4.10.10

O grande duelo político brasileiro começa agora

O segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), pode ser entendido como um sinal de que parte do eleitorado brasileiro dá importância à experiência administrativa de cada candidato, enquanto outra parte está agradecida pelas conquistas sociais do governo Lula - tanto que deu ao atual governo grande parte do Congresso Nacional. Ou seja, Dilma certamente contará com a maioria caso eleita, enquanto Serra terá que negociar - se bem que, no caso do PMDB, isso não deverá ser muito difícil. A tendência, apesar da boa vantagem da candidata da situação, é de forte equilíbrio, visto que a candidatura de Marina Silva (PV) cresceu muito na reta final e, com isso, a candidata verde passa a ter seu apoio cobiçado pelos dois finalistas, pois ele pode ser decisivo.

Muitos estados corroboraram o atual governo, como Pernambuco (que reelegeu, com larga margem de votos, o governador Eduardo Campos, do PSB, com 82,84%, e ainda elegeu dois senadores governistas: Armando Monteiro, do PTB, e Humberto Costa, do PT, desbancando Marco Maciel, do DEM) e Bahia (o mesmo em relação a Jaques Wagner, do PT, que teve 63,83%, ajudando a eleger senadores Walter Pinheiro, também do PT, e Lídice da Mata, do PSB).

Mas os dois maiores colégios eleitorais do país reafirmaram suas opiniões, na contramão do governo federal. Em São Paulo, Geraldo Alckmin foi eleito governador pela segunda vez, com pouco mais da metade dos votos válidos (50,63%), recuperando-se de fracassos eleitorais recentes; além disso, o também tucano Aloysio Nunes surpreendeu gratamente na corrida pelo Senado, obtendo o maior número de votos, desbancando o então favorito Netinho de Paula, do PCdoB (a outra senadora eleita, de forma até esperada, é a petista Marta Suplicy; aliás, são prometidas fortes emoções no Senado Federal a partir do ano que vem, já que um dos colegas de Marta é seu ex-marido Eduardo Suplicy). Em Minas Gerais, graças a um crescimento avassalador, o governador Antônio Anastasia, também do PSDB, foi reeleito também no primeiro turno, com 62,72% (com forte apoio do correligionário Aécio Neves, eleito senador e que faz um nome forte para 2014, caso Dilma confirme o favoritismo na eleição presidencial; o outro senador eleito é o ex-presidente Itamar Franco, do PPS).

Além disso, vários outros estados elegeram governadores de oposição no primeiro turno, como Paraná (Beto Richa, do PSDB, com 52,44%, apesar de os senadores eleitos serem de partidos governistas: Gleisi Hoffmann, do PT, e Roberto Requião, do PMDB), Rio Grande do Norte (Rosalba Ciarlini, do DEM, com 52,46%; o estado reelegeu como senadores Garibaldi Alves Filho, do PMDB, e José Agripino, também do DEM) e Santa Catarina (o senador Raimundo Colombo, do DEM, foi eleito com 52,72%; outro estado em que a oposição fez barba, cabelo e bigode, elegendo os senadores Luiz Henrique da Silveira, do PMDB, e Paulo Bauer, do PSDB).

No estado do Rio, foi a vez da afirmação do governo. O governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), como era de se esperar, foi reeleito com folga no primeiro turno, com 66,08% dos votos válidos (batendo os 61% da vitória de Leonel Brizola em 1990), tornando-se o primeiro governador reeleito da história do estado (também tinha se tornado o primeiro governador fluminense a tentar a reeleição). Além disso, Lindberg Farias (PT), ex-prefeito de Nova Iguaçu, se elegeu senador, com outro governista (Marcelo Crivella, do PRB) sendo reeleito para o cargo, numa disputa empolgante com outro pró-Lula, Jorge Picciani (PMDB). O destaque negativo foi a pífia votação dada ao ex-prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), evidenciando a má fase de seu partido no estado - o Democratas elegeu apenas dois deputados federais (Arolde de Oliveira e o presidente nacional do partido, Rodrigo Maia) e uma deputada estadual (Graça Pereira).

No Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) foi eleito com 54,35%; no Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) se consagrou com 82,30%. Ou seja: pela primeira vez, todos os estados das regiões Sul e Sudeste elegeram seus governadores no primeiro turno.

Nos próximos dias, mais comentários sobre as eleições de 2010.

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