18.3.11

Um momento decisivo (e perigoso) na Líbia


Com o avanço das tropas lideradas pelo ditador líbio Muammar Kadafi contra os rebeldes do país rumo à cidade de Benghazi, a ONU aprovou ontem uma resolução que impõe uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia. Isso exclui todos os voos sobre o país, exceto os de ações humanitárias. A medida visa a proibir bombardeios das forças leais a Kadafi sobre civis, mas também serve para que, finalmente, o ditador possa ser derrubado por uma coalizão de forças armadas europeias com a ajuda dos Estados Unidos.

É algo considerado arriscado, considerando-se eventos anteriores como a Guerra do Iraque, iniciada em 2003 graças a falsos rumores de existência de armas de destruição em massa em posse do então ditador Saddam Hussein. Nem é preciso ir tão longe para achar um precedente parecido: os ataques de forças da OTAN à Iugoslávia de Slobodan Milosevic, em 1999, para tentar interromper o massacre de civis de origem albanesa na região de Kosovo. Vários erros foram cometidos pelas forças ocidentais nessas duas guerras, apesar das intenções, e nada que sejam cometidas agora em território líbio, mesmo que seja para derrubar uma ditadura longeva como a de Kadafi.

O que chama a atenção, contudo, é a forma com que essa notícia vem sendo recebida pela opinião pública internacional. Fosse um republicano como o ex-presidente George W. Bush a liderar os norte-americanos, certamente haveria um quebra-pau generalizado no mundo inteiro. Como é o democrata Barack Obama, tem gente que acha a normalidade que não acharia se fosse John McCain o presidente. Outra coisa também chama a atenção: perceberam como Kadafi ficou calminho ao saber da notícia da zona de exclusão aérea sobre o seu país?

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