9.2.07

O HORROR, O HORROR



O brutal assassinato por bandidos do menino João Hélio Vieites, de seis anos, na noite de quarta, na Zona Norte do Rio, escancara um assunto obrigatório nos dias de hoje: a "socialização" da bandidagem no nosso cotidiano.

Desde o fim da ditadura militar brasileira, em 1985, os que sofreram nas mãos dos militares durante duas décadas fizeram de tudo para afrouxar as penas criminais no Brasil. A Constituição de 1988, se por um lado trouxe iniciativas louváveis, por outro contribuiu indiretamente para a escalada do crime, como a supressão da prisão perpétua e proibição de criminalização para menores de idade - o Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1991, só piorou essa situação.

Alguns setores da sociedade insistem em colocar na desigualdade social a culpa pela escalada da violência - não só no Rio, mas no Brasil inteiro. Ora, a culpa é da nossa legislação, do Código Penal caduco, da imobilidade de nossas autoridades, da nossa passividade! Sim, nós também temos uma parcela de culpa nesse estado de sítio em que vivemos. Se fôssemos um pouco mais ágeis e votássemos direito, e fiscalizássemos as autoridades (políticas e policiais), a situação não estaria tão feia. Se não esperássemos migalhas (isso ocorre no Rio há duas décadas e meia), se pescássemos ao invés de esperarmos o peixe vir a nossas mãos, seria bem diferente.

O que ocorre no Brasil há 22 anos, desde que o regime militar acabou, é uma versão mais lenta do que aconteceu em 2003 no Iraque, quando o ditador Saddam Hussein foi derrubado pelas forças anglo-americanas - a baderna dos que eram oprimidos, atingindo toda a sociedade. A "brizolização" da política, que colocava o pobre e favelado como herói da sociedade, mostra-se ineficiente e inexplicavelmente usada até os dias de hoje.

Com o que ocorre há tempos, não será suficiente uma nova política de segurança: o brasileiro terá que se reinventar. Discutir a prisão perpétua, a redução da maioridade penal, se possível até a pena de morte (apesar desta não ser do meu agrado). As prisões federais de segurança máxima, novinhas em folha, são boas, porém insuficientes para o combate ao crime. Crimes hediondos exigem isolamento total, o que definitivamente não ocorre nas nossas prisões.

Não basta gritar "Basta!". É hora de agir. Levará tempo, mas valerá a pena.

2 comentários:

patricia m. disse...

As prisoes de seguranca maxima no Brasil sao ridiculas. Para comecar, o sujeito nao pode ficar muito tempo na solitaria. Por que nao? Depois, ha contato deles com o mundo ca fora. Visita intima??? Isso eh a coisa mais ridicula do mundo. Temos que avisar aos caras que eles estao PRESOS, PRESOS, sabe o que isso significa??? E deveriam trabalhar, os vagabundos, para pagar pelo que comem, bebem, e usam na prisao. As prisoes deveriam ser praticamente autosuficientes, usando ajuda minima do governo.

Esse tipo de movimento que o carioca adora, como o "Sou da Paz", nao vale um vintem furado. Continuem desfilando como se estivessem em um carnaval... ate que a realidade tragica bate a sua porta.

Daniel F. Silva disse...

Realmente, esse é o problema dos brasileiros: eles se contentam com pouco. A situação é grave e deve ser combatida com ação constante e incansável.

O complicado é que muitos políticos parecem fazer questão de que permaneça assim. Isso porque estão sempre à cata de votos. O dia em que algum político priorizar a ação em detrimento da eleição, vai entrar pra História.