1.7.08

A CAMINHO DO PALÁCIO DA CIDADE

(Atualizado no dia 19 de julho)

Definidos os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro (serão doze, dois a mais do que na eleição de 2004), tomo a liberdade de comentar sobre cada um deles, com base nos conhecimentos políticos e em minhas impressões. A eleição municipal de 2008, para os cariocas, promete ser a mais equilibrada de todos os tempos. Dos doze candidatos, pelo menos cinco têm boas chances de eleição e outros dois correm por fora. Seguem os candidatos, em ordem numérica:

  • 10 - MARCELO CRIVELLA (Coligação Vamos Arrumar o Rio: PRB/PRTB/PR/PSDC) (vice: Jimmy Pereira): O senador, segundo colocado nas eleições municipais em 2004 e terceiro na eleição para governador em 2006, lidera as primeiras pesquisas de intenções de voto. Porém, enfrentará dois adversários de peso, além dos concorrentes, neste início de campanha: a alta rejeição do eleitorado (um velho problema que o atinge, em parte devido ao fato dele ser pastor da Igreja Universal) e o desgaste do projeto Cimento Social, causador indireto da tragédia do Morro da Providência. Seu grande trunfo, contudo, é o apoio do presidente Lula, mesmo que de forma subentendida. Isso conta muito nos dias de hoje, principalmente se levarmos em consideração que o partido de Crivella, o PRB, é o mesmo do vice-presidente José Alencar e também pertence à Igreja Universal.
  • 12 - PAULO RAMOS (PDT) (vice: Carlos Alberto Torres): O deputado estadual Paulo Ramos, líder da bancada de seu partido na Assembléia Legislativa, escora-se em sua atuação histórica como defensor da democracia para conter a queda de popularidade do PDT no estado do Rio, depois da morte de seu criador, Leonel Brizola. Desde 1992 - quando Cidinha Campos ficou em terceiro lugar -, os pedetistas vêm caindo em níveis municipais, passando longe de qualquer chance de eleição para prefeito. Agora, a campanha eleitoral pretende tentar reverter esse declínio.
  • 13 - ALESSANDRO MOLON (PT) (vice: Léa Tiriba): O deputado estadual (em seu segundo mandato) chega enfraquecido nessa disputa municipal. Primeiramente, contava com o apoio do PMDB do governador Sérgio Cabral Filho, que declinou depois de desentendimentos quanto a trocas de apoio em cidades vizinhas. Em seguida, houve rumores de interferência do diretório nacional do partido na candidatura, visando a juntá-la com a de Jandira Feghali. Evidente que houve um grande desgaste. A esperança de Molon é que a campanha ajude a dissipar isso.
  • 15 - EDUARDO PAES (Coligação Unidos pelo Rio: PMDB/PP/PTB/PSL) (vice: Carlos Alberto Muniz): A grande reviravolta das pré-candidaturas. No ano passado, secretário de Cultura, Esporte e Lazer do estado, trocou o PSDB pelo PMDB apenas para concorrer à prefeitura, como uma espécie de agradecimento do governador Cabral pelo apoio a ele durante o segundo turno da campanha de 2006. No início deste ano, para agradar ao presidente Lula, Cabral mudou tudo: anunciou apoio à candidatura do petista Molon, deixando Paes chupando o dedo. O que ressuscitou sua candidatura, está escrito acima. No mais, apela para o carisma do governador e para sua experiência no Poder Legislativo, que certamente serão explorados na campanha.
  • 20 - FILIPE PEREIRA (Coligação Rio Esperança: PSC/PRP) (vice: Rogério Vargas): Deputado federal de primeiro mandato, é certamente o mais jovem dos candidatos à prefeitura do Rio. Conta com a boa votação de dois anos atrás e a juventude para ter suas chances de eleição aumentadas. Mas será que alguém iria votar num candidato tão jovem e de pouca aparição no Congresso?
  • 21 - EDUARDO SERRA (PCB) (vice: Alice Medina): O secretário de Juventude do Partido Comunista Brasileiro, por motivos óbvios, é um dos grandes favoritos à última colocação do pleito (era de forma isolada até o PCO confirmar a sua candidatura). Pouco se sabe de sua trajetória, fora do chamado Partidão.
  • 25 - SOLANGE AMARAL (Coligação Experiência e Sensibilidade pra Cuidar do Rio: DEM/PTC/PMN) (vice: Pedro Fernandes): A deputada federal, candidata ao governo do estado em 2002, talvez tenha pego a maior barca furada destas eleições no Rio. Afinal, é a candidata da situação, e o prefeito Cesar Maia vem sendo muito criticado por seu terceiro mandato. Calcará-se nos projetos para as comunidades carentes, graças a sua experiência no projeto Favela-Bairro.
  • 29 - ANTÔNIO CARLOS SILVA (PCO) (vice: Jorge Eduardo): O Partido da Causa Operária (conhecido por ser o mais radical partido de esquerda do Brasil) tenta um feito inédito: não acabar em último lugar na corrida municipal no Rio. Parece que não será desta vez que conseguirá.
  • 43 - FERNANDO GABEIRA (Frente Carioca: PV/PSDB/PPS) (vice: Luiz Paulo Correa da Rocha): O deputado federal mais votado do estado do Rio nas eleições de 2006 é conhecido por sua luta pela ética na política, apesar de sua pouca experiência administrativa. Aposta na conciliação entre as diferentes correntes políticas no exercício do poder para atrair eleitores das diferentes classes sociais.
  • 50 - CHICO ALENCAR (Frente Rio Socialista: PSOL/PSTU) (vice: Vera Nepomuceno): Outro deputado federal a concorrer à prefeitura. Tem experiência no ramo da educação, e é conhecido por sua atuação política baseada na defesa da ética. Foi um dos dissidentes do PT, liderados pela então senadora alagoana Heloísa Helena, que fundaram o PSOL em 2005, no rastro das denúncias de corrupção que atingiram o governo federal.
  • 65 - JANDIRA FEGHALI (Coligação Mudança pra Valer: PCdoB/PSB/PHS/PTN) (vice: Ricardo Maranhão): Candidata a prefeita pela segunda vez seguida, a ex-deputada federal curiosamente tem uma das maiores coligações deste ano no Rio (juntamente com as que apóiam Crivella e Paes). Se bem que quantidade não significa qualidade. Muitos lamentam que o natimorto projeto de junção desta candidatura com a de Molon não tenha vingado. Se assim fosse, a hipotética candidatura já teria pouca chance. Como as chapas permaneceram separadas, as chances são quase nulas para ambos. Azar da esquerda.
  • 70 - VINÍCIUS CORDEIRO (PTdoB) (vice: Robson André): O presidente regional e vice-presidente nacional do partido é outro que disputará as eleições somente para cumprir tabela.

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