11.10.08

UM SEGUNDO TURNO SEM DEFINIÇÕES... EM TODOS OS SENTIDOS


A foto ao lado poderia simbolizar mais uma aliança eleitoral, de apoio dos governos federal e estadual, num segundo turno de eleição municipal - não fosse por um pequeno detalhe: o fato de Eduardo Paes, o candidato apoiado pelo governador e pelo presidente, ter detonado o governo federal há três anos, quando ele foi um dos destaques das CPIs que investigavam denúncias de corrupção naquele momento, assim como também quando candidato ao governo do estado do Rio, pelo PSDB, em 2006.

Possivelmente de olho em cargos num futuro governo (algo parecido com o que ocorreu há dois anos, em que o próprio Eduardo Paes, contrariando determinações de seu partido na época, decidiu apoiar Sérgio Cabral Filho no segundo turno da eleição para governador), partidos das bases estaduais e federais decidiram apoiar Paes no segundo turno contra Fernando Gabeira - que, por sua vez, optou por procurar eleitores ao invés de políticos, no que faz muito bem.

Mas voltemos ao assunto causado pela foto que ilustra este post. Diferentemente do que havia em eleições anteriores, parece que apoios de políticos não vêm interferindo tanto na escolha dos eleitores. Independentemente de alianças que pareçam estapafúrdias (como o apoio do PCdoB e da cúpula regional do PT ao candidato peemedebista à prefeitura do Rio), a atenção do eleitor está nas propostas dos candidatos. Os vários debates que haverá até o dia 24 certamente serão acompanhados com atenção e ajudarão a moldar a escolha do eleitorado.

O que chama a atenção é o total desprendimento de ideologias neste segundo turno carioca. Faz tempo que não há divisões entre direita e esquerda na política como um todo, e em alguns aspectos as correntes até chegam a se misturar (alguns esquerdistas mais radicais ainda se recusam a perceber isso), mas no Rio isso fica mais evidente. O PMDB é um partido de centro (na base de todos os governos federais desde a redemocratização), e Eduardo Paes não é exatamente um militante de esquerda - mas vários partidos de esquerda (como o PCdoB e o PSB) o apóiam. O PV e Gabeira são esquerdistas históricos, mas têm o apoio de setores liberais da política como os partidos que o acompanham na coligação (PSDB e PPS) e - particularmente neste segundo turno, de olho nas eleições federais e estaduais de 2010 - parte da cúpula do DEM, assim como de vários outros militantes de esquerda, como o arquiteto Oscar Niemeyer e a senadora Marina Silva (PT-AC). Vários que não morrem de amores pela esquerda, como é o caso deste que vos escreve, votaram e/ou votarão em Gabeira para prefeito do Rio neste ano.

Isso se explica por causa da situação calamitosa em que o Rio se encontra. Desde o início da campanha, a candidatura de Gabeira vem discutindo com os eleitores como melhorar a cidade, conquistando-os aos poucos. E isso ocorre de tal forma que nada parece abalar a candidatura, nem mesmo uma declaração meio fora de hora do candidato em relação a uma vereadora eleita (a mais votada da cidade), que faz parte de sua coligação e tem base na Zona Oeste, região em que Gabeira teve seu mais fraco desempenho.

De todo modo, as eleições no Rio estão totalmente indefinidas - em todos os sentidos. Mas, pra não perder o costume, vamos colocar o favoritismo no colo do Eduardo Paes...

P.S.: Validaram os votos de Arnaldo Vianna (PDT) em Campos. Ou seja, haverá segundo turno entre ele e Rosinha Matheus (PMDB), que já cantava vitória no primeiro turno. Ainda há esperança.

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