8.11.08

McCAIN CONTRA O LIMBO



Você, brasileiro com cerca de 30 anos de idade, já ouviu falar em Walter Mondale? Ou em Michael Dukakis? Ou em Bob Dole? Ainda se lembra de John Kerry?

Pois é. O senador republicano John McCain, recentemente derrotado por Barack Obama nas eleições presidenciais norte-americanas, terá que lutar contra uma escrita: a de ser esquecido pela opinião pública mundial nos anos seguintes à eleição. À exceção de Al Gore, derrotado em 2000 por George W. Bush (consagrado como grande estrela da causa ambiental e vencedor do Prêmio Nobel da Paz anos mais tarde), todos os candidatos derrotados na corrida pela Casa Branca nas últimas três décadas, pelo menos (contanto que não estivessem tentando a reeleição), caíram no esquecimento mundo afora.

Em 1972, o democrata George McGovern perdeu para o reeleito Richard Nixon, que renunciaria dois anos mais tarde, graças ao escândalo do Watergate. Nixon foi substituído por Gerald Ford, que perderia em 1976 para Jimmy Carter - que, por sua vez, desgastado pela Revolução Iraniana e pelo seqüestro de terroristas à embaixada norte-americana em Teerã, perderia em 1980 para Ronald Reagan. O ex-ator e ex-governador da Califórnia, considerado até hoje um dos melhores presidentes da história dos Estados Unidos, teve uma reeleição consagradora em 1984, derrotando o democrata - e vice de Carter - Walter Mondale, que pelo visto concorreu só pra cumprir tabela. A onda republicana que varreu os anos 80 beneficiou o vice de Reagan, George Bush - pai do atual presidente. Em outra eleição fácil, venceu Michael Dukakis, outro que despontou rumo ao anonimato.

Em 1992, Bush Sr. tentou se reeleger, mas perdeu para o democrata Bill Clinton. Em 1996, Clinton "aposentou" o senador por Kansas, Bob Dole. Em 2000, a única exceção entre os derrotados: o vice de Clinton, Al Gore, perdeu no Colégio Eleitoral para George W. Bush, mas levou a fama por onde passou, consagrando-se como defensor de causas ambientais. Em 2004, John Kerry, senador por Massachusetts (assim como era Dukakis), tentou tirar Bush pelo voto, mas não obteve êxito. Quatro anos depois, quase ninguém de fora dos Estados Unidos se lembra dele - assim como ocorre com McGovern, Mondale, Dukakis, Dole... e pode ocorrer com McCain.

Isso se deve, concluo, pela alta rotatividade existente na política norte-americana. O cenário político da nação mais rica do planeta parece se renovar a cada ciclo presidencial. Enquanto isso, aqui no Brasil, temos candidatos com chance real de se eleger por quatro ou cinco eleições seguidas, e nas próximas discute-se sobre o nome de alguém que perdeu há seis anos. Com uma política que quase não se renova, fica difícil pensar em novidades.

Nenhum comentário: