25.9.10

Uma eleição real. Em todos os sentidos



As eleições de 1994 se realizaram e eu quase participei - fiquei por um ano, pois tinha 15 na época, e a idade mínima para um eleitor brasileiro é de 16. Ainda que sem poder votar, mais uma vez acompanhei o processo eleitoral. Pela primeira vez, os eleitores poderiam eleger presidente e governador no mesmo ano. Além disso, cada um poderia votar também em dois candidatos ao Senado, num deputado federal e num deputado estadual.

Dois anos depois da queda de Collor, o governo Itamar Franco lançou, através do ministro da Economia, um plano para conter a inflação e revitalizar a economia brasileira. Esse plano previa a troca da moeda (a quinta em oito anos), mas desta vez essa unidade monetária se mostraria mais forte e resistente. O plano deu certo e esse ministro se prontificou a candidatar-se à presidência da República. Ele era Fernando Henrique Cardoso, candidato pelo PSDB.

Ao contrário do exagero de 22 candidatos das eleições de 1989, em 1994 apenas oito candidatos se prontificaram a disputar a cadeira presidencial. Antes da campanha de fato começar, o favorito era o segundo colocado da eleição anterior, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas o sucesso do Plano Real, alavancado por uma onda de euforia que varria o país na época (o Brasil tinha sido campeão mundial de futebol depois de 24 anos, além de ser campeão mundial feminino de basquete), ajudou a campanha de Cardoso, eleito no primeiro turno com 34.364.961 votos (54,27% dos votos válidos), com Lula em segundo, com 17.122.127 votos (27,04%). Uma surpresa apareceu na terceira posição: Enéas Carneiro, do PRONA, conseguiu 4.671.457 votos (7,38%), na frente de nomes conhecidos da política brasileira, como os ex-governadores de São Paulo, Orestes Quércia (PMDB); do Rio, Leonel Brizola (PDT); e de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPR, atual PP). Os demais candidatos eram Carlos Antônio Gomes (PRN, atual PTC) e Hernâni Fortuna (PSC).

A consagração tucana na eleição presidencial se refletiu em grande parte da eleição para governador nos estados: vários importantes elegeram governadores do PSDB (como Mário Covas em São Paulo, Eduardo Azeredo em Minas, Marcello Alencar no Rio e Tasso Jereissati no Ceará) ou aliados (como o baiano Paulo Souto e a maranhense Roseana Sarney, pelo PFL). No Rio, oito candidatos disputaram o governo do estado, como o ator Milton Gonçalves, candidato pelo PMDB, e o general Newton Cruz, do extinto PSD. O segundo turno foi entre o candidato da situação, Anthony Garotinho (PDT), ex-prefeito de Campos dos Goytacazes, e o apoiado pelo governo federal, Marcello Alencar (PSDB), ex-prefeito do Rio e primeiro colocado no primeiro turno com 37,2% dos votos válidos (Garotinho teve 30,4%). No segundo turno, Alencar obteve 3.537.866 votos (56,1%), e Garotinho recebeu 2.771.074 votos (43,9%). No estado, os senadores eleitos foram Artur da Távola (PSDB) e Benedita da Silva (PT).

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