17.6.08

TOMANDO O TODO PELA PARTE



O assassinato de três moradores do Morro da Providência por traficantes do Morro da Mineira, a mando de alguns militares que estavam cumprindo a função de auxiliar nas obras do PAC, deve ser repudiado sem a menor sombra de dúvidas. Mas não deixa de ser irônico comprovar que moradores das favelas preferem ficar à mercê da bandidagem a contar com a proteção das Forças Armadas, condicionando a continuação dos preparativos para as obras à retirada dos militares do local - apesar de reconhecer o caráter meramente eleitoreiro do uso do Exército, que está lá mais para promover o programa do senador Marcelo Crivella (PRB), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.

A reação dos moradores da Providência ao crime cometido por esses militares que não honram a farda que vestem foi a mesma de sempre: com baderna e tumulto. Ônibus queimados, carros danificados pelo simples fato de ali estarem estacionados, o diabo. Não sei se é por falta de instrução ou costume com a violência, mas o fato é que a situação fica bem mais tensa quando um morador "da comunidade" é morto por alguém de fora, não importa se fardado ou não.

Os fatos que se seguiram servem apenas para que a sociedade tenha que dar ainda mais apoio à presença do Exército nas favelas, nem que seja apenas para meter o pau em traficantes, milicianos ou filobandidos. Não é a melhor solução, mas a única à vista.

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