7.3.06

VENCEU O MELHOR. DE NOVO


A festa de entrega do Oscar em 2006 reforçou uma certeza: a maior cerimônia do cinema mundial não é tão previsível como era até dois anos atrás. Em 2004, o épico O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, a última parte da fantástica trilogia dirigida por Peter Jackson, dominou a festa ganhando todas as 11 estatuetas a que concorria, igualando o recorde de Ben-Hur e Titanic. De lá pra cá, porém, o que reinou foi a surpresa.

Começou no ano passado, quando Menina de Ouro, dirigido por Clint Eastwood, ganhou quatro Oscars, incluindo o de melhor filme. Derrotou o favorito O Aviador, de Martin Scorsese, que curiosamente tinha ganho uma estatueta a mais. Desde 1973, quando O Poderoso Chefão (três Oscars) superou Cabaret (oito Oscars) na categoria Melhor Filme, uma produção vencedora do prêmio máximo não terminava a festa com menos estatuetas que outro filme. Em 2006, nova surpresa. Crash: No Limite, de Paul Haggis, ganhou o mesmo número de Oscars do favoritíssimo O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee. Porém, aquele teve vantagem em Melhor Filme, além de ganhar em Roteiro Original e Montagem, enquanto que o concorrente ganhou em Direção, Roteiro Adaptado e Trilha Sonora, na mais equilibrada cerimônia em muitos anos.

O Oscar de 2006 mostra também a atual fase da classe cinematográfica norte-americana, produzindo filmes com forte temática social (o caso de Boa Noite e Boa Sorte, de George Clooney, vencedor do prêmio de Ator Coadjuvante por outro filme engajado, Syriana: A Indústria do Petróleo) e histórica (como Munique, de Steven Spielberg). Isso já era constante em Hollywood, mas agora essa tendência ficou ainda mais forte.

Mostrou também as grandes fases de Philip Seymour Hoffman (Melhor Ator, por Capote), Reese Witherspoon (Melhor Atriz, por Johnny & June) e Rachel Weisz (Atriz Coadjuvante por O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles - aliás, esse é o segundo ano seguido em que um filme dirigido por um brasileiro ganha um Oscar. Não é nada, não é nada, já é alguma coisa...). Mas, acima de tudo, mostra a grande fase de Paul Haggis. Roteirista do vencedor do Oscar do ano passado (Menina de Ouro, em que discutia a eutanásia), produtor, roteirista (pelos quais ganhou duas estatuetas) e diretor do vencedor deste ano, em que discutia as questões raciais nos Estados Unidos, é o grande nome dos bastidores do cinema norte-americano atual.

Um comentário:

Saúvo Carrapatoso disse...

Qualquer semelhança com o título da Vila Isabel no Carnaval?