À medida em que mais denúncias de corrupção no governo vêm à tona pelos jornais e pela TV, cresce a certeza de que o que o PT menos preza é a liberdade de imprensa. Minto: só preza essa liberdade quando é para denunciar os outros, como houve no caso que levou ao impeachment de Collor, em 1992, ou nas notícias sobre a compra de votos que levou à aprovação da emenda da reeleição durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, em 1997.
Desde 2005, a imprensa cumpre o papel que é dado ao denunciar os inúmeros casos de corrupção do governo Lula (mensalão do José Dirceu, quebra de sigilo pelo Palocci, dólares na cueca de um assessor do Genoino, mais quebras de sigilo bancário, favorecimento pela Erenice Guerra...) e os governistas, aqueles que simpatizavam com a imprensa quando das denúncias contra governos anteriores, gritam "Golpismo!" da mesma forma que gritavam "Fora Sarney!", "Fora Collor!" e "Fora FHC!". O curioso é dois desses ex-presidentes, hoje, são aliados do atual governo.
O próprio presidente Lula contribui para esse estado de coisas, escorado pelos índices recordes de popularidade. Para usar uma frase famosa dele, nunca antes na história deste país um presidente foi tão intrometido no que se refere a eleger seu sucessor. Em 1994, Fernando Henrique teve o apoio do então presidente Itamar Franco, que teve papel discreto na sucessão - o mesmo se aplica ao próprio FHC na eleição de 2002, em que o candidato governista era o mesmo José Serra de hoje. Não se sabe se Serra teria mais chances de ser eleito há oito anos se Cardoso tivesse se empenhado mais na campanha, mas não podemos negar que o então presidente teve o papel digno que Lula não está tendo hoje.
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