15.7.09

AS MARAVILHAS DA SUPLÊNCIA SENATORIAL E O QUE FAZER PARA DIFICULTÁ-LAS



Deve ser uma maravilha ser suplente de senador. Ficar na aba do senador eleito, não fazer nada por pelo menos dois anos e aparecer um pouco na hora do vamos-ver são atribuições básicas do suplente de senador. Imagine então o segundo suplente, quando ele está em exercício, o que não deve aprontar. É exatamente essa a situação do senador em exercício Paulo Duque (PMDB-RJ).

Em 2002, Sérgio Cabral Filho foi eleito senador. O primeiro suplente era Régis Fichtner; o segundo, Paulo Duque. Quatro anos depois, Cabral foi eleito governador do estado do Rio de Janeiro e Fichtner foi nomeado secretário da Casa Civil. Consequentemente, Duque herdou dos dois o cargo no Senado. Foram dois anos de total ostracismo, em que poucos ouviam falar dele. Até que decidiram fazê-lo aparecer...

O presidente do Senado e correligionário de Duque, José Sarney, maranhense que representa o Amapá e é acusado de várias irregularidades no exercício do cargo, está sendo investigado pelo Conselho de Ética. O senador inicialmente designado para presidir o Conselho, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), desistiu de fazê-lo. Renan Calheiros (PMDB-AL) queria um nome ligado a ele, e a base governista chegou ao nome do ex-vice-suplente fluminense. Os oposicionistas boicotaram a votação e Duque ganhou a presidência da Comissão.

Antes tivesse ficado apenas nisso. Mas tem mais: o senador em exercício afirmou desconhecer denúncias contra Sarney (o cúmulo do corporativismo, que beira a cegueira) e que não há independência total na política (coisa que até o gato cego de estimação da minha vizinha sabe). Ditos típicos de quem está ali por puro acidente. Pensar que ele está lá porque milhões de pessoas votaram em um senador titular sem sequer saber o nome de seus suplentes.

O ideal seria que o cargo de suplente de senador fosse extinto. Afinal, é uma inutilidade existente apenas no Brasil. Se um senador tivesse que se afastar do cargo, o candidato que terminou imediatamente abaixo dele na eleição assumiria a vaga. Mas como soluções fáceis quase nunca são adotadas no Brasil, cabe ao eleitor fazer sua parte no ano que vem, e isso serve também para o Senado. Em 2010, dos 81 senadores, 54 serão eleitos, dois por estado e também no Distrito Federal. Caberá a nós, os eleitores, renovar o Senado, o que é extremamente necessário. Não só checar a vida de cada candidato, a sua biografia, as suas propostas, mas também saber quem são os seus suplentes e conhecê-los a fundo. Afinal, um deles pode influenciar sua vida nos oito anos seguintes à eleição...

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