6.3.09

O CULPADO FEZ O BEM E O INOCENTE O MAL


Vocês devem estar sabendo desse caso da excomunhão, pelo arcebispo de Recife e Olinda (foto), dos médicos que fizeram um aborto em uma menina de nove anos (que havia sido violentada pelo padrasto), além da família dela. É mais um caso de intransigência religiosa que atravessa todas e quaisquer fronteiras do bom senso. Mas não para por aí: é um caso de tentativa de homicídio em nome da fé.

Como sabem, o aborto é admitido por lei no Brasil em casos de estupro ou risco de vida da mãe - e os dois casos existiam, o que fazia com que o ato de abortar fosse plenamente justificável. Além do ato de pedofilia com requintes de crueldade (com o perdão da redundância), a menina estava grávida de gêmeos, o que configurava um altíssimo risco para um corpo que ainda nem está na metade do seu desenvolvimento. Mais do que uma ou duas, eram três vidas que estavam em risco. Os médicos optaram por salvar uma delas, no que estão de parabéns.

O pior disso tudo é que, ao passo que excomunga os médicos e a família da menina, o arcebispo não fará o mesmo com o padrasto dela, causador dessa situação toda. Ele afirma que o ato de abortar é mais grave do que o próprio estupro, por atentar contra vidas humanas. Ou seja, quem fez o mal foi declarado inocente "pelas leis divinas" e quem fez o certo será condenado à perdição. Enfim, uma lógica torta bem ao gosto dos setores ultraconservadores católicos.

Um comentário:

patricia m. disse...

Ei, eu gostei da posicao do Reinaldao sobre o tema, ele me convenceu. Da uma olhada depois no que ele escreveu sobre o assunto.