O resultado do referendo que deu ao presidente venezuelano Hugo Chavez o direito a se reeleger indefinidamente, ainda que tenha sido uma decisão da maioria dos eleitores que foram às urnas, é um autêntico soco no estômago da democracia. Pior, é contraditório à própria, visto que um dos grandes pilares de um regime que se pretende democrático é a possibilidade de alternância de poder.
Pelo visto, caso os venezuelanos não se toquem do que está prestes a acontecer, poderá ocorrer na Venezuela, a médio ou longo prazo, o que acontece no Zimbábue há quase três décadas, com o ditador Robert Mugabe criando atmosferas de terror e intimidação a cada ciclo eleitoral. Ou no regime dos aiatolás iranianos, por sinal grandes aliados de Chavez. Verdadeiras ditaduras disfarçadas de democracias, lobos em peles de cordeiro. As "ditaduras de verdade", como China, Coreia do Norte e Cuba, pelo menos não escondem essa opção.
Por enquanto, nada por aqui a respeito de mobilização a respeito de um terceiro mandato para o presidente Lula. Felizmente, a nossa estrutura dificulta esse tipo de artimanha. Se bem que os atuais detentores do poder no Brasil parecem ter se adaptado bem: é visível o esforço do atual governo para divulgar o nome da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como candidata da situação para a presidência da República em 2010 - inclusive, ultrapassando todas as fronteiras do bom senso. Como não há um nome convincente na oposição - o do governador de São Paulo, José Serra, não me pega -, vai ficar difícil ter uma opção no ano que vem.
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