8.4.11

Anatomia de uma tragédia


A tragédia que ocorreu nesta quinta-feira numa escola no bairro carioca de Realengo, quando um ex-aluno entrou na instituição e atirou em vários alunos, matando dezenas deles (principalmente meninas), cometendo suicídio logo em seguida, num crime sem precedentes no Brasil, nos faz pensar em muita coisa. Por exemplo: a vítima de bullying de hoje, por mais "banana" que possa parecer, pode muito bem ser o assassino em massa de amanhã. É fato: de perto, ninguém é normal. Por isso, nunca é bom humilhar seu semelhante, ou outras pessoas podem pagar um preço muito injusto.


Outro fato: independentemente de ser retraído, esquisito e sofrer bullying na escola, o rapaz não batia mesmo bem da cabeça. A carta que deixou antes de cometer a barbárie não fazia o menor nexo, cheio de exigências funerárias e demonstrações de fundamentalismo religioso. Dezenas de famílias destroçadas por nada, é o que se conclui a respeito desse fato.


Outra coisa ruim que se tira dessa chacina é o cabedal de aproveitadores que chegam para aparecer no momento de dor. Entre eles, os partidários do desarmamento, seis anos depois da derrota no referendo. Ignoram que as armas usadas pelo assassino foram obtidas ilegalmente - uma delas, roubada, segundo o filho do suposto dono, já falecido - e não compradas dentro dos rigores da lei. Há gente que não admite derrota de jeito nenhum, e os partidários do desarmamento se enquadram nesse quesito.

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