16.12.09

A DIREITA ENVERGONHADA


Como escrevi anteriormente, talvez o Brasil seja o único país pertencente ao mundo civilizado (portanto, Bolívia, Cuba e Venezuela não contam) a não ter partidos políticos de tendência conservadora. Os que eram assim vistos buscam "adaptar-se" aos novos tempos politicamente corretos, buscando ser mais, digamos, aceitos pela nova sociedade brasileira. A era lulista, com seus altos índices de popularidade, contribui para isso - vide o Partido Progressista (PP) e o Partido da República (PR), este último resultado da fusão do PL com o PRONA; os dois partidos são dos mais entusiasmados aliados do governo Lula. A oposição, definitivamente, não está funcionando no intento de parecer ativa, como a esquerda era até 31 de dezembro de 2002.

O partido oposicionista mais identificado com o conservadorismo, o Democratas (DEM), se afunda cada vez mais na própria incompetência, evidenciando estar nada acostumado com sua distância do poder - em nada lembrando a época em que ainda se chamava PFL e fazia parte da base do governo federal. Antes disso, sua base, que havia deixado o PDS (atual PP) em 1985 para apoiar a eleição de Tancredo Neves, fazia parte da ARENA, partido da situação durante o regime militar e extinto durante a abertura política. Mesmo tendo feito parte de uma ditadura, o então Partido da Frente Liberal poderia ser uma boa opção para quem queria fugir de um esquerdismo pseudoprogressista caso apresentasse uma boa proposta de governo. Mas, cada vez mais, demonstrava não ter autossustentação em caso de saída do poder, o que se evidenciou com a eleição de Lula em 2002 e os programas sociais de viés populista do atual governo.

Após as eleições de 2006, depois de eleger o menor número de deputados em muito tempo e apenas um único governador, o PFL tentou se adaptar "aos novos tempos". Mudou o seu nome para Democratas e baseou-se num programa que privilegiasse uma vida sustentável. Ou seja, virou uma metamorfose ambulante que ninguém entendeu até hoje. Não ganhou a simpatia dos "progressistas" e ainda afastou os conservadores que lhe davam votos. Resultado: novos fiascos eleitorais à vista.

Mas não há nada tão ruim que não possa piorar: o recente escândalo envolvendo o único governador do DEM (José Roberto Arruda, do Distrito Federal, que já saiu da agremiação) pode ter sido a pá de cal nas pretensões do partido em crescer eleitoralmente no futuro. Porém, há a grande oportunidade de os conservadores de verdade deste país mostrarem a que vieram. Para 2010 não dá mais, mas há uma grande oportunidade de fundar um partido que concorra nas eleições municipais de 2012. Um partido que, enfim, atenda aos anseios da maioria dos nossos eleitores.

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