Na semana passada, ventilou-se na imprensa um pretenso acordo entre o prefeito do Rio, Cesar Maia, e o ex-governador Anthony Garotinho para as eleições municipais do próximo ano. Nada mais constrangedor para as partes que estão no poder - tanto para o prefeito carioca, que parece disposto até a vender a alma ao capeta para não perder pelo menos sua influência sobre a cidade, quanto para o atual governador, Sérgio Cabral Filho, que é do mesmo partido de Garotinho (o PMDB) e vê a ameaça de ser minada sua parceria com o governo federal. Ou seja, nada mais Frankenstein na política fluminense. Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. E a população de bem paga o pato por esse jogo de empurra em busca pelo poder. Se bem que, às vezes, o feitiço vira contra o feiticeiro. Na manhã desta segunda-feira, o "poder paralelo" mostrou sua força mais uma vez, ilustrando perfeitamente essa situação.
Dois ministros e um secretário estadual estavam num trem que foi alvo de bandidos da Favela do Jacarezinho, por onde passava para promover a revitalização do acesso ferroviário ao Porto do Rio - projeto conjunto entre os governos estadual e federal. O pior foi o fato de os ministros reagirem ao fato como se fosse corriqueiro. Bem, pelo menos nas nossas grandes cidades, é... Um deles chegou a dizer que, por ser carioca, estava acostumado a encarar favelas e não havia problemas naquela ocasião. Só faltava dizer pro pessoal ficar tranqüilo pois o trem era blindado (e tenho a impressão que não era).
Mas não foi surpresa nenhuma. Neste ano, três ministros foram assaltados (um deles, o da Economia, dentro da casa de amigos - sua mulher disse que os assaltantes foram "supergentis"), e eles também se portaram como se fossem fatos normais. Quando pessoas de renome em um governo nacional se comportam com passividade ao sofrerem atos de violência, ao invés de exigirem providências das autoridades (e era o mínimo que poderiam fazer), é um problema sério. É muita incompetência. Ou cumplicidade, vai saber.
Um comentário:
E o Serginho Mobral, pelo visto, acusou o golpe: deu-lhe um ataque de loucura e afirmou que pode renunciar ao governo do estado pra concorrer à prefeitura. Seria a mesma coisa que o W. C. Bushit deixar a Casa Branca pra concorrer ao governo do Texas. Não dá.
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