6.7.10

NÃO IMPORTA QUEM VAI GANHAR. EM UMA COISA, O BRASIL JÁ PERDEU



Começa hoje a campanha eleitoral de 2010, com vistas às eleições para presidente, governador, senadores, deputados federais e estaduais em outubro. Mas, nas eleições presidenciais, mais uma vez o pensamento de via única irá prevalecer. Haverá nove candidatos ao Palácio do Planalto, e o pensamento tipicamente de esquerda estará presente em pelo menos sete deles, da centro-esquerda (representada por José Serra, do PSDB) à extrema-esquerda (que tem como representantes os candidatos Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL; José Maria de Almeida, do PSTU; Ivan Pinheiro, do PCB; e Rui Costa Pimenta, do PCO), passando pela esquerda pouco (Marina Silva, do PV) ou nada confiável (Dilma Rousseff, do PT - que, por sinal, queria mostrar sua verdadeira face, mas não obteve sucesso). Felizmente, os ultraesquerdistas não têm a menor chance de serem eleitos, mas não deixa de ser lastimável que não haja candidatos fortes o suficiente para discutir questões pertinentes à grande maioria do eleitorado.*

Em setembro do ano passado, escrevi este texto reclamando da satanização dos movimentos conservadores no Brasil, principalmente no período pós-Regime Militar. Há 25 anos, a propaganda de esquerda funciona ativamente no país, transformando qualquer tendência ainda que à centro-direita de relativa à ditadura que durou quase 21 anos. Isso passa pela recente afirmação do presidente Lula de que a eleição deste ano seria a primeira sem "trogloditas de direita", ignorando solenemente o recorde de trogloditas de esquerda concorrendo. Basta ver qualquer programa de PCB, PSTU e PCO (daqueles de cinco minutos, nas noites de quinta-feira) na TV para perceber o que digo. Se houvesse um partido de extrema-direita, certamente seria tratado como autoritário e pró-ditatorial. Pena que o mesmo não se aplique à extrema-esquerda. Isso mostra uma incoerência da nossa sociedade, que só rejeita o extremismo quando isso lhe é conveniente.

Não importa quem será eleito(a) presidente em outubro. Numa coisa, o Brasil já perdeu: na possibilidade de discussão de ideias na nossa política.

*A propósito: os outros dois candidatos são José Maria Eymael (PSDC) e Levy Fidélix (PRTB), aquele do Aerotrem. Mas não irão fazer cócegas nos três favoritos. Como os demais, lutarão pela quarta colocação na eleição presidencial.

Um comentário:

patricia m. disse...

Fazer o que... Essa geracao que foi adolescente no governo militar (nunca uso o termo "ditadura"), ou seja, nossos pais, tera de morrer para que a direita volte plenamente ao cenario nacional.