19.6.12

Dias ruins que se avizinham

Foto: Eliária Andrade/Agência O Globo
A imagem mais representativa da política nacional nesta semana é certamente a expressa na foto ao lado: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) se cumprimentando, com direito ao apoio do ex-governador paulista à candidatura do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), à prefeitura de São Paulo, nas eleições municipais de outubro.

Durante o seu mandato presidencial (2003-2011), Lula se notabilizou por alianças, no mínimo, questionáveis - muitas delas com antigos inimigos políticos, como Collor e Sarney. Agora, quase um ano e meio depois de deixar o cargo de presidente da República, ele não parece disposto a deixar a política, diferentemente de seu antecessor Fernando Henrique Cardoso (1995-2003). Tal atitude, ao contrário de vários tantos em oito anos de governo, desta vez causou certa indignação em alguns aliados: a ex-prefeita (2001-2005) e senadora Marta Suplicy (PT-SP), que estava cotada para ser a candidata petista, tem faltado a atos de apoio a Haddad. Outra ex-prefeita (1989-1993), Luiza Erundina (PSB), nomeada vice na chapa de Haddad, ameaça deixar a candidatura se Maluf, seu sucessor na prefeitura e notório inimigo político, seguir apoiando o candidato do PT à prefeitura paulistana.

E isso tudo num cenário altamente desanimador para os eleitores da maior cidade do país: candidatos desgastados como José Serra (PSDB) e Paulo Pereira da Silva (PDT), inexpressivos como Celso Russomanno (PRB), Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha Francine (PPS) ou "polêmicos" (eufemismo para "inaceitáveis em qualquer eleição") como Netinho de Paula (PCdoB) pulularão pelas ruas paulistanas até o começo de outubro. Ainda por cima, com Lula querendo bancar seu Dilmo por aí. Promessa de dias sombrios para uma metrópole que já viu dias melhores.