9.8.10

Uma eleição tão importante quanto previsível



Neste texto, começa uma nova era neste Amenidades & Bobajadas, que completou cinco anos de vida no mês passado, com um novo visual e a mesma análise crítica dos temas cotidianos. O visual do blog será mais limpo, a começar pelos títulos dos textos, que deixam de ser escritos em caixa alta, proporcionando aos leitores uma sensação mais agradável de leitura. Espero que gostem.

Começo falando sobre as eleições que serão realizadas em outubro próximo. Como escrevi aqui anteriormente, a população perde em um aspecto independentemente de quem for eleito presidente: a possibilidade de debate de ideias, sem opções de voto além da esquerda. De todo modo, teremos nove candidatos ao Palácio do Planalto, sendo que dois deles têm chances reais, outros dois contarão com a sorte e os demais cinco só farão figuração. Darei minhas impressões iniciais sobre cada um deles, em ordem numérica:

  • 13 - Dilma Rousseff (vice: Michel Temer) (coligação Para o Brasil Seguir Mudando: PT / PMDB / PR / PSB / PDT / PCdoB / PSC / PTC / PRB / PTN): Mesmo sem experiência administrativa (assim como Fernando Henrique Cardoso em 1994), começa a largar com um certo favoritismo na corrida presidencial - em grande parte, graças à popularidade do presidente Lula e à ajuda da máquina administrativa. Pelo criticado desempenho da candidata no primeiro debate televisivo, quinta-feira passada, contudo, Dilma precisará de muito media training para convencer o eleitorado de que é a melhor opção para suceder Lula, sem mexer na política econômica que resistiu à crise mundial.
  • 16 - José Maria de Almeida (vice: Cláudia Durans) (PSTU): O ex-petista se candidata à Presidência pela terceira vez (as outras duas foram em 1998 e 2002; em 2006, apoiou Heloísa Helena, do PSOL) sem recuar um milímetro em suas ideias ultraesquerdistas, mortas e enterradas há décadas - isso pode ser bonito em matéria de coerência política, mas demonstra ser um fracasso em práticas eleitorais.
  • 21 - Ivan Pinheiro (vice: Edmílson Costa) (PCB): O mesmo se aplica ao atual homem forte do mais antigo partido político brasileiro, fundado em 1922. Ivan Pinheiro foi líder da dissidência do PPS (o antigo Partidão) em 1992, candidato pelo mesmo partido à prefeitura do Rio em 1996, e vem tentando manter o nome da agremiação vivo através de pouco produtivas candidaturas ao Legislativo desde então. Depois de 21 anos, o PCB lança candidato à presidência da República, depois de Roberto Freire (líder da mudança do antigo PCB para o atual PPS) em 1989.
  • 27 - José Maria Eymael (vice: José Paulo da Silva Neto) (PSDC): O jingle que tem um candidato: assim pode ser definido o democrata-cristão Eymael, dono de uma das mais famosas musiquinhas eleitorais da história brasileira. Candidato ao cargo pela terceira vez (depois de 1998 e 2006), aposta novamente no percurso de todas as Unidades da Federação para fazer sua campanha, como fez nas vezes anteriores.
  • 28 - Levy Fidélix (vice: Luiz Eduardo Ayres Duarte) (PRTB): Assim como Eymael é conhecido por seu grudento jingle, o candidato do PRTB é famoso pelo eterno projeto do Aerotrem, espécie de monotrilho de baixo custo. É considerado por muitos a grande esperança pra quem acha o trem-bala do Rio a Campinas um pouco caro demais.
  • 29 - Rui Costa Pimenta (vice: Edson Dorta Silva) (PCO): O partido político mais, digamos, norte-coreano do Brasil é um tanto estranho. Seu candidato oficialmente tenta o Planalto pela terceira vez, mas pode muito bem ser apenas a segunda: a campanha de 2006 foi indeferida pelo TSE por ausência de prestação de contas da anterior, de 2002. Por isso, nenhum voto dado a ele há quatro anos foi computado, se bem que isso não faria diferença alguma - certamente, seria o último colocado de qualquer jeito.
  • 43 - Marina Silva (vice: Guilherme Leal) (PV): A senadora acreana, saída do PT no ano passado, tenta passar uma imagem de oposição ao governo, sem ter muito sucesso. Corre o risco de ser o Cristovam Buarque (candidato do PDT em 2006) deste ano: da mesma forma que o senador brasiliense só falava em educação, a candidata verde terá que se desvencilhar do tema ecologia, por mais que ele esteja em voga. É a terceira candidata do PV à Presidência, depois de Fernando Gabeira em 1989 e de Alfredo Sirkis em 1998.
  • 45 - José Serra (vice: Indio da Costa) (coligação O Brasil Pode Mais: PSDB / DEM / PTB / PPS / PMN / PTdoB): O ex-governador de São Paulo se candidata ao Planalto pela segunda vez (perdeu para Lula em 2002) atendendo às pesquisas que o apontavam como o nome mais forte de seu partido, mesmo estando no seu primeiro mandato no Palácio Bandeirantes, abrindo mão de uma reeleição certa no governo paulista. De todo modo, terá que se escorar no programa econômico criado pelo correligionário Fernando Henrique Cardoso e seguido por Lula e Henrique Meirelles. Para tentar ser eleito, se apresentará como uma alternativa segura para os que simpatizam com Lula sem, contudo, confiar em Dilma.
  • 50 - Plínio de Arruda Sampaio (vice: Hamilton Assis) (PSOL): Outro dissidente do PT, como Zé Maria e Rui Pimenta, Sampaio quer ser o candidato "alternativo" da vez. O desempenho no debate televisivo da semana passada pode ter contribuído para sua popularidade entre os indecisos e insatisfeitos com o baixo nível técnico do pleito - que poderá ser efêmera, tão logo o programa eleitoral comece a ser veiculado na TV.

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