28.7.11

É isso a direita?

do Blog de Marcos Guterman:

A direita europeia tem crescido de maneira exponencial. Seu mantra é a crítica à fraqueza do mundo político ante os imigrantes, à venalidade do Parlamento e à inação em relação à crise econômica. Embora seu discurso não poupe virulência contra muçulmanos, imigrantes e esquerdistas, a maioria dos direitistas da Europa não prega a eliminação física dos seus desafetos nem sai explodindo bombas por aí. Mas isso é irrelevante: para comentaristas de esquerda, Breivik representa o "clima pesado" que a direita "semeou" na Europa. Houve até quem classificasse Breivik como "a cara do terror cristão".

Leia mais aqui.

27.7.11

O terrorismo é um mal, não importa de onde venha




Responda: o que leva um sujeito bem nascido e criado em um dos países mais pacíficos e desenvolvidos do planeta a cometer um ato insano de tal forma que traumatize esse país? Não consigo pensar em outra coisa senão pura e simples sociopatia, ou o terrorismo cometido pelo norueguês Anders Behring Breivik na região de Oslo, semana passada, não teria qualquer outra explicação convincente.


O maior atentado cometido na Noruega desde a Segunda Guerra Mundial fere toda a calmaria que existe no país escandinavo - para se ter uma ideia, praticamente não existem leis mais severas contra crimes comuns, e a pena máxima para delitos graves costuma ser de 21 anos de prisão, nove anos a menos que a do Brasil, que já tem uma legislação considerada branda demais.


Manifestos escritos pelo ultradireitista Breivik revelam o combate a políticas de imigração e ao crescimento do islamismo na região, considerando-se que estes eram incentivados pelo atual governo, de centro-esquerda. Tudo leva a crer que Breivik planejou e agiu sozinho, visto que ainda não há provas de seu envolvimento com movimentos de extrema-direita. De todo modo, não deixa de ser terrível que todo um país acabe sacudido por um demente que resolve destruir vidas inocentes, aparentemente sem motivo algum, ameaçadoramente ferindo a sólida democracia norueguesa.

18.7.11

O preço injusto pago pela incompetência alheia



Na semana passada, um episódio passado no interior de Goiás, perto do Distrito Federal, mostra como o Brasil é o país em que as coisas se invertem e poucos acham absurdo. Cansado de ter sua casa constantemente invadida pelo mesmo bandido enquanto estava viajando, um cidadão decidiu construir uma armadilha, à base de pólvora, utilizando canos e uma ratoeira. O artefato funcionou quando o assaltante novamente invadiu a residência, matando-o em seguida. Eis, contudo, que o dono da casa pode ser condenado por homicídio doloso, correndo o risco de pegar até 30 anos de cadeia. Leia mais aqui.


O caso mostra como é absurda a inversão de valores que querem impor a nossa sociedade, assim como o preço que os cidadãos de bem acabam pagando por causa da incompetência daqueles que deveriam nos proteger - isso quando estes não resolvem defender os bandidos, como acontece constantemente aqui no Brasil, e está ocorrendo nesta ocasião. Invasão de domicílio é crime, e o remédio para aqueles que se sentem desamparados pelo poder público é a autodefesa. Senão, a bandidagem acaba fazendo a festa.


O mais absurdo disso tudo (como se isso tudo já não fosse absurdo o suficiente) é o fato de o dono da casa ser acusado de porte ilegal de arma. Como, se foi ele próprio que construiu a arma? Seria um caso inédito no mundo: o de porte ilegal de algo construído pelo próprio acusado. Algo completamente sem sentido. Porém, mais comum do que se imagina neste país chamado Brasil...

11.7.11

Você odeia o Chico Buarque?

De Walter Carrilho: Jornalismo Boçal:

As pessoas não odeiam Chico. Nem eu. Pelo contrário, gosto de sua obra. Mas para mim, não existem vacas sagradas. Só que por aqui achamos que celebridades devem ser idolatradas sem restrição. E elas se assustam quando encontram alguém que não concorde com elas.

Talvez, se não houvesse essa divisão entre "eles" e "nós" o povo não mostrasse "seu ódio". Estamos apenas fartos de tanta lambeção de saco. Não só no Chico. Mas em todos os ídolos intocáveis que são aplaudidos até quando arrotam.


Leia o texto completo aqui.

8.7.11

Vai sonhando, Marina!



A ex-senadora e candidata à presidência da República no ano passado, Marina Silva, anunciou ontem sua saída do PV, sob a argumentação de que encontrou no referido partido o mesmo pensamento fisiológico que havia encontrado no PT, de onde saíra em 2009. No seu ato de desfiliação, Marina afirmou que não é hora de ser pragmático em relação à política, mas "sonhático" - referindo-se a um pensamento seu sobre o futuro, ou seja, a possibilidade de se candidatar novamente à Presidência, em 2014.


Ora, bolas: fisiologismo existe em todo lugar e em todo partido político, não tem jeito. Como todo cidadão, eu também gostaria de ter à minha escolha partidos que fossem coerentes o tempo todo. Mas isso não existe. Se Marina se filiar, por exemplo, ao PSOL, certamente encontrará lá o mesmo fisiologismo que viu no PT e no PV. Se ela conseguir fundar um novo partido, será questão de tempo para que a agremiação sofra disso também. Isso não é bom por dar brecha a interesses escusos, mas acabou sendo comum na política brasileira.


Grande parte disso é culpa de própria lei eleitoral brasileira, que obriga os candidatos a serem filiados a partidos políticos pelo menos um ano antes da eleição. A liberação de candidaturas independentes, sem interferência ou influência direta dos partidos, seria o ideal. Assim, o eleitor teria mais e, quem sabe, melhores opções para fazer suas escolhas. Mas, enquanto isso não acontece, ficamos dependentes da cultura partidária. A políticos como Marina Silva, que buscam um mundo perfeito e sem males enquanto se consagram basicamente entre votos de protesto e que buscam um terceira via (como foi o meu caso), então, só restará... sonhar.

5.7.11

A morte de Itamar Franco e a questão da suplência




Sábado passado, morreu de complicações causadas por uma pneumonia (no meio de um tratamento de leucemia) o senador (PPS-MG) e ex-presidente da República (1992-1995) Itamar Franco, chefe máximo da nação quando da implantação do Plano Real, em 1994. Itamar, também ex-governador de Minas Gerais (1999-2003), estava no seu terceiro mandato no Senado (1975-1983 e 1983-1989 - saiu para concorrer à vice-presidência da República, na chapa de Fernando Collor, do PRN). É reconhecido que, durante seu curto mandato, o país tenha vivido um grande período de prosperidade e defesa da ética na política.


O terceiro mandato de senador de Itamar Franco durou apenas cinco meses, o que traz à tona uma questão sobre algo existente apenas em território brasileiro: o cargo de suplente de senador. Pouco antes da campanha eleitoral, constatava-se que a coligação de apoio à reeleição do governador mineiro Antônio Anastasia (PSDB) era ampla, com muitos partidos. Os candidatos ao Senado, que acabariam eleitos, eram Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS). Cada candidato a senador tem que inscrever dois suplentes (o que às vezes serve para contemplar o maior número possível de partidos em uma coligação), evidente absurdo para o eleitorado, visto que dá margem a aventureiros no Senado Federal, já que as únicas exigências para ocupação do cargo são o fato de o candidato ter pelo menos 35 anos de idade e ser filiado a um partido político no mínimo um ano antes do pleito. Resultado: quando um senador morre (caso de Itamar) ou se afasta para ocupar outro cargo (como a atual ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann [PT-PR], substituída por Sérgio Souza, do PMDB), é o suplente que ocupa seu lugar. Em suma: um senador sem voto.


Os próprios mineiros têm exemplos recentes, como Wellington Salgado de Oliveira (PMDB), que - mesmo sem ter recebido um voto sequer - ocupou durante anos o cargo de senador (ele era suplente de Hélio Costa, que saiu para ser ministro das Telecomunicações), ou Clésio Andrade (PR), suplente de Eliseu Resende (DEM), também falecido este ano - o que faz de Aécio Neves o único senador mineiro a estar lá pelo voto. Aqui no Rio de Janeiro, tivemos o caso de um segundo suplente que assumiu o cargo - Paulo Duque (PMDB), já que Sérgio Cabral Filho (eleito senador em 2002) elegeu-se governador em 2006 e nomeou o primeiro suplente, Régis Fichtner, como seu secretário da Casa Civil.


O primeiro suplente de Itamar Franco é o presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella (PDT), sobre quem pairam suspeitas de atos ilícitos na função de dirigente. Com a imunidade parlamentar normalmente dada a um senador da República, Perrella certamente terá poderes inimagináveis, como o de fazer o Mineirão sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014 - mesmo sem a cidade de Belo Horizonte ter rede hoteleira suficiente. De todo modo, sete anos e sete meses são muito tempo para um senador que está lá apenas por ter sido eleito suplente e por ser alguém de muita sorte - ainda que não precisasse sequer ser um político...


Está em discussão a reforma política. A questão dos suplentes de senadores precisa ser discutida. Não importa que o cargo vago tenha que ser ocupado pelo candidato colocado logo abaixo ou uma nova eleição tenha que ser realizada - mas o fato é que, do jeito que está, não pode continuar. Outra saída seria a diminuição do número de senadores, de 81 para 54 (dois para cada Unidade da Federação), o que daria um senhor alívio a nossas finanças. Mas isso parece que não será discutido por nossos representantes, por motivos mais do que óbvios.