliense, mas que infelizmente só vi do lado de fora.


Nesta, enquadrei a Esplanada com a Catedral de Brasília, o Museu Oscar Niemeyer e, à direita, um pedacinho da Ponte JK.


Esta foi, na minha opinião, a melhor de todas que tirei: a Torre de TV vista por quem está do lado de fora.

Infelizmente, não me foram enviadas as fotos do complexo esportivo de Brasília (Estádio Mané Garrincha + Ginásio Nilson Nélson + Autódromo Nelson Piquet, com o drive-in de lambuja). Mas, num momento propício, irei postar aqui.

16.2.08

A MELHOR RESPOSTA POSSÍVEL



Neste sábado, o filme Tropa de Elite, de José Padilha, ganhou o Urso de Ouro de melhor filme do Festival de Berlim - contra tudo e todos, como uma projeção apenas com legendas em alemão (quando o normal seria em inglês), o que dificultou a compreensão de muita gente, e uma crítica detonadora de um dos mais famosos críticos de cinema do mundo, Jay Weissberg, da revista norte-americana Variety, que afirmou que a produção tem um "inescapável ponto de vista da direita" e ridiculariza "quaisquer tentativas de ativismo social".

Muitos contrários ao filme, por essas bandas, certamente vibraram com a crítica, como se fosse a única que deva ser levada em consideração. Concluo que o colunista não conheça a realidade carioca retratada no filme, que às vezes obriga a atitudes extremas justificáveis (exceção feita aos excessos e às torturas, claro). Quem viu o filme e o entendeu a fundo, sabe que Tropa não toma partido dos policiais nem recomenda combater a violência com mais violência, mas apenas dá a visão de combate ao tráfico no ponto de vista dos policiais - assim como Carandiru (outro bom filme, por sinal), de Hector Babenco, retrata o massacre no complexo penitenciário paulistano, em 1992, do ponto de vista dos presos...

De minha parte, acho que o filme retrata a realidade com perfeição. Há policiais corruptos e outros incorruptíveis, ONGs e que tais que têm alianças com bandidos, jovens financiadores do tráfico ao comprar suas substâncias ilícitas. O crítico da Variety parece não ter entendido isso.

Muitos que não gostaram do filme, o viram como feito sob medida para os mais ricos e "cansados", apelidando-o de "tropa das elites". Mas o "grosso" do sucesso do filme foi nas classes mais baixas, com os DVDs piratas que vazaram alguns meses antes da estréia. Vá entender...

Para quem quiser conferir o que escrevi a respeito do filme, na época de seu lançamento oficial nos cinemas, é só ler aqui.

12.2.08

CAÇADA IMPLACÁVEL



Ambientado no Texas de 1980, o filme Onde os Fracos Não Têm Vez, dos irmãos Ethan e Joel Coen, mostra que um faroeste competente não precisa ser ambientado no século retrasado. Uma maleta com milhões de dólares é achada no meio de sobras de uma guerra entre traficantes, em pleno deserto texano, por um caçador - que, desde então, é implacavelmente perseguido por um esquisitão e psicótico bandido munido de uma letal espingarda de ar comprimido.

Ao mesmo tempo em que tem cenas de dar susto, o filme mostra que tem um elenco bem afinado e brilhante, com destaque para Javier Bardem, fantástico no papel do bandidão Anton Chigurh, que parece matar única e exclusivamente pelo prazer de matar - o início do filme é marcado por crimes cruéis e impactantes. Bardem, oficialmente visto como coadjuvante, aparece bem mais que o protagonista Tommy Lee Jones, no papel de um xerife à beira da aposentadoria. O único senão é o penteado à Beiçola, o pior no cinema desde aquele do Tom Hanks em O Código Da Vinci.

O filme é bem trabalhado em seu roteiro, fazendo com que, mesmo nas cenas em que quase não há ação, seja questão de tempo pra que ela apareça de maneira impressionante.

A produção, premiadíssima neste início de temporada, é vista como uma das grandes favoritas ao Oscar deste ano, em que recebeu nada menos que oito indicações: melhor filme, direção (Ethan Coen e Joel Coen), ator coadjuvante (Javier Bardem), roteiro adaptado, montagem, fotografia, mixagem sonora e edição sonora.

8.2.08

PROGRAMAÇÃO NORMAL, MAS CONTINUA O CARNAVAL



A grande polêmica que agita a opinião pública nacional hoje é a farra dos cartões corporativos do governo, cujos objetivos iniciais eram dar transparência e eficiência aos gastos, mas vocês sabem como é o Brasil... Há muitas acusações de gastos exorbitantes de dinheiro público com futilidades como tapiocaria, hotéis de luxo e até sex-shops. Os gastos da reitoria da UnB (Universidade de Brasília), então, são absurdos: entre vários artigos de luxo para enfeitar o apartamento do reitor, num prédio que pertence à faculdade, uma lixeira de cerca de 900 reais!

É a comprovação do velho ditado "Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza". O grau de deslumbramento do pessoal do governo (com a desculpa de que trata-se de "gente do povo que chegou lá") anda impressionante, mesmo cinco anos depois de chegarem ao poder. Uma já dançou: Matilde Ribeiro, aquela que disse certa vez que racismo de negro não era considerado racismo, deixou a secretaria de Igualdade Racial. O ministro dos Esportes, Orlando Silva Jr., gastou pouco mais de oito reais em tapioca, usando o seu cartão corporativo.

O pior é o governo querer tapar o Sol com a peneira ao querer investigar gastos do governo anterior, como se isso justificasse alguma coisa. Não vai adiantar nada culpar o governo anterior pelas mazelas do atual. É algo tão simples: assumir os erros, investigar e aplicar a Lei. Só isso.

6.2.08

SERÁ QUE ALGUÉM VAI PARAR A BEIJA-FLOR?



Não se sabe se, algum dia, as suspeitas de manipulação do Carnaval no ano passado serão comprovadas. Não se sabe o grau de lisura dos jurados no desfile deste ano, nem se isso iria fazer alguma diferença. Mas o fato é que a Beija-Flor de Nilópolis se sagrou, mais uma vez de forma incontestável, campeã do Grupo Especial.

O bicampeonato veio com 1,3 ponto de diferença em relação ao vice-campeão Salgueiro - apenas um décimo a menos do que a diferença sobre a Grande Rio no ano passado. Mais um título tranqüilo, ainda que tenha havido algumas surpresas.

A mais agradável delas foi a Portela, que precisava mesmo dar uma incrementada na sua auto-estima, terminar em quarto lugar, fazendo com que a maior campeã do Carnaval voltasse ao Desfile das Campeãs depois de dez anos. Realmente, a agremiação de Madureira fez um belo desfile, ainda que com um tema meio óbvio para os dias de hoje.

Mas os jurados, mais uma vez, foram as "estrelas" da apuração. A Grande Rio, que parece ter um lugar previamente cativo no sábado seguinte ao desfile oficial, acabou na terceira posição, mesmo com um desfile irregular e cheio de erros. A Viradouro, com o sétimo lugar, e a Mocidade (apontada como uma das favoritas para ocupar uma das seis primeiras posições), em oitavo, ficaram de fora. O décimo lugar da Mangueira confirmou um Carnaval para ser esquecido pela verde-e-rosa. A briga contra o rebaixamento foi a mais acirrada dos últimos quatro anos, e a São Clemente de novo pagou o pato (ficou apenas sete décimos atrás da Porto da Pedra).

Merecidamente, o Império Serrano conquistou o título do Acesso, voltando ao Especial e querendo acabar com o estigma de que toda escola recém-promovida é séria candidata ao descenso.

Amanhã, a programação voltará ao normal. Mas em 2009 tem mais.

5.2.08

QUEM VAI GANHAR? NÃO FAÇO IDÉIA



Diferentemente do chatinho primeiro dia, o segundo dia do desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio foi cheio de grandes momentos - mesmo porque, entre outros aspectos, São Pedro deu uma boa colaborada.

A primeira grande surpresa foi com a Mocidade, que tenta se recuperar de uma queda-livre (vem perdendo posições desde 2003). No ano passado, a verde-e-branco de Padre Miguel quase foi rebaixada - talvez por isso, seus componentes tenham vindo com tanta disposição de virar o jogo. Deu certo: com garra e beleza, a escola fez seu melhor desfile (o samba-enredo sobre as lendas que envolviam o rei Sebastião, de Portugal, ajudou) em muito tempo.

A Unidos da Tijuca confirmou a sua boa fase ao levar à Avenida seu enredo sobre coleções. Ainda com muitas influências da Era Paulo Barros, a escola do Borel fez uma apresentação animada que lhe dá esperanças de, enfim, abiscoitar o título.

A Imperatriz, pelo contrário, não conseguiu aproveitar o seu ótimo samba-enredo (o melhor do ano) sobre a relação de Dom João VI com todas as Marias de sua vida. Mais um desfile técnico de Rosa Magalhães a não conseguir empolgar nem seus componentes, apesar do luxo das alegorias. Um destaque positivo foi a volta da eterna rainha Luiza Brunet à frente da bateria.

A Vila Isabel vinha fazendo um desfile bonito e luxuoso (apesar do samba-enredo fraco) sobre os trabalhadores do Brasil, até que o último carro, com dificuldades de entrar na Avenida (abriu um buraco enorme que deverá prejudicar as notas de Evolução), pôs tudo a perder.

A Grande Rio, com seu enredo sobre a reserva de gás da cidade amazonense de Coari, não repetiu as boas atuações dos últimos anos. As alegorias e fantasias eram confusas e de difícil assimilação, e o enredo também não ajudava muito. Além disso, teve um problema semelhante ao da Vila Isabel, com dificuldades na entrada de um carro que abriu um buraco na Avenida.

Mas uma coisa é certa: mais uma vez, quem quiser ser campeã terá que, primeiramente, bater a Beija-Flor (foto). A escola de Nilópolis novamente fez um desfile tecnicamente perfeito, homenageando a cidade de Macapá. Alegorias e fantasias luxuosas e a animação da comunidade nilopolitana deram o tom da apresentação.

Mas não faço a menor idéia de quem será a campeã. As suspeitas que pairaram sobre o resultado do Carnaval no ano passado, em que a Beija foi campeã, podem influenciar na decisão dos jurados. O desfile de segunda-feira foi muito superior ao de domingo, mas este também teve bons momentos. Aposto na Beija-Flor, no Salgueiro ou na Viradouro, com Unidos da Tijuca, Vila Isabel e Mocidade correndo por fora.

4.2.08

UM PRIMEIRO DIA MODORRENTO



É impressão minha ou os carros alegóricos do Grupo Especial deste ano estão bem menores do que no ano passado? Tive essa impressão ao assistir ao primeiro dia do desfile das escolas de samba da elite do Carnaval carioca, nesta madrugada. Além disso, as seis agremiações pareciam estar num desânimo só, com poucas justificativas para lutar pelo título, apesar de alguns bons momentos.

A São Clemente abriu o desfile contando, com seu tradicional bom humor, a história da chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, há 200 anos. A escola de Botafogo defendeu com garra o seu enredo, e tem esperanças de permanecer entre as grandes.

A Porto da Pedra, de São Gonçalo, homenageou o centenário da imigração japonesa no Brasil com um desfile que não chegou a empolgar, mas que também contou com o humor em suas alegorias. Como o esperado, o desfile contou com muitos integrantes da comunidade nipônica.

O Salgueiro protagonizou o primeiro desfile mais animado da noite. Cantando o espírito carioca em seu enredo, a vermelho-e-branco da Tijuca contou com alegorias ensolaradas e uma bateria competente. Mesmo com um tema recorrente no Carnaval, a escola deu bem o seu recado.

Mesmo com um enredo politicamente correto demais - o aquecimento global e os cuidados que o Homem tem que tomar com a Natureza -, a Portela fez um desfile muito bonito e animado, cheio de garra e beleza, de forma multicolorida, sem deixar o azul e branco de lado. Na minha opinião, o melhor desfile do domingo.

O mesmo não se pode dizer da Mangueira, que começou bem, mas foi se arrastando aos poucos, no desfile em que (com um ano de atraso) homenageou o centenário do frevo. Talvez a comunidade mangueirense tenha sentido um pouco - apesar dos esforços para reverter a situação - a sucessão de escândalos de que sua escola foi alvo, nos meses que antecederam o Carnaval, inclusive com um dos maiores chefes do tráfico do morro sendo um dos compositores do samba-enredo deste ano.

A Viradouro novamente contou com a criatividade de Paulo Barros para levar à Avenida um enredo sobre o arrepio, para o Bem e para o Mal. E o fez de forma a surpreender quem assistia ao desfile, inclusive com direito a foliões "degolados", baratas gigantes e um protesto contra a proibição ao carro que fazia alusão ao Holocausto (foto). De certa forma, um desfile original. Só resta saber o que os jurados vão achar.

Amanhã, escreverei sobre o segundo dia.

É HOJE O DIA!


3.2.08

EM BUSCA DA ÚNICA VAGA NA ELITE...



...do Carnaval carioca em 2009, dez escolas entraram na Sapucaí para o desfile do Grupo de Acesso. Uma coisa é certa: as escolas impuseram um nível técnico bem superior ao do chocho desfile do ano passado, quando apenas a campeã São Clemente foi apontada como candidata digna ao acesso para o Grupo Especial. Tanto que, desta vez, três escolas surgem como favoritas ao título, com outras duas correndo por fora.

A grande favorita é, sem dúvidas, o Império Serrano (foto), que fez uma nova homenagem a Carmen Miranda, numa ótica diferente daquela campeã de 1972. Ainda que o samba-enredo não tenha agradado no disco, a canção cresceu enormemente no desfile, realizado debaixo de uma chuva torrencial. A falta de dinheiro foi compensada com muita criatividade pelos carnavalescos Márcia Lávia e Renato Lage, que também farão expediente pelo Salgueiro. A bateria imperiana (considerada por muitos a melhor do Rio) cumpriu o seu papel com brilhantismo, não deixando a peteca cair em momento algum.

Também fizeram ótimos desfiles, apesar de alguns percalços, Estácio de Sá e União da Ilha, dando-lhes esperanças de superar o favoritismo imperiano. A escola da Ilha do Governador, cuja irreverência faz muita falta para o Grupo Especial (foi rebaixada em 2001 e não subiu mais, sendo vice-campeã do Grupo de Acesso em duas oportunidades), fez um desfile empolgante reeditando o samba-enredo É Hoje, de 1982, e está nas cabeças. A Estácio fez um enredo bem original (a relação entre o homem e as previsões para o futuro) e também tem chances.

Correm por fora Caprichosos (que surpreendeu com sua garra, mesmo com um enredo claramente caça-níqueis, a cidade de Itaboraí) e Santa Cruz (outra escola que não foi ajudada pelo enredo - um paralelo entre a chegada da Família Real e a cidade de Itaguaí - e ainda teve problema em um de seus carros, em que o suporte da fantasia do destaque caiu do alto; fora isso, fez um desfile correto).

Destaques negativos do Acesso: pelo segundo ano seguido, a Rocinha levou um número de baianas inferior ao estipulado pelo regulamento; e os problemas nos desfiles de Cubango e Lins Imperial, que tiveram graves defeitos em alguns de seus carros. Estas duas últimas (cujos sambas-enredo, ironicamente, são vistos por mim como os melhores inéditos do Grupo de Acesso deste ano) são vistas como as mais fortes candidatas ao rebaixamento para o Grupo B.

Amanhã, opino sobre o primeiro dia do Grupo Especial.

SE É TÃO POPULAR, POR QUE O TEMOR?

Versão virtual da coluna Radar, de Lauro Jardim, da Veja:

LULA NO SAMBÓDROMO?...

É praticamente certo: Lula não pisará no Sambódromo. Nem no domingo, nem na segunda-feira. Foi convidado para o camarote de Sérgio Cabral, disse ao governador que queria ir com Marisa Letícia, mas as vozes da cautela venceram - ou "o medo venceu a esperança", para usar um antigo mote petista. O risco de uma vaia ritmada com pandeiro e tamborim falou mais alto.

É a velha questão: as pesquisas dizem que Lula tem altos índices de popularidade. Mesmo assim, levou uma das maiores vaias da história do Maracanã, na abertura dos Jogos Pan-Americanos. Temendo um repeteco, dispensou sua ida à Marquês de Sapucaí neste Carnaval. Isto posto, cabe a pergunta: o que está errado, as pesquisas pró-Lula ou a classe média "vaiadora"? Se o presidente se julga tão popular, por que ele tem tanto medo de dar a cara a tapa?

Segue o baile:

...OU NO TRIO ELÉTRICO DE SALVADOR?

Agora, é Jaques Wagner quem insiste com Lula para que vá pelo menos um dia a um camarote do Carnaval baiano ver os trios elétricos passarem. Lula não deve ir. Está evitando qualquer compromisso que possa chamuscar sua popularidade. Do lado de Wagner, o argumento em favor de sua ida é o seguinte: o barulho ensurdecedor dos trios abafaria qualquer possibilidade de vaia. O mais certo, porém, é que Lula se recolha numa praia qualquer.

O presidente anda "cauteloso" demais, hein? Será que ele teme os carlistas baianos que assistem à festa soteropolitana? Só falta temer as vaias dos banhistas da tal "praia qualquer"...

1.2.08

ÀS VEZES, PODE SER TARDE DEMAIS PARA SE ARREPENDER



O filme Desejo e Reparação, de Joe Wright, ensina uma coisa muito importante a seus espectadores: não aja por impulsos querendo se vingar de uma paixão não correspondida, ou irá se arrepender para o restante da sua existência. Pelo menos foi essa a impressão que eu tive ao assistir ao final da película baseada no livro Reparação, de Ian McEwan (aliás, por que diabos o filme se chama Desejo e Reparação? Isso tem cara de oportunismo, visto que o filme anterior de Wright se chamava Orgulho e Preconceito, também estrelado por Keira Knightley...). Mas é claro que não vou contar pra não estragar a surpresa. Para entender o título deste texto, só assistindo ao filme.

Por sinal, a irmãzinha vingativa da protagonista é o grande destaque do filme, pela manipulação do destino da irmã mais velha e de seu amado, filho do caseiro da mansão em que mora. Uma sucessão de mal-entendidos mexe com a vaidade da menina, que presta testemunho contra o cunhado. As conseqüências são absolutamente irreversíveis - e, por isso mesmo, o filme é tão bom e chega a emocionar.

O filme teve sete indicações ao Oscar 2008: melhor filme, atriz coadjuvante (Saoirse Ronan), roteiro adaptado, fotografia, direção de arte, figurino e trilha sonora.