Nesta semana, Lula fez sua visita ao único país do Oriente Médio próximo ao Mediterrâneo que ainda não tinha visitado em sete anos - e mostrou bem a que veio, no mau sentido. A visita do presidente brasileiro a Israel foi simplesmente desastrosa: recusou-se a cumprir o protocolo ao não visitar o túmulo do criador do movimento sionista, o jornalista austro-húngaro Theodor Herzl; mais uma vez, ofereceu-se como intermediário numa negociação de paz entre israelenses e palestinos, mesmo sem nem conseguir fazê-lo entre vizinhos sul-americanos; e, pra completar o circo de horrores, disse estar esperançoso de que recentes desentendimentos diplomáticos entre Israel e os Estados Unidos ajudem nas negociações (!!!). Poderia dizer mais, mas o texto que se segue abaixo, escrito por Jayme Copstein e publicado na versão virtual do jornal Alef, direcionado à comunidade judaica brasileira, fala por si. Boa leitura.
A escolha de Lula
Não há ninguém que não deseje a paz para o conflito do Oriente Médio, até mesmo por algum milagre. O cansaço do mundo está à espera de uma solução para dar fim às tragédias que ali se confrontam há mais de 50 anos. Não há, pois, nenhuma restrição às tentativas do presidente do Brasil de promover o entendimento entre dois povos que, tivessem conseguido conviver em paz, já teriam transformado a região em uma das mais prósperas do planeta. O que não falta ali são cérebros, mão de obra abundante e também – como dádiva da natureza inóspita – tenacidade, espírito de luta e perseverança. Até este momento, o que se ouviu não passou de retórica, a mesma retórica que o presidente usa em seus pronunciamentos internos no Brasil.
Não há nada de novo na sua proposta de dois Estados – Israel e Palestina – lado a lado, cada qual se comprometendo com a segurança do outro. É a partilha aprovada na memorável sessão da ONU, presidida por Osvaldo Aranha, em 1948. Os judeus proclamaram seu Estado, os países islâmicos discordaram da partilha e foram à guerra para impedi-la. Até hoje, com exceção de Egito e Jordânia, nenhum deles reconhece Israel e mantêm declaradamente sua intenção de "varrer do mapa a entidade sionista". Sequer o nome do país eles se permitem dizer. Dentro deste quadro é improvável qualquer acordo, apenas fazendo conversar israelenses e palestinos. Por mais bem-vindos que sejam os "vírus da paz", que o presidente Lula diz possuir no DNA, não é aderindo ao belicismo nuclear do Irã, inclusive lhe fornecendo urânio, que ele há de provar a sinceridade de sua oferta de mediação.
Mais: cheira até a hipocrisia no momento em que a delegação brasileira recusa publicamente a inclusão de visita ao túmulo de Theodor Herzl, cujo sesquicentenário de nascimento comemora-se este ano. Herzl nasceu no Império Austro-Húngaro e engajou-se no nacionalismo alemão até cobrir o Caso Dreyfus, em Paris. Pouco integrado à vida judaica, chocou-se com a brutalidade do antissemitismo que havia levado o oficial francês, judeu "assimilado" como ele, à degradação, falsamente acusado de traição à Pátria. Concluiu que a solução do chamado "problema judaico" era a reconstrução do Lar Nacional em Israel – o retorno a Sion, daí o nome sionismo ao movimento que já existia há muitos séculos, com o apoio inclusive de líderes cristãos.
Ao escrever um livro, O Estado Judeu, e convocar um congresso em Basileia, Suíça, em 1897, Herzl conseguiu dar corpo ao movimento e traçar um programa de ação. Como Moisés, porém, não estava destinado a realizar o sonho. Fracassaram suas tentativas de entendimentos com o Império Otomano, a cuja soberania o Oriente Médio, então, estava submetido. Morreu em 1904. Só mais de quatro décadas e 6 milhões de mortos depois, tocado pela barbárie do Holocausto promovido pelos nazistas, é que o mundo civilizado concordou com a sua tese. Sionismo é apenas isso, não a fantasia sadomasoquista de terrorismo que a esquerda demente, no permanente exercício de seu ódio visceral, tem se esforçado por incutir nas pessoas desavisadas. Herzl jamais explodiu ou ordenou que alguém explodisse uma bomba para matar pessoas inocentes e indefesas. Lula não quer visitar seu túmulo, mas depositou flores no túmulo de Yasser Arafat e, daqui a alguns meses, vai apertar de novo a mão de Mahmoud Ahmadinejad. É a escolha de Lula.
Um comentário:
Oi!
Busquei por amenidades e achei seu blog!
Muito legal, parabéns!
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