5.5.09

...E O GOVERNO SE LIVRA DE UMA SAIA-JUSTA. PELO MENOS, POR ENQUANTO



Foi anunciado que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, cancelou a visita que faria ao Brasil (e também a Equador e Venezuela, esta uma velha aliada) nesta semana, alegando preocupações com as eleições presidenciais que serão realizadas no mês que vem. Isso, de certa forma, representa um alívio para o governo Lula, que se livrou de uma tremenda saia-justa diplomática.

A visita tinha como pretexto negócios comerciais, mas seria inevitável que a política entraria em pauta. Na conferência da ONU sobre o racismo, realizada em Genebra no mês passado, Ahmadinejad (conhecido por negar o Holocausto e pregar a destruição de Israel) fez um incendiário discurso que causou imenso mal-estar, e pegou mal até para o governo brasileiro, que disse condenar tais ditos e que afirmaria o compromisso do Estado brasileiro com a liberdade racial e os direitos humanos durante a visita do presidente iraniano. Mas será que Lula faria isso mesmo, por mais que vários setores da opinião pública protestassem contra a visita? Afinal, quem conhece o presidente brasileiro sabe que ele dificilmente se arriscaria a melindrar potenciais aliados - por outro lado, arriscaria-se, e muito, a perder milhares de votos ao não questionar os métodos governamentais iranianos.

Com o cancelamento da visita de Ahmadinejad, o governo brasileiro respira aliviado, ao menos por ora. Se ele se reeleger no mês que vem, é provável que a sua turnê pela América do Sul volte a ser cogitada - e, aí, será difícil escapar da saia-justa.

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