UM PISÃO NA CORREÇÃO POLÍTICA

• Filme: Watchmen, o Filme (Watchmen, Estados Unidos, 2009)
• Direção: Zack Snyder
• Elenco: Malin Akerman, Billy Crudup, Matthew Goode, Jackie Earle Haley, Jeffrey Dean Morgan, Patrick Wilson, Carla Gugino, Matt Frewer

A adaptação do romance gráfico Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons, que tinha a fama de infilmável (pelo menos para os leitores e fãs da saga lançada em 1988), faz seu papel com dignidade para grande parte entre os que leram. Para os que não leram, dentro os quais me incluo, é garantia de bom entretenimento e vontade de ler a HQ que originou a produção. Isso é garantido pela bem qualificada versão cinematográfica, nos moldes de 300 (2006), baseado na HQ de Frank Miller e Lynn Varley, adaptado pelo mesmo Snyder.

O grande mérito do filme é não se render ao politicamente correto que grassa aos borbotões nos dias de hoje. No início do filme, o Comediante, integrante do grupo de heróis conhecidos como Vigilantes, é assassinado. Ele era conhecido por ser, digamos, pouco ortodoxo no trato com aqueles que combatia e por ter ideias pouco convenientes. Mesmo assim, era visto como uma espécie de norte moral entre seus companheiros, e também era o mais experiente de todos. Isso contava muito numa distópica América da metade dos anos 80, em que Richard Nixon estava em seu terceiro mandato, os Estados Unidos estavam em constante tensão com a União Soviética e ainda curtiam as benesses de sua vitória na Guerra do Vietnã - obtida graças à valorosa ajuda dos próprios Vigilantes, em especial o Comediante e Dr. Manhattan, resultado de um acidente numa experiência.

Caberá ao mesmo grupo investigar as origens do crime que vitimou o Comediante - que escondia, na verdade, algo muito maior e mais complexo, e que mudará para sempre os destinos da Humanidade: para obter a paz, às vezes pode ser preciso fazer algumas coisas erradas...