17.9.08

RECLAME COM O PAULO RAMOS, UÉ!



Nos mais recentes programas do Horário Eleitoral Gratuito no Rio de Janeiro, a candidata Jandira Feghali (PCdoB) queixou-se de que não havia debates entre os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro, enquanto todas as outras capitais já os tinham realizado. Segundo ela, o debate é a melhor maneira de conhecer cada um dos candidatos e as suas propostas (no que concordo). Ela desafiou os concorrentes e as emissoras de TV a realizar um debate público - "é só marcar a hora e o local", diz.

Pessoalmente, eu também gostaria que houvesse debates entre os candidatos à prefeitura do Rio - embora dois candidatos tenham se distanciado um pouco nas pesquisas, o panorama ainda é de certo equilíbrio entre eles e os demais, o que já era esperado. Dois debates já foram cancelados, e o terceiro deverá seguir o mesmo caminho. Ou seja: debate no Rio, só se houver segundo turno. Mas por que será que os debates cariocas não estão sendo realizados? A resposta é simples: um certo piti que o PDT está dando.

Muitos cariocas certamente nunca ouviram falar do deputado estadual Paulo Ramos. Mas muitos têm ciência de que seu partido, o PDT, anda decadente na cidade do Rio de Janeiro, sua grande base político-eleitoral até bem pouco tempo atrás. Pra falar a verdade, o PDT está morto no Rio, e não é de hoje. Afinal, anos de (des)governos estaduais (quem sofreu com Leonel Brizola e Anthony Garotinho ocupando o Palácio Guanabara sabe muito bem do que estou falando) não passaram impunes para o eleitorado carioca. Tanto que o PDT não consegue nada na capital fluminense há 16 anos, desde que Cidinha Campos ficou, nos últimos dias, de fora do segundo turno das eleições municipais (perdendo para Benedita da Silva, do PT, e Cesar Maia, do PMDB - que seria eleito -, em 1992). Em 1996, Miro Teixeira acabou em quarto lugar. Em 2000, o ex-governador Brizola também foi o quarto colocado. Em 2004, Nilo Batista acabou em sexto. Só não digo que este sexto lugar de quatro anos atrás foi o auge do debacle pedetista porque tenho certeza de que ele está por vir agora, com Paulo Ramos. Mas, mesmo assim, o PDT não perde a pose.

Acontece que o partido, e seu candidato Paulo Ramos, não admitem de forma alguma que não têm a menor chance de serem eleitos. A Lei Eleitoral obriga que, para promoverem debates entre os candidatos de qualquer cargo no Executivo, as emissoras de TV contem com a concordância de todos os candidatos. No Rio, apenas Paulo Ramos não assinou. Por um simples motivo: as emissoras (no que têm todo o direito, visto que ninguém agüentaria um debate com doze candidatos) querem um limite de postulantes ao cargo no debate, com os cinco ou seis mais cotados em pesquisas de opinião - o que o PDT não aceita.

Muitos podem argumentar que o PDT age com coerência no caso, visto que sempre combateu os institutos de pesquisa desde que Brizola estava vivo. Mas, sinceramente, duvido muito que, se Ramos estivesse bem cotado para ficar pelo menos entre os cinco primeiros, o partido não assinaria. O fato é esse: os pedetistas querem botar a culpa da própria incompetência em outros aspectos, o que sempre fizeram.

Um conselho a Jandira Feghali: quer um debate ainda no primeiro turno? Reclame com o Paulo Ramos, ué.

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