24.4.10

UMA MÃO LAVA A OUTRA... COM ÁGUA BENTA



Todos devem saber do megaculto da Igreja Universal do Reino de Deus que parou (literalmente) o Rio no feriado de quarta-feira passada. Foi realizado na Enseada de Botafogo, ponto altamente estratégico para causar um nó no trânsito da cidade, como foi demonstrado várias vezes em eventos similares. Ninguém entendeu direito, desta vez, porque a prefeitura do Rio liberou um evento como esse, em local público, sem um esquema de trânsito convincente. Até que começamos a ter uma vaga ideia do motivo - lamentável sempre, mas nunca surpreendente.

Reportagem da edição de ontem do Jornal do Brasil levantou uma grave suspeita: a de que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, teria liberado o evento como forma de retribuição e apoio - pelos votos de evangélicos que o ajudaram a se eleger em 2008, e para ajudar o senador fluminense Marcelo Crivella (PRB), pastor licenciado da Igreja Universal e sobrinho de Edir Macedo, a se reeleger nas eleições de outubro próximo. Vale lembrar que o prefeito e o senador têm em comum o fato de fazerem parte da base do governo Lula e apoiarem a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República.

Faço questão de deixar bem claro: na política do Rio, essa troca de favores é muito comum, o que é mais repulsivo ainda, visto que isso se entranhou no cotidiano carioca e fluminense. Esse fato é agora mais grave, já que se trata de uma mistura de política e religião, lembrando as eleições fluminenses de 2002 (ainda falarei disso por aqui). Evoluindo de tal forma, não demorará muito para que, num daqueles programas religiosos da madrugada, o pastor mande colocar aquele copo d'água em cima do seu televisor e, logo depois, mande lavar as mãos com ele... de forma simbólica, obviamente.

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