10.6.08

LULA NO RIO, UM CORAÇÃO "DIVIDIDO"



Prosseguindo no assunto das eleições municipais do Rio, ressalto que o presidente Lula, considerando-se os recentes acontecimentos (como as parcerias do PAC, por exemplo), tem uma preferência para esta eleição. Não, não é o também petista Alessandro Molon, deputado estadual e pré-candidato à prefeitura que foi recentemente posto para escanteio pelo governador Sérgio Cabral Filho - cujo partido, o PMDB, optou por lançar candidatura própria.

Refiro-me ao senador Marcelo Crivella (PRB), do mesmo partido do vice-presidente José Alencar e integrante da base de apoio ao governo federal. As primeiras pesquisas pré-eleitorais mostram Crivella (segundo colocado nas eleições de 2004, que reelegeram Cesar Maia no primeiro turno, com pequena margem de votos válidos) na liderança, seguido pela ex-deputada federal Jandira Feghali (PCdoB).

Pelo visto, a pré-candidatura de Molon sofreu um baque com a perda do apoio peemedebista, embora isso não seja admitido publicamente. Rumores dão conta de que o diretório nacional do PT estaria negociando com o próprio PCdoB, que lançou a pré-candidatura de Jandira, que deverá se candidatar à prefeitura pela segunda vez seguida (a título de recordação, em 2004 ela acabou em quarto lugar, enquanto o petista Jorge Bittar acabou em quinto). O mesmo seria feito em São Paulo, onde o PCdoB apoiaria a candidatura de Marta Suplicy.

Onde quero chegar? Simples: concluo que nem o presidente Lula, nem a direção nacional petista acreditam que Molon tenha alguma chance de se eleger prefeito do Rio em outubro. Aliás, nunca o PT elegeu um prefeito no Rio desde que lançou candidatos pela primeira vez, em 1985 (a eleição para prefeito em 1982 não foi direta nas capitais). Se é para passar vexame de novo, os petistas devem estar pensando, que Molon se alie a um(a) candidato(a) com um pouco mais de chance. Mas o PT - até quando, não se sabe - ainda afirma que Molon será candidato.

Além do mais, seria constrangedor para Lula ter que subir no palanque de um notório aliado (o senador Crivella) que é adversário de um correligionário numa eleição municipal. Confirmando-se tais rumores, não seria nenhuma novidade para o eleitorado fluminense a interferência do PT nacional em assuntos regionais: é só voltar 10 anos no tempo, quando José Dirceu and friends impuseram, nas eleições para governador, o apoio do PT à candidatura de Anthony Garotinho, candidato do PDT, com a então senadora Benedita da Silva como vice - algo, guardadas as devidas proporções, parecido com o que seria uma chapa Barack Obama-Hillary Clinton nas eleições presidenciais norte-americanas deste ano - mandando para o espaço a candidatura de Vladimir Palmeira. Seria a extensão do apoio de Leonel Brizola à candidatura de Lula, sendo o vice deste, na "chapa dos sonhos da esquerda", que naufragou diante da reeleição, em primeiro turno, de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

A "chapa dos sonhos" para Lula, acredito eu, seria formado por PT, PCdoB e PRB, com Crivella como candidato a prefeito e Jandira como vice. Diante das negociações malucas a que o eleitorado está sujeito, não duvido nada de que isso venha a acontecer.

Um comentário:

patricia m. disse...

Como é, Alessandro Moron? Hahahaha, que baita moron!