22.2.08

OS APROVEITADORES

Vocês certamente ouviram falar daquele bombardeio que a Igreja Universal do Reino de Deus e seus fiéis estão fazendo com vários setores da imprensa, principalmente os jornais Folha de S. Paulo (e a sua jornalista Elvira Lobato) e Extra - processos parecidos, mas por motivos completamente diferentes: o jornal paulistano está sendo processado (supostamente por fiéis, quando todos sabemos que não é nada disso) por causa de uma reportagem sobre o império midiático construído pela seita em 30 anos de história, o que teria feito com que fiéis sofressem hostilidades; o diário carioca, por causa de uma reportagem sobre a destruição de uma histórica imagem católica por um pastor da igreja, o que, segundo os que entraram com ações, poderia despertar a ira dos católicos.

Todos sabem - e, pelo que parece, a Igreja Universal não faz questão nenhuma de esconder - que isso tudo é apenas uma estratégia de intimidação da seita (palavra que ela própria não aceita que usem para defini-la, apesar de não ser ofensiva) para afirmar o quanto ela anda próxima do poder nos dias de hoje - tanto que o presidente Lula declarou ser "legítimas" tais intimidações. Não é por acaso. Afinal, o PRB (Partido Republicano Brasileiro, que pertence à Igreja Universal, surgido de uma dissidência do extinto PL) é o partido político do vice-presidente José Alencar. Outro braço da seita, a TV Record, fez uma reportagem - escandalosamente tendenciosa, diga-se - sobre os tais processos, endossando-os e atacando a imprensa que a critica, principalmente patrulhando a jornalista da Folha.

Como se fosse possível ignorar três décadas de curandeirismo e estelionato, fazendo com que Edir "Ou dá, ou desce" Macedo chegasse a ser preso (por pouco tempo) na década passada, a Igreja Universal desafia a lei - agora, amparada pelo governo. Não surpreende quando verifica-se que um dos principais jornalistas da Record é Paulo Henrique Amorim, que sempre favorece aquele que lhe dá mais - desde a época em que era pró-FHC (fazendo com que Lula, na época, pensasse em processá-lo) e, agora, é pró-Lula.

De todo modo, a Igreja Universal parece aquela criancinha mimada que chama a mãe só porque o vizinho de porta o chamou de feio, bobo e chato. E ainda tem a hipocrisia de clamar por tolerância, quando ela própria discrimina católicos, homossexuais e seguidores de crenças afro-brasileiras. Assim, fica difícil dialogar.

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