10.4.09

O MORRO JÁ TEVE VEZES DEMAIS


Aos poucos, volta a ser discutido um assunto que vinha sendo demonizado por muita gente: a remoção de favelas no Rio de Janeiro. Este texto de Ali Kamel, publicado na edição de terça-feira passada do jornal O Globo, é um bom exemplo do que pode ser dito sobre o assunto.

Realmente nossos políticos, de olho nos votos futuros que os habitantes de favelas acarretam, atuam ineficazmente nessas comunidades. Muita maquiagem, muita obra de fachada, Favela-Bairro, Cimento Social, PAC e nada de resultados efetivos. Ao mesmo tempo, um batalhão de obras superfaturadas e, na maioria das vezes, inúteis gasta o dinheiro que deveria ser utilizado em coisas mais urgentes.

O primeiro governo Brizola (1983-1987) pode ser considerado o marco inicial desse estado de coisas. A favelização da cidade já existia antes disso, óbvio, mas foi com o chamado "socialismo moreno" que ele se consolidou para nunca mais se encerrar. Os governos seguintes embarcaram na onda, assim como as prefeituras da capital fluminense desde então. O resultado é exatamente o que os cariocas veem nos dias de hoje: favelas tomando a mata nativa e o consequente aumento da sensação de insegurança.

Mas algo começa a surgir, depois de décadas: a discussão sobre a remoção de favelas (algo satanizado por movimentos sociais) e a possibilidade de construção de casas populares de baixo custo, como feito na época em que Carlos Lacerda governava o antigo estado da Guanabara - com a diferença de que, desta vez, o programa de habitação possa funcionar com força. Mas os populistas tempos atuais impedem que isso seja discutido sem mexer com as sensibilidades ditas "progressistas".

Essa mania de correção política tem que ser superada. O morro já teve vezes demais. É impossível urbanizar favelas situadas em lugares suspensos. Ou nossas autoridades abrem os olhos sobre esse assunto, ou será questão de tempo para a cidade do Rio de Janeiro acabar de vez.

Um comentário:

patricia m. disse...

Ahn??? O Rio já acabou há séculos...