20.5.11

Excesso de confiança, muita ingenuidade ou ambos, mesmo?




A declaração de Barack Obama de que apoia a declaração de um Estado palestino de acordo com as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, em 1967, poderia ser um bom indício de que a paz entre israelenses e palestinos estaria, enfim, bem próxima. Poderia, se a situação não fosse tão complexa e o presidente norte-americano não demonstrasse, depois da operação que resultou na morte de Bin Laden, uma autoconfiança tamanha que poderá ser prejudicial.


Como devemos saber, a coisa não é tão fácil assim como Obama quer fazer entender. Primeiramente, há a questão do status de Jerusalém, cidade sagrada que os israelenses consideram indivisível depois da conquista de sua parte oriental (que os palestinos querem como capital de seu futuro Estado) há 44 anos. Sustenta-se que a troca de terras por paz poderá ser um desastre para o Estado judaico, visto que duas retiradas dos militares israelenses - a do sul do Líbano e a da Faixa de Gaza - não resultaram em benefícios, pelo contrário: respectivamente, os grupos terroristas Hezbollah e Hamas usam esses territórios para atacar Israel com seus foguetes. Como notamos, a paz não virá de uma hora para outra. Há grupos que não reconhecem a existência de Israel e querem destruir o país a todo custo. E ainda há a questão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, cuja expansão é incentivada pelo governo israelense.


Naturalmente, o discurso de Obama foi rejeitado tanto pelo governo israelense quanto pelo Hamas, que controla Gaza. O grupo palestino disse que o presidente americano poderia ser mais incisivo que qualquer outro em relação à "ocupação". O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que se encontra com Obama nesta sexta-feira dia 20, considera inviável a proposta do presidente por não considerar a questão dos assentamentos. Desse jeito, o excesso de confiança do presidente Obama poderá pôr tudo a perder algo que já ninguém tinha a ganhar.

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