3.4.11

Com uma "direita" como essa, quem precisa de esquerdistas?


Como digo aqui já faz algum tempo, o Brasil parece ser um caso único de país sem direita - condição herdada dos anos pós-regime militar que esta reportagem exemplifica muito bem. Os, digamos, mais relevantes representantes mais à direita da classe política brasileira parecem não querer colaborar muito para a boa imagem da corrente.


Na edição da segunda-feira passada do programa CQC, da Bandeirantes, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), militar reformado conhecido por defender com veemência (que constantemente chegam à grosseria) suas posições polêmicas como a defesa do próprio regime militar e a oposição aos direitos de minorias como os homossexuais, aprontou mais uma das suas. Em um quadro em que o entrevistado da vez responde a perguntas de anônimos e famosos chamado "O Povo Quer Saber", ele estava particularmente, digamos, inspirado. Como de hábito, detonou os gays, a presidente Dilma Rousseff e os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. A última pergunta, da cantora Preta Gil, parece ter sido mal compreendida - mas nada justifica o destempero do deputado ao respondê-la. O vídeo pode ser visto aqui.


Minha opinião? Sim, há muito vitimismo por parte dos militantes do movimento gay, que parecem querer um mundo só pra eles. Sim, Bolsonaro é um dos maiores trogloditas que a política nacional já conheceu. E, sim, ditadura é ditadura, não importa se de direita ou de esquerda - deve-se detonar Fidel Castro e Josef Stalin da mesma forma que deve-se detonar Pinochet, Videla ou Médici, por tratarem-se todos de inimigos mortais da democracia. Mas não lembro de ter havido tanta celeuma quando, lá pelo fim dos anos 90, o próprio Bolsonaro disse que o então presidente FHC deveria ser fuzilado por causa da privatização da Vale do Rio Doce. Deve ser porque o governo de então não gozava de tanta popularidade quanto o de Lula teria em seguida. Ou porque o país anda mais politicamente correto do que nunca. De todo modo, todos estão errados: o deputado em baixar o nível do diálogo e os militantes em se fazerem de eternas vítimas, quando na verdade querem ser os algozes.

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