16.8.10

A luta pelo Palácio Guanabara



A disputa pela eleição para governador do estado do Rio de Janeiro mal começou, mas já tem um favorito absoluto. Com o governo mais destacado a passar pelo Palácio Guanabara em muito tempo (desde antes da fusão entre os estados do Rio e da Guanabara, para se ter uma ideia), o atual governador Sérgio Cabral Filho (a primeiro a tentar a reeleição no Rio, já que Marcello Alencar não o fez em 1998, Anthony Garotinho candidatou-se à Presidência em 2002 e sua mulher Rosinha decidiu não tentar se reeleger em 2006) é o candidato a ser batido, contando com o apoio do governo federal e da máquina administrativa para tal. De todo modo, Cabral terá cinco concorrentes ao cargo (o número de seis candidatos é o menor no estado desde 1990, quando houve apenas quatro candidatos), que nada terão a perder. Uma breve análise deles pode ser vista abaixo, em ordem numérica:

  • 15 - Sérgio Cabral Filho (vice: Luiz Fernando Pezão) (coligação Juntos pelo Rio: PMDB / PT / PP / PDT / PTB / PSB / PCdoB / PSL / PTN / PSC / PSDC / PRTB / PHS / PMN / PTC / PRP): O atual governador fluminense teve tantos acertos quanto erros nesses quatro anos de mandato. A maior parte dos acertos residiu em defender os interesses do estado, como há muito não se via num chefe do Executivo. Mas ali também estavam os erros, muito por conta de sua exagerada subserviência à presidência da República. Repare que a aliança nacional PT/PMDB se repete no estado, tanto que PDT, PSB e PCdoB (os mais famosos pocket-partidos do país no momento) vêm a tiracolo.*
  • 16 - Cyro Garcia (vice: Miguel Malheiros) (PSTU): O bancário e ex-deputado federal petista Cyro Garcia, candidato a governador e prefeito inúmeras vezes pelo PSTU desde 1996 (para governador é a terceira, depois de 1998 e 2002), é mais um típico pregador no deserto que os partidos nanicos de esquerda dão ao cenário eleitoral. Ele se candidata dois anos depois de não conseguir se eleger vereador na capital.
  • 21 - Eduardo Serra (vice: Paulo Oliveira) (PCB): O mesmo vale para o comunista Serra, candidato a prefeito do Rio em 2008 e a governador pela primeira vez neste ano. Aliás, é a primeira vez que o mais antigo partido político brasileiro lança candidato próprio ao governo fluminense.
  • 22 - Fernando Peregrino (vice: David Cabral) (coligação A Força do Povo: PR / PTdoB): O estepe de Anthony Garotinho. É como é conhecido o candidato do Partido da República ao governo do estado. Ele foi escolhido depois da desistência do chefe, envolvido com problemas com o Ficha Limpa e que optou em concorrer a deputado federal. Pelo discurso adotado, percebe-se que Peregrino quer seguir direitinho o mentor, mostrando-se disposto a transmitir às novas gerações o "legado" do casal-ternura de Campos.
  • 43 - Fernando Gabeira (vice: Márcio Fortes) (coligação Rio Esperança: PV / PSDB / DEM / PPS): O deputado federal, depois do ótimo desempenho como candidato a prefeito do Rio há dois anos (não foi eleito por muito pouco), parecia ser um forte candidato ao Senado. Mas a necessidade de uma oposição forte no estado o levou a concorrer ao governo do estado (pela segunda vez, depois de 1986). Terá que lutar muito para não ter embarcado numa canoa furada: além do absoluto favoritismo de Cabral, o início da campanha de Gabeira foi marcado pela polêmica acerca da entrada do cada vez mais decadente Democratas na coligação (além da candidatura do ex-prefeito Cesar Maia ao Senado), em nome da aliança nacional PSDB/DEM/PPS. Terá que, assim como há dois anos, escalar uma montanha para chegar ao segundo turno - com a diferença de que, desta vez, será bem mais difícil.
  • 50 - Jefferson Moura (vice: Flávio Serafini) (PSOL): Mais um candidato que mostra que a extrema-esquerda, se junta não é lá essa coisa toda, separada então é inexistente. Aliás, PSOL, PSTU e PCB estiveram juntos em 2006, tanto no âmbito nacional (lançando a candidatura de Heloísa Helena à Presidência) quanto no estadual (com a de Milton Temer, neste ano de 2010 candidato ao Senado, para governador). Nestas eleições, percebe-se, os três partidos não chegaram a um acordo - o que mostra que a extrema-esquerda é, no Brasil, um verdadeiro fiasco. E olha que o PCO nem deve concorrer por aqui este ano.

* Falando nas relações entre PT e PCdoB, é o caso de perguntar por que os dois partidos não se fundem de uma vez. Afinal, os primeiros dissidentes do PCB (os "segundos" foram do PPS, mais bem sucedidos do ponto de vista ético) foram os únicos a apoiar as cinco candidaturas de Lula à Presidência, em 1989, 1994, 1998, 2002 (eleito) e 2006 (reeleito) - e estão apoiando a candidatura de Dilma Rousseff. Arrisco-me a dizer que os comunistas-do-Brasil são mais fiéis ao PT até mesmo do que os próprios petistas...

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