8.2.09

TENDO QUE DAR UM PASSO ATRÁS

As eleições gerais em Israel serão realizadas nesta terça-feira. Elas ocorrem pouco mais de um mês depois da incursão das Forças Armadas do país na Faixa de Gaza, em resposta aos ataques do grupo terrorista Hamas. Segundo pesquisas recentes, terão uma tendência a levar mais vantagem neste pleito partidos que relutem mais em negociar com os palestinos, principalmente o direitista Likud, do linha-dura Benjamin Netanyahu - o Kadima, da ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni, partido antes visto como o favorito, ficaria para trás.

O tradicional Partido Trabalhista (de centro-esquerda), do ex-primeiro-ministro e atual ministro da Defesa, Ehud Barak, ficaria relegado a uma vexatória quarta colocação - uma força emergente na política israelense é o ultradireitista Israel Beitenu, de Avigdor Lieberman, que pode ser a grande surpresa destas eleições. Muitos acham surpreendente a tendência à "direitização" na política de Israel, principalmente depois da eleição de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos. Eu não acho - inclusive, penso que é por causa da eleição de Obama, apesar das garantias do atual presidente americano de que a aliança com os israelenses será mantida.

O presidente anterior, George W. Bush, havia se tornado o maior aliado de Israel nos 60 anos de existência do Estado judaico. Fosse John McCain o eleito em novembro de 2008, essa aliança estaria consolidada por pelo menos mais quatro anos. Porém, como Obama ora ocupa a Casa Branca, isso não está tão certo. Durante a campanha, o hoje presidente prometera negociar a paz com o Irã, o grande inimigo de Israel hoje. Pode-se dizer que a recíproca iraniana não seja verdadeira em matéria de negociação com os norte-americanos, três décadas depois da Revolução Islâmica. Mesmo assim, Obama e equipe insistem. A possibilidade de o ex-presidente iraniano Mohammad Khatami, que fez um governo mais aberto ao Ocidente, se candidatar novamente ao cargo pode representar um sopro de esperança, visto que o linha-dura (e projeto de genocida) Mahmoud Ahmadinejad não dá a menor chance disso acontecer.

Não é exagero algum afirmar que a incursão israelense em Gaza foi um recado ao Irã, um dos maiores financiadores do Hamas e do Hezbollah. Esse fato, somado ao de o governo Obama estar disposto a negociar com os iranianos e de o Irã ter lançado um satélite artificial recentemente, ajuda a entender o "passo atrás" que o eleitorado israelense deverá dar nestas eleições de terça-feira.

Um comentário:

patricia m. disse...

Na boa, acho que a tendencia atual mais a direita de Israel nao tem nada a ver com as eleicoes americanas.

Eles estao mais eh de saco cheio de levar foguete no rabo, e eu tambem estaria se estivesse no lugar deles.

Estou torcendo fervorosamente para que Netanyahu ganhe. Ele sabera colocar o Bobama no seu devido lugar, assim como colocou o Bill Clinton.