1.6.08

O VERDADEIRO PODER É O PARALELO



A sensação de insegurança no Rio é gritante há tempos. Recentemente, o ex-secretário da Polícia Civil e atualmente deputado federal Álvaro Lins foi preso sob a acusação de formar quadrilha armada em pleno exercício do poder (mas seus pares da Assembléia se encarregaram de assar um gigantesca pizza). Há quase seis anos (vai fazer amanhã), o jornalista Tim Lopes foi torturado e assassinado ao tentar fazer uma reportagem na Vila Cruzeiro, uma das favelas mais violentas da cidade. Agora, por pouco a tragédia não se repete: foi divulgado neste final de semana que três funcionários (uma jornalista, um fotógrafo e um motorista) do jornal O Dia sofreram nas mãos de milícias (grupos de policiais dissidentes que cobram por proteção), numa favela de Realengo.

Trata-se de um buraco em que o Rio se afundou e parece não ter fim. Décadas de incompetência e, não raro, cumplicidade governamental levaram o estado a isso. Talvez várias outras décadas tenham que ser necessárias para que a situação não piore ainda mais. Quem sofre é o cidadão que paga seus impostos. Quem sofre é aquele que trabalha para melhorar sua vida e a de sua cidade. Quem sofre é aquele que quer levar a informação à sociedade, num ambiente apenas comparável ao de uma guerra.

Em 2002, época da morte de Tim Lopes, falou-se muito no chamado poder paralelo, que aproveitava-se da total ausência do poder oficial para impor suas vontades à sociedade. Tenho hoje a impressão de que o tal poder paralelo, infelizmente, ao contrário do oficial, pelo menos funciona...

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