29.7.09

MAIS ALGUMA DÚVIDA?



Este é o post de número 500 da história deste Amenidades & Bobajadas, em pouco mais de quatro anos de história, e o assunto não poderia ser mais pertinente: o possível (e cada vez mais cristalino) envolvimento do chamado "socialismo bolivariano" com grupos paramilitares. Foram encontradas pelo exército colombiano, em poder das FARC, armas de fabricação sueca que haviam sido vendidas à Venezuela há cerca de 20 anos - o que foi confirmado pelo governo da Suécia. A apreensão ocorreu no ano passado, mas foi confirmado somente nesta segunda-feira pelo vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos.

Francamente? Surpresa nenhuma. Todos sabemos que o regime de Hugo Chavez quer porque quer implantar um regime ultraesquerdista na América Latina, nem que seja na marra. E o faz por meio de populismo barato (que fracassou aqui no Brasil, mais precisamente no estado do Rio de Janeiro, duas décadas atrás), influência nefasta e intrusiva sobre países vizinhos, intimidações sobre aqueles a quem são contrários, reeleições infinitas (disfarçadas de "pleitos democráticos"), apoio a ditaduras antiamericanas e antissemitas mundo afora... Enfim, tudo aquilo que favoreça a implantação de um pensamento único, assim como único é o partido que Chavez quer para a "democracia venezuelana", bem ao modo das ditaduras comunistas ainda vigentes, como Cuba (o grande modelo) e Coreia do Norte, para ficar em dois exemplos.

O mais grave disso tudo, sem dúvida, é o apoio a grupos terroristas, por eles chamados de "resistentes" ou "militantes". As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia são um exemplo dessa "resistência". O Hamas, o Hezbollah e até a Al-Qaeda, que contam com a simpatia de vários simpatizantes da extrema-esquerda, também. Não é recomendável uma divisão das forças entre Bem e Mal, mas a atual conjuntura não está nos dando outra saída.

Todos sabemos que o ex-presidente norte-americano George W. Bush nunca foi flor que se cheirasse. Sua eleição, em 2000, foi lamentada, e a sua reeleição em 2004, mais ainda. Apesar de seu jeito abilolado e de ter uma política antiterrorista que beirava a insanidade, no entanto, ele tinha uma política - que, mal ou bem, funcionava. O atual presidente, Barack Obama, na ânsia de romper com tudo que Bush representava, perdeu a mão no trato com o terrorismo. Aproximou-se de inimigos, sem estabelecer uma distância segura; afastou-se de aliados mais próximos e acabou, mesmo sem querer, deixando o mundo mais perigoso. Mesmo assim, Obama é acusado por Chavez de usar a aliada Colômbia como "trampolim" para atacar a Venezuela. No mínimo, bem ironicamente, o bufão bolivariano está sendo bem ingrato com o semimessiânico chefe da Casa Branca... Pra vocês verem como a ideologia é capaz de cegar as pessoas.

28.7.09

A MELHOR COISA É SER PARENTE DO SARNEY (E A PASSIVIDADE DO SENADO)


Se alguém ainda me lê, peço desculpas pelas poucas atualizações neste blog (falando nisso, o próximo texto será o de número 500 em quatro anos de existência). É que obrigações profissionais me impedem de atualizá-lo com maior frequência. Por isso, demoro um pouco para falar sobre mais um escândalo envolvendo o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Sabe-se que ele intercedeu em favor da contratação, sem concurso, do namorado de uma neta para trabalhar na Casa, com a providencial ajuda do então diretor geral Agaciel Maia. Isso prova a falta de limites ora existente no Senado, fazendo com que os seus integrantes acabem se achando acima do Bem e do Mal - e, ainda por cima, com o apoio do governo, que ficará com as calças na mão se Sarney sair da presidência, ainda que sob licença. É cansativo ficar falando sobre esse assunto, mas sinto que é exatamente o que eles querem: que ele seja esquecido por outros fatos de momento.

Torna-se essencial para a opinião pública - o que passa pela imprensa - pressionar os senadores a fazer alguma coisa, nem que seja para estancar essa hemorragia que aos poucos mata o Congresso. Eles parecem passivos, acomodados, relapsos, sem reação alguma. Parecem esperar as eleições do ano que vem, e ainda faltam pouco mais de 14 meses. O Brasil já viu esse filme, de 2005 para 2006, e não gostou nada do final.

24.7.09

ISSO É FATO...

...se José Sarney não sair já da presidência do Senado, o Congresso estará desmoralizado para todo o sempre.

15.7.09

AS MARAVILHAS DA SUPLÊNCIA SENATORIAL E O QUE FAZER PARA DIFICULTÁ-LAS



Deve ser uma maravilha ser suplente de senador. Ficar na aba do senador eleito, não fazer nada por pelo menos dois anos e aparecer um pouco na hora do vamos-ver são atribuições básicas do suplente de senador. Imagine então o segundo suplente, quando ele está em exercício, o que não deve aprontar. É exatamente essa a situação do senador em exercício Paulo Duque (PMDB-RJ).

Em 2002, Sérgio Cabral Filho foi eleito senador. O primeiro suplente era Régis Fichtner; o segundo, Paulo Duque. Quatro anos depois, Cabral foi eleito governador do estado do Rio de Janeiro e Fichtner foi nomeado secretário da Casa Civil. Consequentemente, Duque herdou dos dois o cargo no Senado. Foram dois anos de total ostracismo, em que poucos ouviam falar dele. Até que decidiram fazê-lo aparecer...

O presidente do Senado e correligionário de Duque, José Sarney, maranhense que representa o Amapá e é acusado de várias irregularidades no exercício do cargo, está sendo investigado pelo Conselho de Ética. O senador inicialmente designado para presidir o Conselho, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), desistiu de fazê-lo. Renan Calheiros (PMDB-AL) queria um nome ligado a ele, e a base governista chegou ao nome do ex-vice-suplente fluminense. Os oposicionistas boicotaram a votação e Duque ganhou a presidência da Comissão.

Antes tivesse ficado apenas nisso. Mas tem mais: o senador em exercício afirmou desconhecer denúncias contra Sarney (o cúmulo do corporativismo, que beira a cegueira) e que não há independência total na política (coisa que até o gato cego de estimação da minha vizinha sabe). Ditos típicos de quem está ali por puro acidente. Pensar que ele está lá porque milhões de pessoas votaram em um senador titular sem sequer saber o nome de seus suplentes.

O ideal seria que o cargo de suplente de senador fosse extinto. Afinal, é uma inutilidade existente apenas no Brasil. Se um senador tivesse que se afastar do cargo, o candidato que terminou imediatamente abaixo dele na eleição assumiria a vaga. Mas como soluções fáceis quase nunca são adotadas no Brasil, cabe ao eleitor fazer sua parte no ano que vem, e isso serve também para o Senado. Em 2010, dos 81 senadores, 54 serão eleitos, dois por estado e também no Distrito Federal. Caberá a nós, os eleitores, renovar o Senado, o que é extremamente necessário. Não só checar a vida de cada candidato, a sua biografia, as suas propostas, mas também saber quem são os seus suplentes e conhecê-los a fundo. Afinal, um deles pode influenciar sua vida nos oito anos seguintes à eleição...

DIZ-ME COM QUEM ANDAS...



...que eu te direi quem és. Essa foi a frase que me veio à cabeça quando vi a foto ao lado, com o ex-presidente e atual senador Fernando Collor (PTB-AL) aplaudindo Lula. Foi num discurso do atual presidente no interior alagoano, no qual ele defendeu os também senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), seus também ex-rivais e atuais aliados, de críticas recebidas pela sociedade nos últimos tempos.

É uma demonstração de que o poder transforma e faz qualquer coisa ser perdoável. Mesmo casos de corrupção comprovados - e não estou falando daqueles que levaram ao impeachment de Collor em 1992. Tanto que Lula defende Calheiros e Sarney com unhas e dentes (mesmo porque estará em maus lençóis se fizer o contrário) e tornou-se o mais novo "amigo de infância" do Caçador de Marajás.

E eu pergunto: se o Brasil tivesse uma oposição tão ativa quanto na época de Collor ou mesmo na de FHC, a essa hora não estaria sendo discutido um plano de campanha convincente para o ano que vem? Certamente. Mas não há nenhum oposicionista que convença como potencial candidato em 2010. Dessa forma, com a oposição relapsa que temos, qualquer um que se apresente como governista já larga em vantagem. Haja paternalismo em mais quatro anos. Ou mais oito, se nada for feito até lá.

13.7.09

A QUENTE BATALHA TELEVISIVA

Está na Folha Online:

Ataque do SBT à Record já custa R$ 100 milhões, diz "Ooops!"

da Folha Online

O contra-ataque que Silvio Santos está fazendo à Record, após a contratação de Gugu Liberato, irá custar ao empresário R$ 100 milhões até 2012, informa a coluna "Ooops!", do UOL.

De acordo com informações da coluna, este é o gasto estimado que a emissora terá apenas com os salários de seus mais recentes contratados: o novelista Tiago Santiago, o diretor Paulo Franco e os apresentadores Roberto Justus e Eliana.

Segundo a coluna, é possível que o valor estimado ainda dobre até o final do ano com a contratação de atores, produtores, cenógrafos e figurinistas, já que se especula que o SBT esteja atualmente preparando um "ataque" à dramaturgia da Record.

Segundo a "Ooops!" apurou, Silvio Santos vai fazer de 2010 o ano da dramaturgia e dos filmes na emissora. Do outro lado, a Record deve investir ainda mais em reality shows e, já em outubro, deve estrear a segunda temporada de "A Fazenda".

Sei que não faz diferença alguma, mas tem gente no Jardim Botânico adorando essas notícias...

12.7.09

UMA COISA É CERTA NESTE ANO...

...2009 está sendo o ano de dois cantores que correm o sério risco de saturarem os próprios fãs de tanto que falam deles. Um é Michael Jackson. E o outro é Roberto Carlos.

6.7.09

ALGO QUE CERTAMENTE PASSARÁ BATIDO...



...será a reação do Exército chinês a muçulmanos da etnia uigur que protestavam nas ruas da cidade de Urumqi, localizada na província de Xinjiang. Segundo informações vindas de Pequim, pelo menos 140 pessoas morreram e houve 800 feridos. Esse foi resultado de protestos dos uigures contra o que consideram atos discriminatórios da etnia han, que corresponde a 90% da maior população do mundo.

Pois bem: como disse no título, isso passará em brancas nuvens - pelo menos para os ditos "progressistas" de todo o planeta, que fazem condenações a seu bel prazer, relativizando (quando não ignorando) o que seus ídolos e modelos de governo andam fazendo. A Guerra do Iraque e a ofensiva israelense em Gaza, por exemplo, foram condenados pelas esquerdas com veemência, assim como a derrubada do presidente de Honduras (até onde se sabe, dentro da Constituição do país), ao passo que esses mesmos arautos da justiça social deixam pra lá as agressões da Guarda Revolucionária Iraniana sobre cidadãos nas ruas de Teerã, os testes nucleares norte-coreanos, os massacres culturais do governo da China sobre as minorias... É a velha indignação seletiva em ação.

3.7.09

UM CASO POLÊMICO: NECESSÁRIO OU PERIGOSO?



O golpe militar que destituiu o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, é visto por muitos como a recordação de um período de pouca democracia no continente americano, e por outros como um aviso de que a democracia deve ser preservada, mesmo que por métodos pouco ortodoxos. Afinal, Zelaya se aproximava do bloco chavista-bolivariano e começava a querer adotar seus métodos, como projetos de estender mandatos e tentar seguidas reeleições, contrariando cláusulas pétreas da Constituição do país.

Se levarmos isto em consideração, podemos concluir que as Forças Armadas hondurenhas fizeram uma deposição preventiva, garantindo a realização das eleições marcadas para este ano, podendo até antecipá-las. Problema será se resolverem imitar os brasileiros dos anos 60, que apegaram-se ao poder depois de derrubarem o então presidente João Goulart, acusando-o de querer implantar um regime comunista no país... por mais razão que tenham tido. Nessa levada, eles ficaram quase 21 anos no poder. Que isso não ocorra em Honduras, e o processo democrático siga com normalidade.

1.7.09

SAI, SARNEY, NINGUÉM TE QUER MAIS



Um grande mistério que nos assola hoje é a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado. A sucessão de escândalos que envolvem seu nome é grande e faz vários partidos (muitos ex-aliados, como os partidos que o ajudaram a se eleger) pressionarem Sarney para que renuncie à presidência da Casa ou, pelo menos, se licencie. Mesmo o PT, ex-rival ferrenho e atual aliado incondicional (a ponto de o presidente Lula defendê-lo publicamente, dizendo que ele teria história suficiente para que não seja tratado como "pessoa comum" - o que faz um certo sentido, pois se não estivéssemos no Brasil, Sarney certamente seria punido mesmo sem ser comum), recomenda a licença, que vem sendo por ele recusada.

Todos sabemos que o Senado vive a maior crise de seus mais de 180 anos de história. Muitos senadores estão envolvidos em maracutaias (nenhuma novidade), fazendo com que um lamaçal seja sentido nos corredores do Congresso Nacional - mais uma vez, diga-se. A renúncia de Sarney seria apenas o primeiro ato de um imenso caminho de moralização, que passaria pelas eleições do ano que vem. Mas nós, os eleitores, teremos que colaborar para diminuir a vergonha que os políticos nos fazem passar. Isso leva tempo e capacidade de discernimento, e não creio que o eleitorado brasileiro em geral tenha disposição para se esforçar em conhecer, preferindo o velho esquema imediatista de sempre.