5.6.11

E a história se repete... na vizinhança




Será realizado neste domingo o segundo turno das eleições presidenciais peruanas. Pode parecer algo banal, mas não é. Na verdade, é um demonstrativo de como a escolha popular nem sempre é indício de sensatez coletiva.


O Peru é um dos países que mais crescem economicamente na América Latina. Mesmo assim, o eleitorado do país mostra ser latino-americano até a alma - gosta muito de um populismo, para dizer o mínimo. É verdade que a eleição, analisando-se cada candidato, não tem um nível dos mais altos. Mesmo assim, os eleitores peruanos dispensaram candidatos que poderiam, caso eleitos, ter um mandato seguro e de continuidade como o ex-presidente Alejandro Toledo e o economista e ex-primeiro-ministro Pedro Pablo Kuczynski para colocar, no segundo turno, os candidatos Ollanta Humala e Keiko Fujimori.


Humala é um militar ultranacionalista e aliado do presidente venezuelano Hugo Chávez. Só ali dá pra ver o naipe da criatura. Como seu amigo de Caracas, liderou sem sucesso uma tentativa de golpe, em 2000. E como o ex-presidente brasileiro Lula, tem chances reais de ser eleito presidente graças a uma amenizada nas suas posições radicais do passado diante das câmeras de TV durante a campanha presidencial. Já Keiko é filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que está preso por corrupção e violação de direitos humanos durante o exercício do poder, apesar de ter acabado com o terrorismo que amedrontou o país durante décadas. Ou seja, uma eleição digna de fazer os eleitores peruanos mais esclarecidos taparem o nariz diante da urna antes de votar - como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa, um liberal que anunciou voto em Humala por total falta de opção.


A situação ora vivida pelos peruanos me faz lembrar o segundo turno da eleição presidencial brasileira no ano passado, entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Até a questão religiosa está presente. Mas os dois candidatos estão tecnicamente empatados, e a eleição está absolutamente indefinida e ainda mais dramática que a daqui. Seja quem for o eleito, porém, estão previstos tempos bicudos para os peruanos - mas que ninguém culpe o acaso.

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