Este fim de semana é marcado por duas ofensivas que certamente ainda darão muito o que falar. No Oriente Médio, o Exército de Israel vem atacando seguidamente a Faixa de Gaza, visando a acabar com os ataques de foguetes do grupo terrorista Hamas ao sul israelense. Isso acaba por resultar na morte de muitos civis, pelo fato de os militantes se misturarem à população de Gaza.
Os fatos, combinados às polêmicas declarações do vice-ministro de Defesa de Israel, alertando para a possibilidade de "holocausto" para os palestinos caso não parem de atacar o sul dos vizinhos (a palavra, no caso, foi usada no sentido de "desastre" e não de "genocídio", mas o estrago já estava feito), provocam um frisson generalizado em vários setores da sociedade, principalmente naqueles mais à esquerda, que vivem a comparar as ofensivas israelenses em relação aos palestinos com a opressão dos nazistas sobre os judeus, na época da Segunda Guerra Mundial - no que é uma tolice colossal. Há vários argumentos para afirmar isso. Não é intenção dos israelenses dizimar a população palestina ou mesmo muçulmana, ao contrário do que os comandados de Hitler queriam fazer com os judeus nos anos 30 e 40 do século passado (se bem que alguns líderes de países árabes e muçulmanos já quiseram ou querem exterminar os israelenses - Gamal Abdel Nasser e Mahmoud Ahmadinejad que o digam...). Nunca foi comprovado que os israelenses tenham realizado experimentos físicos usando os palestinos como cobaias humanas. Em território israelense, árabes e muçulmanos têm direito a voz, voto e representação política - algo que passava longe da população judaica em grande parte da Europa, na época do nazismo.
Há um certo exagero e uma clara desorganização na ofensiva israelense em curso, isso é fato - basta ver a grande quantidade de palestinos mortos em comparação ao de israelenses (algo que ocorreu também nos combates entre os israelenses e o Hezbollah, no ano retrasado). Mas a verdade é que Israel, em 2005, deixou Gaza depois de 38 anos de ocupação (numa saída que foi rejeitada pela grande maioria dos colonos judeus ali residentes) e, três anos depois, o Hamas (grupo do primeiro-ministro palestino Ismayil Haniyeh, baseado no enclave palestino) continua sendo financiado por iranianos e sírios (que também financiam o Hezbollah, no sul do Líbano, ao norte de Israel) e atirando foguetes em direção ao sul israelense. O fato é que não há a menor boa vontade do lado dos palestinos do Hamas, que acham que a paz apenas virá assim que o Estado de Israel for destruído com a ajuda de Alá... Nem mesmo há a menor possibilidade de desocupação das colônias judaicas da Cisjordânia, mesmo que ela esteja no momento nas mãos do Fatah, grande rival do Hamas. Nunca se sabe o que poderá acontecer.
A outra ofensiva em curso é mais perto daqui - mais exatamente entre Equador, Colômbia e Venezuela. O primeiro acusa o segundo de ter invadido seu território para uma operação militar que resultou na morte do número dois das FARC, Raúl Reyes. O terceiro (na figura de seu presidente, Hugo Chavez) tomou as dores de seus aliados equatorianos e a situação está tensa por essas bandas. O Equador retirou seu embaixador da Colômbia e expulsou de seu território o representante do país vizinho.
Confirmando-se o que foi descrito pelos próprios equatorianos, concluo: a Colômbia não poderia ter feito a coisa mais certa. Todos sabem que as FARC mantêm centenas de reféns no meio das matas, fazendo todo tipo de chantagem para obter o que querem - vide o caso da ex-candidata à presidência colombiana, Ingrid Betancourt. Não por acaso, contam com o apoio de Chavez e de seu aliado, o presidente equatoriano Rafael Correa. O ataque colombiano foi o mais contundente contra o grupo terrorista em muito tempo, tanto que matou um dos mais poderosos homens do grupo. O governo de Alvaro Uribe nem precisava pedir desculpas formais ao Equador - o fez mais para evitar uma grave crise diplomática, mesmo.
Há muitos por aqui que defendem as FARC, como também há os que defendem o Hamas. Em comum, o fato de verem nos dois grupos terroristas a salvação para "combater os lacaios do imperialismo". Mas não pode haver simpatia àqueles que querem impor o terror. Por mais exagero que haja para combater estes e outros grupos, por mais vidas civis e inocentes que acabem sendo sacrificadas, não se negocia com terroristas.
Um comentário:
Quem defende FARC e Hamas merece viver nas zonas de conflito. Nao merece?
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