Não é de hoje que existe o chamado voto de protesto, para que os eleitores mostrem estar insatisfeitos com o processo eleitoral. São famosas as histórias do rinoceronte Cacareco, "eleito" vereador em São Paulo nos anos 50, e do macaco Tião, que teria acabado em terceiro lugar na eleição para prefeito do Rio, em 1988. Mas a adoção do voto eletrônico, em 1996, foi acabando com o hábito do eleitor mais galhofeiro de colocar o nome de um candidato inexistente na cédula para colocar na urna. Mas uma tendência surgida desde então parece alcançar seu auge neste ano: os chamados "candidatos que buscam assumidamente votos de protesto", sem nenhuma proposta que seja convincente ao eleitorado. E o pior é que vários deles têm chances reais de serem eleitos.
Um aviso já tinha sido dado em 2006, quando o estilista e apresentador de TV Clodovil Hernandez foi eleito deputado federal em São Paulo, pelo nanico PTC (mudaria-se para o PP pouco antes de sua morte, em 2009). Neste ano, porém, a coisa está feia para quem quer seriedade na política: candidatos de todos os tipos, entre humoristas, ex-BBBs e gente sem nada melhor pra fazer tentam ganhar o seu voto, amigo eleitor que é a favor do contrário de tudo isso que aí está. O símbolo maior desse estado de coisas é outro candidato a deputado federal por São Paulo: Tiririca, do PR, que pede votos dizendo querer ser eleito exatamente para conhecer as funções de um deputado federal e tendo como slogan "Pior do que está, não fica". Ledo engano: como percebemos, sempre pode piorar.
O voto em papel parou de ser usado, oficialmente, em 2000 (só é utilizado quando as urnas eletrônicas titular e reserva quebram). Dez anos depois, porém, o voto de protesto ainda pode ser largamente utilizado. Com a diferença de que tais votos "engraçadinhos", outrora inofensivos, podem render eleitos. As consequências disso podem ser imprevisíveis.
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