14.12.11

Qual seria a utilidade de uma divisão estadual?




Neste final de semana, a grande parte da população do estado do Pará votou pela não divisão do território paraense em três (o Pará seria reduzido ao seu nordeste, que concentra a maior parte da população e foi decisivo para o fracasso da proposta de divisão; o sul e o sudeste seriam o estado de Carajás, e todo o oeste seria o estado de Tapajós). O curioso é que, nas regiões citadas, suas populações votaram maciçamente pela divisão, o que denota a necessidade da presença nelas do poder que emana de Belém e mostra a insatisfação do eleitorado com o que consideram seu abandono.


Pelo menos o impedimento da divisão pelo voto popular impediu que o país gastasse ainda mais dinheiro, já que teríamos que bancar os gastos com os salários de mais seis senadores e, pelo menos, dezesseis deputados federais (oito para cada estado que nasceria). Mas ainda há uma infinidade de propostas de divisão de outros estados, como no Maranhão (em que seria criado o Maranhão do Sul, que conta com o previsível apoio da elite política local) e no Piauí (cujo sul seria o estado de Gurgueia). Ou seja, mais uma oportunidade de levar umas bocadas para os afilhados políticos dando a eles novos estados (vários deles nascidos à beira da falência) de presente. E o povo, como sempre, pagando a conta.


Se a intenção de criar um novo estado fosse nobre e tivesse o desejo de desenvolver uma região carente, isso poderia ser bem acolhido pela opinião pública. Mas conhecemos muito bem nossa classe política e sabemos como isso termina. Para que novos estados fossem criados, duas coisas teriam que acontecer aqui no Brasil: os políticos tomarem vergonha na cara e o número de senadores e deputados por estado diminuir. Mas certamente não acontecerá nem uma coisa, nem outra.

Nenhum comentário: