3.2.10

PRECISAVA MESMO INDICAR DEZ FILMES?!



O Oscar edição 2010 está aí e uma certa polêmica se dá com a decisão (anunciada no ano passado) da Academia de Artes Cinematográficas de indicar nada menos que dez produções para o prêmio de melhor filme - algo usual até os anos 1940. Com cinco filmes, até dava para definir quais seriam as melhores produções da temporada passada com maior convicção; com dez, fica parecendo (isso se não for realmente) estratégia para os espectadores assistirem ao maior número de filmes no mês pré-cerimônia. Alguns dos indicados ao prêmio de melhor filme têm apenas mais uma indicação (como Um Sonho Possível, que também concorre ao prêmio de melhor atriz, com Sandra Bullock, e Um Homem Sério, que concorre a melhor roteiro original, escrito pelos irmãos Coen), fazendo com que as chances de ganhar o prêmio máximo sejam praticamente nulas.

Porém, se a intenção era valorizar um cinema mais comercial que tenha surpreendido positivamente (como que querendo reparar a injustiça sofrida por Batman, o Cavaleiro das Trevas no ano passado) com uma indicação ao Oscar de melhor filme, essa estratégia da Academia pode ter sido bem sucedida. A indicação de Distrito 9 ao prêmio principal, por exemplo, valoriza uma ficção científica instigante e surpreendente, alegorizando a época do apartheid no país que o produziu, a África do Sul. Já a de Up: Altas Aventuras (a segunda de um longa de animação ao Oscar de melhor filme, depois de A Bela e a Fera em 1992) consagra um grande sucesso popular, que atinge todas as idades. Isso sem falar de Bastardos Inglórios, que mostra um Tarantino mais afiado do que nunca.

Serve de curiosidade o fato de, pela primeira vez depois de 11 anos, dois filmes sul-americanos (o argentino O Segredo de Seus Olhos e o peruano A Teta Assustada, vencedor do Urso de Ouro do ano passado, no Festival de Berlim) serem indicados ao prêmio de melhor filme em língua estrangeira - concorrem com o israelense Ajami (é o terceiro ano seguido em que um filme de Israel concorre nessa categoria), o francês Um Profeta e o grande favorito, o alemão A Fita Branca, que também foi indicado a melhor fotografia. A surpresa se deve a uma política informal da Academia de não indicar dois filmes de uma mesma região específica a filme estrangeiro - a última vez em que isso havia ocorrido foi em 1999, quando o brasileiro Central do Brasil e o argentino Tango perderam para o italiano A Vida É Bela.

Fico me perguntando quais seriam os indicados ao prêmio de melhor filme se ainda fossem apenas cinco os concorrentes, ao invés de dez. Levando-se em consideração o número de indicações obtidas por cada filme, o meu palpite seria de que os indicados seriam, por coincidência, os mesmos que foram indicados ao prêmio de direção: Avatar, Guerra ao Terror, Bastardos Inglórios, Preciosa e Amor sem Escalas. Digo que o Oscar será ganho por um destes cinco filmes. E afirmo, sem o menor medo de errar, que vou fazer essa brincadeira enquanto houver dez indicados ao Oscar de melhor filme...

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