29.10.10

A patrulha PC ataca novamente


Já faz algum tempo que o Brasil anda de braços dados com o chamado pensamento PC (politicamente correto). Em 2005, por exemplo, o governo Lula tentou aprovar uma intragável cartilha que dizia o que deveríamos evitar falar no cotidiano para que, digamos, não feríssemos sensibilidades alheias - ao mesmo tempo em que o próprio presidente da República parecia fazer questão de transgredir as regras do próprio governo. A ideia era tão esdrúxula que, felizmente, não foi para a frente. Agora, o Conselho Nacional de Educação quer proibir que as escolas públicas indiquem o livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, por considerar seu conteúdo... racista.

O caso mostra como o mundo anda uma chatice só. Antes ninguém se importava - ou mesmo percebia - quando havia anedotas sobre minorias por aí. Agora, o não-me-toquismo impera geral (eu já tinha falado sobre esse assunto aqui) - e o que é pior, ainda sob os auspícios do governo. Sabemos que o preconceito é um mal que deve sempre ser combatido, mas tem gente que exagera - ou, no popular, viaja na maionese ao dar vez a velhas paranoias racialistas. O que se pensava a respeito de certos grupos em uma época era uma coisa e o que pensa hoje é outra inteiramente distinta, mas não se pode patrulhar determinada obra clássica por ter sido escrita (seja por Monteiro Lobato ou por um escritor qualquer da esquina) em uma era diferente. Senão, não teremos como pensar por nós mesmos. Mas parece que muitos não entendem isso, ou não querem que entendam.

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